Você já teve algum problema urinário e não sabia o nome dele? Conheça aqui os principais distúrbios urinários
Como funciona o sistema urinário1 normal?
Anatomicamente, o sistema urinário1 é composto pelos rins2, ureteres3, bexiga4 e uretra5. A urina6 é formada no interior dos néfrons7, nos rins2, daí flui para dentro dos ureteres3 e por meio deles chega à bexiga4, de onde ganha o exterior pela uretra5. Os dois rins2 filtram 1.000 a 1.500 ml de urina6 por dia, mas cada um deles é capaz de executar a função renal8 necessária à vida, se o outro é lesionado e se torna inoperante. A bexiga4, por sua vez, pode conter cerca de 300 a 500 ml de urina6. A excreção da urina6 regula a água presente no organismo, elimina os produtos de degradação e tóxicos, controla os eletrólitos9 e a pressão arterial10. Os rins2 funcionam como o principal órgão excretor, embora cerca de 400 a 500 ml de líquidos sejam perdidos através da pele11, dos pulmões12 e das fezes. O principal produto excretado pela urina6 é a ureia13 (25 a 30 gramas por dia), embora a creatinina14 e o ácido úrico também sejam normalmente excretados. A densidade específica da urina6 é de 1.015 a 1.025, quando a ingesta hídrica é normal.
O que são distúrbios urinários?
Chama-se distúrbio urinário a qualquer alteração do ato de produzir e/ou excretar a urina6, seja na quantidade, na frequência do ato de urinar, na densidade da urina6, na retenção ou incontinência15 dela, na presença de dor ou ardência ao urinar ou na presença de substâncias estranhas em qualidade ou quantidade, como células16, bactérias, sangue17, proteínas18, glicose19, ureia13, creatinina14, ácido úrico, etc.
Quais são os principais distúrbios urinários?
Os principais distúrbios urinários são:
- Anúria20: é a ausência da produção de urina6, geralmente por uma parada de filtração renal8. Muitas vezes esta ausência não é completa, mas se a quantidade de urina6 é muito pequena a condição é chamada pelo mesmo nome. Diz-se que existe uma anúria20 verdadeira quando a drenagem21 de urina6 é inferior a 100 mililitros por dia. Este nível de excreção prolongado é incompatível com a vida.
- Oligúria22: diminuição da produção de urina6, geralmente abaixo de 800 ml ao dia, podendo ser muito menos. Em nível pré-renal8 a oligúria22 se dá em resposta à má irrigação renal8, em situações como desidratação23, diarreia24, choque hipovolêmico25 ou grande hemorragia26. Em nível renal8 ela se deve, por exemplo, a uma deficiente irrigação renal8, medicações ou glomerulonefrite27, entre outras causas. A oligúria22 pós-renal8 é consequência de obstrução do fluxo urinário, que pode acontecer por hiperplasia28 prostática benigna, cálculos renais, tumores, etc.
- Disúria29: etimologicamente disúria29 seria qualquer dificuldade para urinar, mas o termo é mais usado quando há uma sensação de dor, ardor30 ou desconforto ao urinar. Ocorre mais comumente em mulheres, na maioria das vezes causada por uma infecção31 urinária, embora possa acontecer também em homens e tem uma grande variedade de causas.
- Poliúria32: refere-se a um excesso de urina6 (acima de 2,5 litros por dia), frequentemente acompanhada de aumento da frequência urinária. Pode ter causas endócrinas, como a diabetes33 ou o hiperparatireoidismo, por exemplo, ou dever-se a doenças renais ou outras.
- Polaciúria ou polaquiúria: aumento do número de micções34 em relação ao normal, com diminuição do volume da urina6, a cada vez. Este é um sintoma35 característico da cistite36 ou de doenças da próstata37, mas também ocorre fisiologicamente na gravidez38.
- Incontinência urinária39: a pessoa perde urina6 involuntariamente, de forma contínua ou intermitente40, espontânea ou por um esforço físico como rir, tossir, espirrar, etc. Em alguns casos a urgência41 em urinar é tão súbita e forte que não dá tempo de chegar ao banheiro. Ela pode dever-se a doenças que afetem o sistema urinário1, mas sua probabilidade aumenta com o envelhecimento e é pelo menos duas vezes mais comum em mulheres que em homens. Também a obesidade42, doenças neurológicas ou diabetes33 podem aumentar o risco de incontinência15.
- Retenção urinária43: é o acúmulo de urina6 na bexiga4 resultante da incapacidade real de eliminá-la. Pode dever-se a um aumento exagerado da próstata37, devido à hiperplasia28 prostática benigna ou ao câncer44 da próstata37, a infecções45, medicações anestésicas, pedras na bexiga4, cistocele46, estreitamento uretral47, etc.
- Infecções45 urinárias: é decorrente da presença de agentes infecciosos em alguma parte do sistema urinário1. As infecções45 urinárias principais do trato urinário48 inferior são as cistites, as prostatites e as uretrites e do trato urinário48 superior são a pielonefrite49, o abscesso50 renal8 e a nefrite51 intersticial52.
- Presença de substâncias estranhas na urina6: presença na urina6 de substâncias habitualmente não encontradas nela ou encontradas em quantidades diferentes das detectadas, tais como sangue17, bactérias, proteínas18, glicose19, ureia13, creatinina14, ácido úrico, etc.
De forma geral, os distúrbios urinários podem ser causados por malformações53 anatômicas, hereditárias ou congênitas54, por infecções45 diversas, por tumores benignos ou malignos e por cálculos das vias urinárias. Além desses fatores, diretamente ligados ao sistema urinário1, os distúrbios urinários podem também ser consequência de alterações nas estruturas anatômicas vizinhas, que repercutam sobre ele. Assim, várias condições ou doenças sistêmicas podem repercutir sobre os rins2 ou no sistema urinário1 restante, ocasionando distúrbios urinários. Entre eles, por exemplo, a desidratação23, a hipertensão arterial55, a diabetes33 e algumas doenças autoimunes56.
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas em parte dos sites da The British Association of Urological Surgeons (BAUS), da European Association of Urology e da Urology Care Foundation da American Urological Association.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.