Dislexia adquirida - como ela é?
O que é dislexia?
Segundo a Associação Internacional de Dislexia (International Dyslexia Association), a dislexia é um transtorno da aprendizagem de origem neurobiológica, caracterizada por dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na habilidade de decodificação e na soletração. Essas dificuldades normalmente resultam de um déficit no componente fonológico da linguagem.
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A “Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde”, em sua 10ª edição (CID 10), descreve a dislexia como “(…) dificuldade específica da linguagem, de origem constitucional, caracterizada por dificuldades na decodificação de palavras isoladas, normalmente refletindo insuficiência1 do processamento fonológico. Estas dificuldades são inesperadas em relação à idade e outras habilidades cognitivas e acadêmicas; não é o resultado do desenvolvimento generalizado de incapacidade ou deficiência sensorial.”
A dislexia afeta mais o sexo masculino que o feminino, numa proporção de 3:1, e existem diferentes graus de intensidade do distúrbio. Geralmente a condição só é reconhecida quando a criança começa a aprender a ler e escrever, mas os casos mais leves podem só serem diagnosticados na adolescência ou início da vida adulta.
A dislexia nada tem a ver com quociente de inteligência2 (QI3) baixo. Os disléxicos se atrapalham com as palavras, mas costumam ir bem nos cálculos e em outras situações que lidem com números. O comportamento também é muito variável: há disléxicos desorganizados e disléxicos metódicos; existem aqueles falantes e outros muito tímidos, etc.
O que é dislexia adquirida?
Com base na causa, a dislexia pode ser classificada como:
- Primária ou genética, devido a disfunção do lado esquerdo do cérebro4, geralmente inata;
- Secundária ou de desenvolvimento, causada depois do nascimento por hormônios, má nutrição5, negligência6 e abusos infantis.
- Tardia ou por trauma, causada por lesões7 em áreas do cérebro4 responsáveis pela compreensão da linguagem. Esse tipo é raro em crianças. É nesta classificação que se enquadra a dislexia adquirida.
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Quais são as causas da dislexia adquirida?
A dislexia adquirida foi identificada em 1978 pela psicopedagoga Lou de Olivier a partir de um acidente em que ocorreu anóxia8 cerebral (ausência de oxigênio no cérebro4) em uma criança. Pesquisas posteriores realizadas no Brasil e em outros países passaram a acrescentar ao tema novas bases científicas.
A dislexia adquirida surge na sequência de traumatismos ou lesões7 cerebrais, ou de perturbações do desenvolvimento nervoso, com atraso na aquisição da leitura. A dislexia adquirida também pode ser devido à anóxia8 ou hipóxia9 neonatal. Neste caso, a dislexia só irá se manifestar quando a criança começar a ser alfabetizada, mesmo tendo adquirido a causa da dislexia durante seu nascimento.
Quais são os principais sintomas10 da dislexia adquirida?
Vejamos em primeiro lugar quais são os sintomas10 da dislexia. Na fase pré-escolar é mais difícil diagnosticar a dislexia porque os sintomas10 são mais discretos. No entanto, pode-se suspeitar de dislexia se há uma forte dispersão da atenção; atraso do desenvolvimento, da fala e da linguagem; dificuldade de aprender rimas e canções; fraco desenvolvimento da coordenação motora; dificuldade com quebra-cabeças e falta de interesse por livros impressos.
Na idade escolar é mais fácil notar dificuldade na aquisição e automação da leitura e da escrita; pobre conhecimento de rima (sons iguais no final das palavras) e aliteração (sons iguais no início das palavras); desatenção e fácil dispersão; dificuldade em copiar; dificuldade na coordenação motora; desorganização geral; confusão para reconhecer entre esquerda e direita; dificuldade em manusear mapas, dicionários, listas telefônicas etc. e vocabulário pobre, com sentenças curtas e imaturas ou longas e vagas.
Os sintomas10 da dislexia adquirida são semelhantes a esses, surgidos após as lesões7 causadoras no sistema nervoso11.
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Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas dos sites da Associação Brasileira de Dislexia, da The Royal Society e do National Center for Biotechnology Information (PubMed).
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.