Gliose - O que é?
O que é gliose?
A gliose, por vezes chamada também de microangiopatia cerebral, é uma doença vascular1 causada por obstruções nos pequenos vasos sanguíneos2 cerebrais. Embora frequentemente os dois termos sejam usados de maneira intercambiável, cada um deles se refere a uma situação diferente.
Gliose significa “proliferação fibrosa de células3 gliais”. Basicamente, é quando uma cicatriz4 se forma no sistema nervoso central5 (SNC6) e se expressa por pequenas manchas brancas na substância branca do cérebro7. A microangiopatia cerebral é o termo utilizado para se referir a esses pequenos vasos que estão danificados e, por isso, não funcionam adequadamente.
Quais são as causas da gliose?
Não se conhece exatamente as causas da gliose, mas sabe-se que ela ocorre em virtude da obstrução da microvascularização do cérebro7 (microangiopatia cerebral), levando à formação de pequenas cicatrizes8 na glia. Ela pode ocorrer em resposta a uma variedade de lesões9 no cérebro7, como trauma, isquemia10, inflamação11 e doenças neurodegenerativas.
Alguns dos fatores que podem contribuir para que isso aconteça são:
- envelhecimento natural do corpo;
- diabetes12;
- pressão alta;
- colesterol13 ou triglicerídeos altos;
- obesidade14;
- doenças cardíacas;
- apneia15 do sono;
- doença renal16 crônica;
- hábito de fumar;
- e consumo excessivo e frequente de bebidas alcoólicas.
Além disso, a gliose pode também acontecer devido a alterações genéticas e, por isso, algumas pessoas mais jovens podem apresentar essa alteração na ressonância magnética17.
Qual é o substrato fisiopatológico da gliose?
A gliose é constituída por pequenas cicatrizes8, geralmente relacionadas aos pontos do cérebro7 mais profundos que recebem menos oxigenação, glicose18 e irrigação do sangue19. Na gliose há uma proliferação excessiva de células gliais20 e um acúmulo de fibras gliais na área cerebral afetada.
O substrato fisiopatológico da gliose envolve a resposta de astrócitos21 e micróglia (tipos de células gliais20) à lesão22 ou estresse celular.
Os astrócitos21 fornecem suporte estrutural e metabólico aos neurônios23 e respondem a lesões9 cerebrais liberando uma variedade de moléculas sinalizadoras, incluindo citocinas24 e fatores de crescimento. A ativação dos astrócitos21 pode levar a um aumento da expressão de proteínas25 fibrilares, como a glial GFAP (fibrillary acidic protein), e a uma proliferação celular excessiva, resultando em um acúmulo de fibras gliais na área da lesão22.
A micróglia atua como o principal componente do sistema imunológico26 do cérebro7. A ativação dela também é uma resposta comum a lesões9 cerebrais e pode levar a uma liberação de citocinas24 inflamatórias e outras moléculas sinalizadoras que promovem a proliferação de células gliais20. A ativação prolongada da micróglia também pode levar a uma inflamação11 neural crônica, que tem sido implicada em várias doenças neurodegenerativas.
Leia sobre "Meningite27", "Hidrocefalia28", "Macrocefalia" e "Edema29 cerebral".
Quais são as características clínicas da gliose?
A gliose é um achado comum nas ressonâncias magnéticas cerebrais, principalmente nas pessoas com mais de 40 anos e/ou que tenham alguma doença crônica. Isso porque à medida que a pessoa envelhece, é normal que alguns pequenos vasos presentes no cérebro7 fiquem obstruídos, dando origem às pequenas cicatrizes8 no cérebro7, às vezes, levando ao surgimento de sintomas30 como dificuldade para andar, distúrbios urinários e diminuição da capacidade cognitiva31.
No entanto, apesar de corresponder à obstrução do fluxo sanguíneo nesses pequenos vasos, a ocorrência de gliose na maioria das vezes não representa problemas de saúde32, sendo considerada como manifestação normal da evolução.
A gliose não costuma apresentar sintomas30 específicos, mas pode estar associada a outras condições que podem causar sintomas30 neurológicos. Alguns dos sintomas30 associados à gliose incluem:
- dor de cabeça33;
- tonturas34;
- problemas de equilíbrio e coordenação;
- fraqueza muscular;
- problemas de visão35 ou audição;
- perda de memória ou problemas de cognição36;
- alterações de humor ou comportamentais;
- e convulsões.
Esses sintomas30 não são específicos da gliose e podem estar associados a outras condições neurológicas.
Como o médico diagnostica a gliose?
O diagnóstico37 é feito por meio da avaliação dos sintomas30 (se houver), do histórico de saúde32 e de exames de imagens. As imagens da ressonância magnética17 ou tomografia computadorizada38 do cérebro7 são específicas e permitem visualizar manchas ou pontos brancos característicos no cérebro7. Quando há áreas brancas mais extensas, significa que há confluência dos focos, o que gera uma preocupação médica um pouco maior.
Como o médico trata a gliose?
Na maioria das vezes, a gliose é um achado incidental de uma imagem feita por outro motivo e não necessita nenhum tratamento ou seguimento posterior. Contudo, se a gliose detectada tiver uma grande extensão, o médico pode solicitar outros exames com vistas a identificar a causa e empreender o tratamento apropriado. É importante que a pessoa mantenha sua eventual doença crônica sob controle e pratique hábitos sadios, como atividade física regular e dieta bem balanceada, para manter sob controle os possíveis fatores de risco.
Se a gliose estiver relacionada a uma causa subjacente bem definida, essa causa deve ser tratada pelos meios conhecidos. Também podem ser utilizados medicamentos para ajudar a controlar os sintomas30, como analgésicos39 para dor, anti-inflamatórios para reduzir a inflamação11 e anticonvulsivantes para controlar as convulsões. Em alguns casos, a cirurgia pode ser necessária para tratar a causa subjacente da gliose como, por exemplo, se ela estiver relacionada a um tumor40 cerebral.
Como evolui a gliose?
A gliose nem chega a ser considerada um problema de saúde32. No entanto, ela pode também representar perigo, dependendo do contexto de cada paciente, suas condições e fatores de risco. A evolução pode variar dependendo da causa subjacente e da extensão da lesão22.
Em muitos casos, a gliose pode ajudar a reparar o tecido41 cerebral danificado pela causa e promover a sua recuperação. No entanto, em outros casos, a gliose pode levar à formação de uma cicatriz4 no tecido41 cerebral, o que pode afetar a função cerebral e causar sintomas30 como perda de memória, problemas de concentração, distúrbios do movimento e convulsões.
Veja também sobre "Mitos e verdades sobre dor de cabeça33" e "10 sinais42 precoces da doença de Parkinson43".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente do site da U.S. National Library of Medicine.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.