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Pubalgia: conceito, causas, sintomas, diagnóstico, tratamento e evolução

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O que é a sínfise1 púbica?

A sínfise1 púbica é a articulação2 semimóvel que une à frente os ossos púbicos, formando a bacia (cintura pélvica3), que é composta, além deles, pelo sacro4 e cóccix5, e os dois ossos do quadril que, por sua vez, são compostos pelos três ossos compactados: ílio6, ísquio7 e o osso púbico8. A sínfise1 púbica é uma articulação2 cartilaginosa que contém um disco interpúbico, fibrocartilaginoso e é reforçada pelos ligamentos9 púbicos superior e inferior.

O que é pubalgia?

A pubalgia, também referida como pubeíte, hérnia10 dos esportistas ou osteíte púbica é uma lesão11 crônica que se expressa na virilha, caracterizada por uma dor crônica forte e persistente naquela região pélvica3 e muito acentuada na área da sínfise1 púbica. Ela afeta os tendões12 do músculo reto13 abdominal e adutores (músculos14 que visam dirigir os membros inferiores no sentido do eixo médio sagital do corpo), assim como a articulação2 da sínfise1 púbica.

A condição foi primeiramente descrita por Gilmore no início de 1990 e recebeu o nome de "virilha de Gilmore".

Quais são as causas da pubalgia?

A causa da pubalgia é muito controversa, mas parece estar ligada a um desbalanço da musculatura do reto13 abdominal e adutores. Este desbalanço leva a desequilíbrio de toda região, que resulta num quadro de dor e inflamação15. A pubalgia é tipicamente causada por movimentos repetitivos e/ou explosivos, em especial os que envolvem torções da pelve16, como futebol, patinação, corrida, etc. A pubalgia é muito mais frequente em homens do que em mulheres. Também é mais frequente em atletas que em não atletas.

Leia sobre "Síndrome17 da congestão pélvica3", "Hérnias18 abdominais" e "Artrite19 reacional".

Qual é o substrato fisiológico20 da pubalgia?

As pessoas com pubalgia apresentam um desequilíbrio dos músculos14 adutores e abdominais no púbis21, o que leva a um aumento da fraqueza da parede posterior da virilha, gerando inflamação15 e dor.

Quais são as características clínicas da pubalgia?

A pubalgia acontece quase sempre em atletas que praticam esportes que submetem a sínfise1 púbica a estresse e se caracteriza, basicamente, por dor crônica na sínfise1 púbica. O sintoma22 principal do paciente com pubalgia é dor na parte inferior do abdômen, que pode irradiar para a parte de dentro das coxas23, região genital, testículos24 ou períneo25. Esta dor, que pode se irradiar uni ou bilateralmente, pode ocorrer ou se intensificar durante a prática esportiva, principalmente a que envolve chutes, ou durante a realização de exercícios abdominais ou atividade sexual.  

Como o médico diagnostica a pubalgia?

O diagnóstico26 da pubalgia é difícil, devido à anatomia complexa da região e à sobreposição de sintomas27 entre as diferentes lesões28 na virilha. O diagnóstico26 da pubalgia envolve vários exames, não só necessários para diagnosticar a pubalgia, mas também para descartar outras doenças que podem ser confundidas com ela, como o impacto femoroacetabular e as hérnias18 inguinais.

Normalmente, para avaliação da pubalgia e também para descartar outras condições parecidas, são solicitadas radiografias e ressonância magnética29 da sínfise1 púbica e dos quadris, que mostrarão possíveis lesões28 dos tendões12 do reto13 abdominal e adutores, além de inflamação15 nos ossos púbicos. Para descartar a hérnia10 inguinal, também pode ser realizada uma ultrassonografia30.

Como o médico trata a pubalgia?

O tratamento da pubalgia é eminentemente31 clínico, com repouso, anti-inflamatórios e fisioterapia32. O principal objetivo é o fortalecimento da musculatura central e estabilização da pelve16. O tratamento fisioterápico na pubalgia muitas vezes é longo, porém com bons resultados.

Após a fisioterapia32, o paciente deve adotar uma mudança em seus treinamentos, instituindo exercícios para o fortalecimento da musculatura central como rotina, com o objetivo de evitar o retorno da pubalgia.

Se os pacientes não melhorarem com tratamento clínico, uma cirurgia pode ser indicada, liberando parcialmente os tendões12 dos músculos14 reto13 abdominal e adutores com o objetivo de enfraquecê-los. 

Como evolui a pubalgia?

Com tratamento adequado, a pubalgia tem muito bom prognóstico33. Mais de 90% dos pacientes que passam por tratamento não cirúrgico ou cirúrgico conseguem retornar à atividade esportiva. Contudo, sem tratamento, essa lesão11 pode resultar em dor crônica e incapacitante, que pode impedir o paciente de retomar as atividades esportivas.

Veja também sobre "Espondilite anquilosante", "Artralgia34", "Osteoartrite35" e "Sacroileíte".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do Johns Hopkins Medicine e da U.S. National Library of Medicine.

