O que é pilosidade excessiva?
"Pilosidade" é um termo que se refere à presença e densidade de pelos ou cabelos em uma determinada área do corpo. Pode ser utilizado para descrever a quantidade, tipo e distribuição dos pelos em diferentes regiões.
A maior parte dos pelos do corpo pode ser classificada em dois tipos: (1) velus e (2) pelos terminais. Os velus são pelos finos, curtos, não pigmentados e quase imperceptíveis que cobrem grande parte do corpo humano1. Os pelos terminais são mais grossos e escuros e, em geral, dependentes de hormônios sexuais.
A pilosidade excessiva, ou hipertricose2, é o crescimento uniforme de pelos em todo o corpo, tendo mais pelos no corpo do que o habitual. A condição é frequentemente ocasionada por doenças metabólicas ou nutricionais ou pelo uso de medicamentos.
A quantidade de pelos no corpo das pessoas varia muito, na dependência de fatores genéticos, ambientais ou de enfermidades subjacentes. A localização deles, embora obedeça a um padrão, também sofre variações em função dos mesmos fatores.
Raramente o homem busca ajuda médica devido ao excesso de pelos, a não ser quando eles se tornam muito exagerados. Com as mulheres a situação tende a ser diferente, seja por razões estéticas, seja porque nelas a pilosidade excessiva pode ser sinal3 de um problema hormonal severo.
Quais são as causas e os tipos clínicos da pilosidade excessiva?
As causas e tipos clínicos de pilosidade excessiva são:
- Idiopática4: refere-se ao crescimento excessivo de pelos sem uma causa aparente. Pode estar relacionada a fatores genéticos ou hormonais.
- Hormonal: pode ser causada por desequilíbrios hormonais, tanto em homens como em mulheres.
- Medicamentosa: alguns medicamentos, como aqueles usados para tratar câncer5, epilepsia6 ou hipertensão7, podem causar crescimento excessivo de pelos como efeito colateral8.
- Congênita9: em alguns casos, a pilosidade excessiva pode ser congênita9, ou seja, estar presente desde o nascimento devido a fatores genéticos.
- Racial: algumas populações étnicas têm uma predisposição genética a ter mais pelos corporais do que outras, o que pode ser considerado normal dentro de seu grupo étnico. Os povos orientais têm menos pelos que os ocidentais.
- Nutricional: a falta de certos nutrientes na dieta pode afetar a saúde10 do cabelo11 e, em alguns casos, contribuir para o crescimento excessivo de pelos.
- Psicológica: em alguns casos, o estresse crônico12 ou problemas emocionais podem contribuir para o desenvolvimento de sintomas13 físicos, como o hirsutismo14.
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Quais são as funções da pilosidade no corpo humano1?
As funções atribuídas aos pelos no corpo humano1 podem ser mais bem constatadas nos animais, mas mesmo nos homens eles cumprem papel importante: os pelos funcionam como isolantes térmicos, ajudando a regular a temperatura do corpo. Em climas frios, os pelos podem se eriçar para criar uma camada de ar isolante, reduzindo a perda de calor, e em climas quentes, eles podem ajudar na dissipação do calor. Os pelos agem também como proteção contra radiação ultravioleta, protegendo contra o sol e ajudando a evitar que a pele15 seja queimada.
Os folículos pilosos estão associados a terminações nervosas, permitindo que os pelos desempenhem um papel importante na sensação tátil. Alguns deles cumprem função de defesa, como os das narinas, por exemplo, ajudando a filtrar partículas indesejadas do ar que respiramos, e os das pálpebras16, que podem impedir que partículas estranhas entrem nos olhos17.
Embora os pelos, de uma maneira geral, cumpram todas essas e ainda outras funções importantes, deve-se notar que, em muitas áreas do corpo humano1, a quantidade e a distribuição dos pelos são características herdadas geneticamente e podem variar consideravelmente entre as pessoas.
Quais são as características da pilosidade excessiva no campo da patologia18?
Se a elevação da pilosidade é pequena ou moderada, ela pode ainda ser considerada dentro do espectro normal. Em alguns casos, no entanto, ela ultrapassa esses limites e se torna patológica.
Nas mulheres, a pilosidade excessiva patológica é conhecida como hirsutismo14 e se refere ao crescimento anormal de pelos em áreas onde normalmente não deveriam se desenvolver, tornando-se motivo de grande sofrimento psicológico. Geralmente, o hirsutismo14 afeta áreas onde os pelos costumam crescer nos homens, como o rosto (barba e bigode), peito19, abdômen inferior e parte superior das costas20. Os pelos podem ser mais grossos, mais escuros e mais ásperos do que o normal e crescem rapidamente, segundo um padrão típico de distribuição masculina. No sentido inverso, algumas mulheres com hirsutismo14 também podem experimentar uma forma de perda de cabelo11 chamada alopecia21 androgenética.
Nos homens, a pilosidade excessiva também é conhecida como síndrome22 do lobisomem. É uma doença extremamente rara, caracterizada por um crescimento excessivo de pelos, os quais geralmente cobrem todo o corpo, exceto as palmas das mãos23 e as plantas dos pés. Muito poucos casos foram relatados até o momento e, frequentemente, essas pessoas foram mais objeto de curiosidade do que de tratamento, tendo sido exibidas como curiosidades em espetáculos públicos. Como sempre acontece com casos muito raros, não se sabe muita coisa a respeito das causas da hipertricose2 masculina, sabe-se apenas que se trata de uma mutação genética24 que nem sempre ocorre de forma hereditária, podendo ser espontânea.
Há dois tipos de hipertricose2: (1) hipertricose2 lanuginosa e (2) síndrome22 de Ambras, devido ao fato do caso mais impressionante ter sido registrado na cidade de Ambras, em Tenerife. Na hipertricose2 lanuginosa congênita9, o pelo é relativamente fino e felpudo e pode chegar a 25 centímetros de comprimento. Na síndrome22 de Ambras, o pelo é mais grosso, colorido e cresce durante toda a vida.
A maioria das pessoas que sofre desta síndrome22 não possui necessariamente nenhuma outra alteração, tendo uma vida idêntica às demais pessoas, salvo pelas repercussões psicológicas e sociais do problema. No entanto, algumas vezes, a hipertricose2 pode estar associada a outras anormalidades também congênitas25. Acontece ainda de haver crescimento localizado de pelos que, embora ofereça uma aparência muito diferente das formas generalizadas, é também chamado hipertricose2.
Leia sobre "Calvície26 feminina" e "Calvície26 masculina".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Faculdade de Medicina da UFMG, da Rede D’Or São Luiz e dos Anais Brasileiros de Dermatologia.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.