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Lama biliar - o que é?

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O que é lama biliar?

Chama-se lama biliar ou “areia na vesícula” a um resíduo que permanece na vesícula1 quando ela não consegue esvaziar-se completamente. Várias partículas normalmente suspensas na bile2 podem se precipitar como resultado de permanecerem por muito tempo retidas na vesícula biliar3, formando o que é comumente conhecido como lama biliar.

Quais são as causas da lama biliar?

A lama biliar é constituída principalmente pela precipitação de cristais de colesterol4, sais de cálcio, bilirrubinato de cálcio e mucina, normalmente suspensas na bile2. Há várias razões para que isso aconteça. Entre outras, contam-se abuso de álcool, história anterior de problemas de cálculos ou resíduos da vesícula biliar3, perda rápida de peso, cirurgias do estômago5, transplante de órgãos e alguns medicamentos.

A gravidez6, que pode causar estresse (compressão) da vesícula biliar3 também pode causar resíduos na vesícula biliar3. A lama da vesícula biliar3 causada pela gravidez6 geralmente desaparece com o fim da gestação.

Saiba mais sobre "Pólipos7 da vesícula biliar3", "Colecistograma oral" e "Colangiografia8".

Qual é o substrato fisiopatológico da lama biliar?

A fisiopatologia9 da formação da lama biliar provavelmente está relacionada à dismotilidade da vesícula biliar3. Se a vesícula biliar3 não esvaziar completamente, as partículas suspensas na bile2 podem se precipitar como resultado de permanecerem por muito tempo na vesícula biliar3, e eventualmente se tornarem uma espécie de resíduo biliar, que é comumente referido como lama biliar.

Presume-se que, se a vesícula biliar3 não conseguir se esvaziar completamente com eficácia, a lama biliar pode começar a se acumular e dar origem a cálculos vesicais.

Quais são as características clínicas da lama biliar?

A lama da vesícula biliar3 não é uma condição médica por si só, nem sempre causa sintomas10 e pode desaparecer por sua própria conta, mas pode causar problemas, como cálculos biliares e pancreatite11, por exemplo. Na maioria dos casos, a lama biliar só é detectada incidentalmente durante um exame de ultrassonografia12 do abdômen, feito com outra finalidade.

Muitas pessoas com lama biliar não apresentam sintomas10 e só descobrem o problema se e quando apresentam sintomas10 de uma complicação. Quando as pessoas apresentam sintomas10, eles podem incluir dor abdominal; vômitos13 e náuseas14; dor na parte superior do abdômen, ombro ou tórax15; e fezes gordurosas ou que se assemelham à argila. No entanto, esses sintomas10 também podem ser sinais16 de muitas outras doenças, por isso é essencial fazer um diagnóstico17 diferencial preciso.

Como o médico diagnostica a lama biliar?

A partir da dor abdominal, quando existe, o médico fará um levantamento do histórico médico do paciente e de seus demais sintomas10. Ele então fará um exame físico, pressionando em diferentes lugares do abdômen para detectar pontos de maior sensibilidade. Se ele suspeitar que a vesícula biliar3 pode ser a fonte da dor, provavelmente solicitará uma ultrassonografia12 abdominal, que pode detectar cálculos biliares com notável precisão.

Se, após a ultrassonografia12, o médico diagnosticar o paciente como portador de cálculos biliares ou lama da vesícula biliar3, ele pode solicitar outros exames, para determinar a causa disso. Ele provavelmente incluirá entre seus pedidos um exame de sangue18, que pode examinar os níveis de colesterol4 e sódio do paciente. O médico também poderá solicitar exames para se certificar se o fígado19 do paciente está funcionando corretamente ou não.

Às vezes, o médico se depara com a lama biliar por acidente, enquanto examina os resultados de uma tomografia computadorizada20 ou ultrassonografia12 que foi solicitada por outro motivo qualquer. A lama biliar costuma ser diagnosticada com mais frequência em pessoas com problemas de vesícula biliar3 e fígado19, porque são elas que têm maior probabilidade de se submeter a exames de imagens do abdômen.

Como o médico trata a lama biliar?

Às vezes, a lama da vesícula biliar3 desaparece sem causar sintomas10 e sem necessidade de tratamento. Em outras situações, pode causar cálculos biliares. Normalmente, não há necessidade de tratar a lama na vesícula biliar3 se a pessoa não apresentar outros sintomas10.