ABCMED, 2021. Pubalgia: conceito, causas, sintomas, diagnóstico, tratamento e evolução. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1404480/pubalgia-conceito-causas-sintomas-diagnostico-tratamento-e-evolucao.htm>. Acesso em: 16 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Sínfise: Em anatomia geral, é a linha de junção e fusão entre dois ossos originalmente distintos. Em patologia, é a aderência anormal dos dois folhetos da pleura, em seguida a uma pleurisia serosa.
2 Articulação: 1. Ponto de contato, de junção de duas partes do corpo ou de dois ou mais ossos. 2. Ponto de conexão entre dois órgãos ou segmentos de um mesmo órgão ou estrutura, que geralmente dá flexibilidade e facilita a separação das partes. 3. Ato ou efeito de articular-se. 4. Conjunto dos movimentos dos órgãos fonadores (articuladores) para a produção dos sons da linguagem.
3 Pélvica: Relativo a ou próprio de pelve. A pelve é a cavidade no extremo inferior do tronco, formada pelos dois ossos do quadril (ilíacos), sacro e cóccix; bacia. Ou também é qualquer cavidade em forma de bacia ou taça (por exemplo, a pelve renal).
4 Sacro:
5 Cóccix:
6 Ílio:
7 Ísquio:
8 Osso Púbico:
9 Ligamentos: 1. Ato ou efeito de ligar(-se). Tudo o que serve para ligar ou unir. 2. Junção ou relação entre coisas ou pessoas; ligação, conexão, união, vínculo. 3. Na anatomia geral, é um feixe fibroso que liga entre si os ossos articulados ou mantém os órgãos nas respectivas posições. É uma expansão fibrosa ou aponeurótica de aparência ligamentosa. Ou também uma prega de peritônio que serve de apoio a qualquer das vísceras abdominais. 4. Vestígio de artéria fetal ou outra estrutura que perdeu sua luz original.
10 Hérnia: É uma massa circunscrita formada por um órgão (ou parte de um órgão) que sai por um orifício, natural ou acidental, da cavidade que o contém. Por extensão de sentido, excrescência, saliência.
11 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
12 Tendões: Tecidos fibrosos pelos quais um músculo se prende a um osso.
13 Reto: Segmento distal do INTESTINO GROSSO, entre o COLO SIGMÓIDE e o CANAL ANAL.
14 Músculos: Tecidos contráteis que produzem movimentos nos animais.
15 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
16 Pelve: 1. Cavidade no extremo inferior do tronco, formada pelos dois ossos do quadril (ossos ilíacos), sacro e cóccix; bacia. 2. Qualquer cavidade em forma de bacia ou taça (por exemplo, a pelve renal).
17 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
18 Hérnias: É uma massa circunscrita formada por um órgão (ou parte de um órgão) que sai por um orifício, natural ou acidental, da cavidade que o contém. Por extensão de sentido, excrescência, saliência.
19 Artrite: Inflamação de uma articulação, caracterizada por dor, aumento da temperatura, dificuldade de movimentação, inchaço e vermelhidão da área afetada.
20 Fisiológico: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
21 Púbis:
22 Sintoma: Qualquer alteração da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. O sintoma é a queixa relatada pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
23 Coxas: É a região situada abaixo da virilha e acima do joelho, onde está localizado o maior osso do corpo humano, o fêmur.
24 Testículos: Os testículos são as gônadas sexuais masculinas que produzem as células de fecundação ou espermatozóides. Nos mamíferos ocorrem aos pares e são protegidos fora do corpo por uma bolsa chamada escroto. Têm função de glândula produzindo hormônios masculinos.
25 Períneo: Região que constitui a base do púbis, onde estão situados os órgãos genitais e o ânus.
26 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
27 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
28 Lesões: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
29 Ressonância magnética: Exame que fornece imagens em alta definição dos órgãos internos do corpo através da utilização de um campo magnético.
30 Ultrassonografia: Ultrassonografia ou ecografia é um exame complementar que usa o eco produzido pelo som para observar em tempo real as reflexões produzidas pelas estruturas internas do organismo (órgãos internos). Os aparelhos de ultrassonografia utilizam uma frequência variada, indo de 2 até 14 MHz, emitindo através de uma fonte de cristal que fica em contato com a pele e recebendo os ecos gerados, os quais são interpretados através de computação gráfica.
31 Eminentemente: De modo eminente; em alto grau; acima de tudo.
32 Fisioterapia: Especialidade paramédica que emprega agentes físicos (água doce ou salgada, sol, calor, eletricidade, etc.), massagens e exercícios no tratamento de doenças.
33 Prognóstico: 1. Juízo médico, baseado no diagnóstico e nas possibilidades terapêuticas, em relação à duração, à evolução e ao termo de uma doença. Em medicina, predição do curso ou do resultado provável de uma doença; prognose. 2. Predição, presságio, profecia relativos a qualquer assunto. 3. Relativo a prognose. 4. Que traça o provável desenvolvimento futuro ou o resultado de um processo. 5. Que pode indicar acontecimentos futuros (diz-se de sinal, sintoma, indício, etc.). 6. No uso pejorativo, pernóstico, doutoral, professoral; prognóstico.
34 Artralgia: Dor em uma articulação.
35 Osteoartrite: Termo geral que se emprega para referir-se ao processo degenerativo da cartilagem articular, manifestado por dor ao movimento, derrame articular, etc. Também denominado artrose.
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