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Couperose: o que é isso?

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O que é couperose?

A couperose não é considerada uma doença, mas uma variedade anatômica que consiste principalmente em um problema estético. Trata-se de um estado da pele1 ligado a problemas de microcirculação. Afeta basicamente os vasos sanguíneos2 da pele1 do rosto, consistindo na formação de pequenas varizes3 ou veias4 varicosas em diferentes partes do rosto, emprestando a elas uma aparência avermelhada.

Todas as pessoas podem apresentar esse tipo fisiológico5 de vermelhidão, mas elas costumam ser passageiras. Quando não o são, fala-se em couperose. A couperose pode ser encontrada em todo o tipo de pele1 e muitas vezes é confundida com a rosácea.

Quais são as causas da couperose?

A causa exata da couperose é desconhecida. Essa condição tende a iniciar-se em adultos jovens e é predominante no sexo feminino. Pensa-se que poderão estar envolvidos vários fatores, tais como: a exposição à radiação ultravioleta, anomalias no sistema imunológico6, hiperreatividade vascular7 e uma reação inflamatória exagerada a microrganismos.

O seu aparecimento é favorecido por fatores como:

  • emoções intensas;
  • ingestão de álcool, café ou comidas picantes;
  • tabaco;
  • transtornos digestivos;
  • uma exposição excessiva à radiação solar;
  • o uso continuado de corticoides tópicos;
  • fatores climáticos extremos (calor intenso, vento, frio extremo);
  • mudanças bruscas de temperatura;
  • situações de estresse;
  • alterações hormonais;
  • pequenos traumatismos;
  • aplicação no rosto de produtos irritantes;
  • uso de alguns medicamentos;
  • participação hereditária.
Veja também sobre "Colagenoses", "Acne8: o tormento dos adolescentes" e "Isotretinoína: prós e contras".

Qual é o substrato fisiológico5 da couperose?

A couperose é uma dilatação de pequenos vasos capilares9 pouco elásticos, sobretudo nas maçãs do rosto e no nariz10. O resultado disso é o surgimento de pequenas vermelhidões, irritações e capilares9 dilatados em forma de filamentos, de aparência avermelhada ou púrpura11 (telangiectasias12).

Se a pessoa tem pele1 clara, fina e muito sensível, o aparecimento de algumas dessas marcas da couperose é quase inevitável. A pele1 com tendência para ter couperose costuma ser hipersensível e caracteriza-se pela vermelhidão em zonas como as maçãs do rosto ou as asas do nariz10. Se a circulação13 aumenta bruscamente, por alguma razão interna ou externa, aparece o avermelhamento na pele1 e este se mantém, precisamente porque os vasos sanguíneos2 são inelásticos e é muito difícil para eles voltarem ao seu estado normal.

Quais são as características clínicas da couperose?

A couperose costuma ser leve e não causar demasiadas complicações, mas pode acarretar sérios problemas se não for devidamente tratada. No geral, ela provoca manchas vermelhas no rosto que podem tornar-se incômodas e desconfortáveis. O mais comum é que as zonas avermelhadas apareçam nas bochechas, no queixo ou no nariz10, mas também podem surgir em qualquer parte do rosto ou do colo14.

A pele1 muito sensível fica avermelhada durante o dia, tem pequenos vasinhos visíveis e, às vezes, aparecem lesões15 assemelhadas à acne8. Ela envolve vasos sanguíneos2 e glândulas sebáceas16 e progride segundo algumas etapas, embora nem sempre regularmente.

A primeira delas caracteriza-se por uma labilidade vascular7, em que ocorrem fenômenos de vasodilatação e vasoconstrição17 e, nas pessoas mais jovens, se manifesta por uma facilidade em corar. Numa fase posterior, os vasos mantêm-se dilatados, perdendo a capacidade de constrição18, constituindo a vermelhidão (couperose). Nesta fase podem aparecer os pequenos vasos sanguíneos2 perceptíveis a olho19 nu.

A seguir, as glândulas sebáceas16 aumentam de tamanho e podem dar lugar ao desenvolvimento de microrganismos que conduzem ao aparecimento de uma fase inflamatória, com o surgimento de pápulas20 e pústulas21 semelhantes às da acne8.

Sintomas22 como sensação de calor, formigamento, ardência e sensação de repuxamento facial podem ser verificados em qualquer etapa, embora possam se tornar agudos na fase inflamatória.

Como manejar a couperose?

Embora a couperose não seja uma doença, é conveniente sempre consultar o médico porque ela pode ser a fase inicial de algum problema mais sério, como a rosácea, por exemplo.

A couperose não tem uma solução definitiva, mas pode ser bem controlada. Existem recursos naturais capazes de prevenir ou “tratar” a pele1 com couperose, como o ácido azelaico, a flor de açafrão, o óleo de amêndoas doces, a toranja ou flor de lótus, dentre outros.

O ácido azelaico é obtido a partir de trigo, centeio e cevada e tem extraordinárias propriedades antibacterianas, anti-inflamatórias e despigmentantes. A flor de açafrão, por seu turno, acalma as peles mais sensíveis e reduz a inflamação23 que pode provocar vermelhidão, ardor24 e sensação de queimação.

Como prevenir a couperose?

A melhor maneira de prevenir a couperose é evitar os fatores desencadeantes, como a exposição a oscilações de temperatura intensas, a exposição ao sol sem a proteção adequada, evitar maus hábitos como beber ou fumar e ter uma alimentação rica em alimentos antioxidantes e vitaminas.