Os tratamentos envolvem medicamentos e mudanças de estilo de vida. Outra opção é a colangiopancreatografia retrógrada endoscópica. Ela é um procedimento não cirúrgico em que um pequeno tubo flexível chamado endoscópio é inserido pela boca21 até o intestino delgado22 para atingir os ductos vesicais, dos quais podem ser retirados cálculos ou a própria lama biliar.

Em alguns casos, pode ser possível dissolver cálculos biliares relacionados à lama biliar com medicamentos. As pessoas que apresentam dor associada à lama biliar, ou que apresentam cálculos biliares, podem precisar remover a vesícula biliar3, o que pode ser feito por meio de cirurgia endoscópica.

Como evolui a lama biliar?

A lama da vesícula biliar3 pode seguir um de três cursos diferentes: (1) pode desaparecer totalmente e nunca mais voltar; (2) pode desaparecer e voltar mais tarde, ou (3) pode persistir, geralmente levando ao desenvolvimento de cálculos biliares.

Em casos de cirurgia para retirada da vesícula1, as pessoas continuam vivendo bem, mesmo sem a presença desse órgão no corpo. Qualquer indivíduo razoavelmente saudável pode ser submetido, sem maiores problemas, à cirurgia de remoção da vesícula biliar3.

Como prevenir a lama biliar?

Ter como hábito de vida uma dieta com baixo teor de gordura23, evitar mudanças rápidas de peso e evitar álcool podem ajudar a prevenir a formação de lama biliar. O tratamento de condições médicas subjacentes também pode ajudar a prevenir a lama biliar, uma vez que a saúde24 em geral debilitada pode ser um fator de risco25 para essa condição.

Quais são as complicações possíveis com a lama biliar?

As principais complicações possíveis com a lama biliar são:

  1. cálculos biliares, ou seja, coleções de materiais sólidos, como o colesterol4, por exemplo, na vesícula biliar3;
  2. colecistite26, caracterizada por inchaço27 e a inflamação28 da vesícula biliar3 que pode fazer com que a bile2 fique ainda mais presa na vesícula biliar3;
  3. obstrução dos dutos biliares, os quais realizam a drenagem29 da vesícula biliar3, podendo causar dor.
Leia sobre "Colecistite26", "Colelitíase30" e "Colecistectomia aberta e por videolaparoscopia".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Mayo Clinic e da Cleveland Clinic.

