Mucocele oral
O que é mucocele oral?
A mucocele oral consiste em lesões1 não infecciosas benignas, não dolorosas, que se desenvolvem na mucosa2 oral. Pode-se observar cistos preenchidos por fluidos (saliva?) na parte interna da boca3, que por isso são também conhecidos como cistos mucosos. A mucocele oral se apresenta, portanto, como pequenos tumores semelhantes a uma bolha4 (bolhinhas) no interior da boca3.
Quais são as causas da mucocele oral?
A mucocele oral resulta da ruptura dos ductos das glândulas salivares5 menores ou da presença de cálculos salivares (sialolitos) que possibilitam a dispersão de mucina para o interior do tecido conjuntivo6 ou impedem a drenagem7 do muco através do ducto excretor danificado.
Pequenos traumatismos que afetem a mucosa2 bucal, como morder os lábios (voluntária ou involuntariamente), por exemplo, podem causar a maioria dos tumores de mucocele. Outras causas podem ser uma inflamação8 crônica da mucosa2 bucal devido ao uso de tabaco, ductos salivares9 espessados ou danificados e traumatismos causados pela intubação.
Leia sobre "As funções da saliva", "O que é Papeira", "Síndrome10 de Sjogren" e "Caxumba11".
Qual é o substrato fisiopatológico da mucocele oral?
Quando a pessoa sofre qualquer lesão12 na mucosa2 bucal, ela pode danificar ou bloquear um ducto de descarga de uma glândula13 salivar menor, o qual normalmente drena o conteúdo da glândula13 para dentro da boca3. Assim, esse conteúdo pode ficar retido, constituindo um cisto.
Quais são as características clínicas da mucocele oral?
A mucocele oral pode afetar pessoas de qualquer idade, mas 70% dos casos acontecem em pessoas entre 3 e 20 anos de idade, sendo o pico de incidência14 entre 10 e 20 anos. As lesões1 da mucocele são formações arredondadas, semelhantes a cúpulas, no interior da boca3. Geralmente, são de cor clara ou ligeiramente azulada e variam em tamanho de 1 milímetro a 2 centímetros.
Ocorrem mais frequentemente na parte interna dos lábios inferiores, mas podem afetar também as bochechas, a língua15, as gengivas ou o assoalho da boca3. Usualmente elas não causam dor, mas os cistos maiores podem causar desconforto e interferir com a funcionalidade da boca3.
Como o médico/dentista diagnostica a mucocele oral?
O diagnóstico16 da mucocele oral é baseado nos sintomas17 e na visão18 direta das lesões1. Contudo, o médico pode pedir novos exames para confirmar o diagnóstico16. Entre eles uma ultrassonografia19, uma biópsia20 e um escaneamento por tomografia computadorizada21.
Como o médico/dentista trata a mucocele oral?
Em geral, os tumores da mucocele oral não demandam tratamento e desaparecem por si próprios dentro de poucos dias. Às vezes, a pessoa nem percebe ter tido uma mucocele. Os cistos grandes, porém, podem causar dificuldades com a fala, a mastigação, o engolir e, em raros casos, com a respiração. Nesses casos, é importante consultar o médico para que ele possa fazer a remoção dos cistos.
Para cistos que se repetem frequentemente ou que tenham tamanhos muito grandes, o médico/dentista pode recomendar crioterapia22, tratamento à laser ou excisão cirúrgica. Nessa cirurgia, além da “bolhinha” gerada pela mucocele, também é retirada a glândula13 da saliva afetada pelo problema. O procedimento é simples e tem duração de cerca de uma hora. Outro procedimento que pode ser utilizado é a abertura de uma fenda no cisto, visando drenar os líquidos ou secreções presentes em seu interior.
Como evolui a mucocele oral?
Existem casos de retorno do cisto mucoso, sobretudo quando a glândula13 aderida a ele não é extirpada, gerando a necessidade de novo procedimento terapêutico e, às vezes, nova cirurgia.
Um cisto mucoso oral especial: a rânula
A rânula é o cisto mucoso que ocorre no assoalho bucal. A denominação se baseia na palavra latina rana, que quer dizer rã. De fato, ele pode assumir dimensões muito grandes e sua superfície exterior pode se parecer com a barriga de uma rã.
A rânula se forma pelo acúmulo de muco ocasionado por obstrução ou trauma de ductos da glândula13 salivar sublingual ou de outras, levando ao extravasamento do material produzido por elas para o tecido conjuntivo6. Acomete preferencialmente pacientes jovens e se localiza na porção lateral do assoalho bucal. Quando a rânula se estende através do músculo milo-hioide, ela produz aumento de volume no pescoço23, sendo denominada de rânula mergulhante.
A remoção da glândula sublingual24 afetada é o tratamento mais eficaz, mas está associado à maior morbidade25, incluindo, ainda, o risco de dano ao nervo lingual ou do ducto da glândula submandibular26. Alguns profissionais preferem procedimentos mais conservadores, o que inclui a abertura de uma fenda de drenagem7 ou a remoção parcial da glândula sublingual24. A experiência do cirurgião e a extensão da lesão12, dentre outros fatores, devem ser levados em consideração para a escolha da melhor abordagem.
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Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Cleveland Clinic e do American Osteopathic College of Dermatology.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.