Quais são as complicações possíveis com a couperose?

Em cerca de 50% dos casos, pode surgir uma lesão25 nos olhos26 denominada rosácea ocular, com danos à córnea27. Nas formas mais graves, a pele1 fica mais espessa e aparecem nódulos inflamatórios que aumentam o tamanho do nariz10, deixando-o com aspecto disforme e bulboso.

Leia sobre "Lúpus28 eritematoso29", "Manchas escuras na pele1" e "Rubor facial espontâneo".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Sociedade Brasileira de Dermatologia e dos Anais Brasileiros de Dermatologia.

ABCMED, 2022. Couperose: o que é isso?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1428885/couperose-o-que-e-isso.htm>. Acesso em: 29 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
2 Vasos Sanguíneos: Qualquer vaso tubular que transporta o sangue (artérias, arteríolas, capilares, vênulas e veias).
3 Varizes: Dilatação anormal de uma veia. Podem ser dolorosas ou causar problemas estéticos quando são superficiais como nas pernas. Podem também ser sede de trombose, devido à estase sangüínea.
4 Veias: Vasos sangüíneos que levam o sangue ao coração.
5 Fisiológico: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
6 Sistema imunológico: Sistema de defesa do organismo contra infecções e outros ataques de micro-organismos que enfraquecem o nosso corpo.
7 Vascular: Relativo aos vasos sanguíneos do organismo.
8 Acne: Doença de predisposição genética cujas manifestações dependem da presença dos hormônios sexuais. As lesões começam a surgir na puberdade, atingindo a maioria dos jovens de ambos os sexos. Os cravos e espinhas ocorrem devido ao aumento da secreção sebácea associada ao estreitamento e obstrução da abertura do folículo pilosebáceo, dando origem aos comedões abertos (cravos pretos) e fechados (cravos brancos). Estas condições favorecem a proliferação de microorganismos que provocam a inflamação característica das espinhas, sendo o Propionibacterium acnes o agente infeccioso mais comumente envolvido.
9 Capilares: Minúsculos vasos que conectam as arteríolas e vênulas.
10 Nariz: Estrutura especializada que funciona como um órgão do sentido do olfato e que também pertence ao sistema respiratório; o termo inclui tanto o nariz externo como a cavidade nasal.
11 Púrpura: Lesão hemorrágica de cor vinhosa, que não desaparece à pressão, com diâmetro superior a um centímetro.
12 Telangiectasias: Dilatações permanentes da parede de um pequeno vaso sanguíneo localizado na derme.
13 Circulação: 1. Ato ou efeito de circular. 2. Facilidade de se mover usando as vias de comunicação; giro, curso, trânsito. 3. Movimento do sangue, fluxo de sangue através dos vasos sanguíneos do corpo e do coração.
14 Colo: O segmento do INTESTINO GROSSO entre o CECO e o RETO. Inclui o COLO ASCENDENTE; o COLO TRANSVERSO; o COLO DESCENDENTE e o COLO SIGMÓIDE.
15 Lesões: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
16 Glândulas Sebáceas: Órgãos formados por pequenas bolsas, localizados na DERME. Cada glândula apresenta um único ducto que emerge de um grupo de alvéolos ovais. Cada alvéolo é constituído por uma membrana basal transparente, encerrando células epiteliais. Os ductos da maior parte das glândulas sebáceas se abrem nos folículos pilosos, porém alguns se abrem na superfície da PELE. Glândulas sebáceas secretam SEBO.
17 Vasoconstrição: Diminuição do diâmetro dos vasos sanguíneos.
18 Constrição: 1. Ação ou efeito de constringir, mesmo que constrangimento (ato ou efeito de reduzir). 2. Pressão circular que faz diminuir o diâmetro de um objeto; estreitamento. 3. Em medicina, é o estreitamento patológico de qualquer canal ou esfíncter; estenose.
19 Olho: s. m. (fr. oeil; ing. eye). Órgão da visão, constituído pelo globo ocular (V. este termo) e pelos diversos meios que este encerra. Está situado na órbita e ligado ao cérebro pelo nervo óptico. V. ocular, oftalm-. Sinônimos: Olhos
20 Pápulas: Lesões firmes e elevadas, com bordas nítidas e diâmetro que varia de 1 a 5 milímetros (até 1 centímetro, segundo alguns autores).
21 Pústulas: Elevações da pele contendo pus, de até um centímetro de diâmetro.
22 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
23 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
24 Ardor: 1. Calor forte, intenso. 2. Mesmo que ardência. 3. Qualidade daquilo que fulge, que brilha. 4. Amor intenso, desejo concupiscente, paixão.
25 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
26 Olhos:
27 Córnea: Membrana fibrosa e transparente presa à esclera, constituindo a parte anterior do olho.
28 Lúpus: 1. É uma inflamação crônica da pele, caracterizada por ulcerações ou manchas, conforme o tipo específico. 2. Doença autoimune rara, mais frequente nas mulheres, provocada por um desequilíbrio do sistema imunológico. Nesta patologia, a defesa imunológica do indivíduo se vira contra os tecidos do próprio organismo como pele, articulações, fígado, coração, pulmão, rins e cérebro. Essas múltiplas formas de manifestação clínica, às vezes, podem confundir e retardar o diagnóstico. Lúpus exige tratamento cuidadoso por médicos especializados no assunto.
29 Eritematoso: Relativo a ou próprio de eritema. Que apresenta eritema. Eritema é uma vermelhidão da pele, devido à vasodilatação dos capilares cutâneos.
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