ABCMED, 2021. Lama biliar - o que é?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1405190/lama-biliar-o-que-e.htm>. Acesso em: 20 nov. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Vesícula: Lesão papular preenchida com líquido claro.
2 Bile: Agente emulsificador produzido no FÍGADO e secretado para dentro do DUODENO. Sua composição é formada por s ÁCIDOS E SAIS BILIARES, COLESTEROL e ELETRÓLITOS. A bile auxilia a DIGESTÃO das gorduras no duodeno.
3 Vesícula Biliar: Reservatório para armazenar secreção da BILE. Através do DUCTO CÍSTICO, a vesícula libera para o DUODENO ácidos biliares em alta concentração (e de maneira controlada), que degradam os lipídeos da dieta.
4 Colesterol: Tipo de gordura produzida pelo fígado e encontrada no sangue, músculos, fígado e outros tecidos. O colesterol é usado pelo corpo para a produção de hormônios esteróides (testosterona, estrógeno, cortisol e progesterona). O excesso de colesterol pode causar depósito de gordura nos vasos sangüíneos. Seus componentes são: HDL-Colesterol: tem efeito protetor para as artérias, é considerado o bom colesterol. LDL-Colesterol: relacionado às doenças cardiovasculares, é o mau colesterol. VLDL-Colesterol: representa os triglicérides (um quinto destes).
5 Estômago: Órgão da digestão, localizado no quadrante superior esquerdo do abdome, entre o final do ESÔFAGO e o início do DUODENO.
6 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
7 Pólipos: 1. Em patologia, é o crescimento de tecido pediculado que se desenvolve em uma membrana mucosa (por exemplo, no nariz, bexiga, reto, etc.) em resultado da hipertrofia desta membrana ou como um tumor verdadeiro. 2. Em celenterologia, forma individual, séssil, típica dos cnidários, que se caracteriza pelo corpo formado por um tubo ou cilindro, cuja extremidade oral, dotada de boca e tentáculos, é dirigida para cima, e a extremidade oposta, ou aboral, é fixa.
8 Colangiografia: Estudo diagnóstico das vias biliares que utiliza uma substância de contraste para evidenciar a anatomia das mesmas e comprovar existência de cálculos, deformidades ou compressões externas.
9 Fisiopatologia: Estudo do conjunto de alterações fisiológicas que acontecem no organismo e estão associadas a uma doença.
10 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
11 Pancreatite: Inflamação do pâncreas. A pancreatite aguda pode ser produzida por cálculos biliares, alcoolismo, drogas, etc. Pode ser uma doença grave e fatal. Os primeiros sintomas consistem em dor abdominal, vômitos e distensão abdominal.
12 Ultrassonografia: Ultrassonografia ou ecografia é um exame complementar que usa o eco produzido pelo som para observar em tempo real as reflexões produzidas pelas estruturas internas do organismo (órgãos internos). Os aparelhos de ultrassonografia utilizam uma frequência variada, indo de 2 até 14 MHz, emitindo através de uma fonte de cristal que fica em contato com a pele e recebendo os ecos gerados, os quais são interpretados através de computação gráfica.
13 Vômitos: São a expulsão ativa do conteúdo gástrico pela boca. Podem ser classificados em: alimentar, fecalóide, biliar, em jato, pós-prandial. Sinônimo de êmese. Os medicamentos que agem neste sintoma são chamados de antieméticos.
14 Náuseas: Vontade de vomitar. Forma parte do mecanismo complexo do vômito e pode ser acompanhada de sudorese, sialorréia (salivação excessiva), vertigem, etc .
15 Tórax: Parte superior do tronco entre o PESCOÇO e o ABDOME; contém os principais órgãos dos sistemas circulatório e respiratório. (Tradução livre do original Sinônimos: Peito; Caixa Torácica
16 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
17 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
18 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
19 Fígado: Órgão que transforma alimento em energia, remove álcool e toxinas do sangue e fabrica bile. A bile, produzida pelo fígado, é importante na digestão, especialmente das gorduras. Após secretada pelas células hepáticas ela é recolhida por canalículos progressivamente maiores que a levam para dois canais que se juntam na saída do fígado e a conduzem intermitentemente até o duodeno, que é a primeira porção do intestino delgado. Com esse canal biliar comum, chamado ducto hepático, comunica-se a vesícula biliar através de um canal sinuoso, chamado ducto cístico. Quando recebe esse canal de drenagem da vesícula biliar, o canal hepático comum muda de nome para colédoco. Este, ao entrar na parede do duodeno, tem um músculo circular, designado esfíncter de Oddi, que controla o seu esvaziamento para o intestino.
20 Tomografia computadorizada: Exame capaz de obter imagens em tons de cinza de “fatias†de partes do corpo ou de órgãos selecionados, as quais são geradas pelo processamento por um computador de uma sucessão de imagens de raios X de alta resolução em diversos segmentos sucessivos de partes do corpo ou de órgãos.
21 Boca: Cavidade oral ovalada (localizada no ápice do trato digestivo) composta de duas partes
22 Intestino delgado: O intestino delgado é constituído por três partes: duodeno, jejuno e íleo. A partir do intestino delgado, o bolo alimentar é transformado em um líquido pastoso chamado quimo. Com os movimentos desta porção do intestino e com a ação dos sucos pancreático e intestinal, o quimo é transformado em quilo, que é o produto final da digestão. Depois do alimento estar transformado em quilo, os produtos úteis para o nosso organismo são absorvidos pelas vilosidades intestinais, passando para os vasos sanguíneos.
23 Gordura: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Os alimentos que fornecem gordura são: manteiga, margarina, óleos, nozes, carnes vermelhas, peixes, frango e alguns derivados do leite. O excesso de calorias é estocado no organismo na forma de gordura, fornecendo uma reserva de energia ao organismo.
24 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
25 Fator de risco: Qualquer coisa que aumente a chance de uma pessoa desenvolver uma doença.
26 Colecistite: Inflamação aguda da vesícula biliar. Os sintomas mais freqüentes são febre, dor na região abdominal superior direita (hipocôndrio direito), náuseas, vômitos, etc. Seu tratamento é cirúrgico.
27 Inchaço: Inchação, edema.
28 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
29 Drenagem: Saída ou retirada de material líquido (sangue, pus, soro), de forma espontânea ou através de um tubo colocado no interior da cavidade afetada (dreno).
30 Colelitíase: Formação de cálculos no interior da vesícula biliar.
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