Hérnias abdominais: você sabe como elas aparecem?
O que são hérnias1 abdominais?
Hérnias1 abdominais são protrusões de um órgão ou parte dele para fora do espaço que ele normalmente ocupa. Esta protrusão ocorre através de um orifício na parede do abdome2, natural ou adquirido.
Quase sempre as hérnias1 aparecem quando a pessoa sofre um acidente, tenta levantar um peso, tosse violentamente ou executa qualquer outra tarefa que aumente a pressão sobre o órgão herniado. As hérnias1 não surgem de uma hora para outra, elas vão se formando gradativamente, às vezes ao longo de muito tempo.
Embora a maioria das hérnias1 não represente um problema imediato e possa ser “reduzida” por manobras manuais (recolocação manual do conteúdo herniado para dentro da cavidade abdominal3), elas podem evoluir para hérnias1 encarceradas ou estranguladas. No primeiro caso, o conteúdo da hérnia4 fica “preso” dentro do saco herniário e não é mais possível retorná-lo para o seu local original. No segundo caso, além do que foi descrito anteriormente, ocorre um impedimento do suprimento sanguíneo, com isquemia5 e necrose6 do conteúdo herniado. As hérnias1 estranguladas, à diferença das hérnias1 regulares, são sempre dolorosas e às vezes são acompanhadas por sintomas7 como náuseas8, vômitos9, febre10 e mal-estar geral. As hérnias1 estranguladas representam sempre uma situação médica de emergência11 porque elas podem levar à peritonite12, septicemia13 e morte.
Quais são os tipos de hérnias1 abdominais?
As hérnias1 abdominais ocorrem quando há grande aumento da pressão intra-abdominal ou enfraquecimento da parede do abdome2. As localizações mais comuns são a região inguinal, umbilical, femoral, epigástrica e em locais onde haja cicatrizes14 de cirurgias anteriores (hérnia4 incisional). Outras localizações podem ainda ocorrer, mas são mais raras. Caso o orifício por onde o conteúdo abdominal se insinua seja grande o bastante, o intestino, por exemplo, pode entrar e sair livremente por ele e isso causará apenas desconforto ao paciente, mas caso seja pequeno a alça intestinal pode entrar e não conseguir sair, obstruindo a circulação15 dela, causando um “estrangulamento” que leva à gangrena16, situação que constitui uma emergência11 médica de muita gravidade e exige solução cirúrgica rápida, sob o sério risco de morte, uma vez que a alça “estrangulada” necrosa rapidamente.
Os tipos mais comuns de hérnias1 abdominais são:
- Hérnia4 inguinal: é a mais frequente das hérnias1 abdominais. A protrusão se dá na região inguinal (virilha), seja porque a parede dessa região abdominal é especialmente fraca, seja porque ela suporta pressões especiais. Há dois tipos de hérnias1 inguinais que ocorrem com mais frequência, a direta e a indireta. A direta forma-se em um ponto enfraquecido da parede abdominal17 inguinal, permitindo a penetração de um segmento do intestino na bolsa escrotal. A indireta se forma pela passagem da alça intestinal para o interior da bolsa que envolve o testículo18 através do anel herniário (canal inguinal19). Elas tendem a se agravar com todas aquelas situações que implicam em aumento da pressão intra-abdominal (esforço para evacuar, constipação20 intestinal crônica, exercícios físicos, etc.); obesidade21; tabagismo; doenças da próstata22, do coração23 ou do fígado24. A correção delas consiste em recolocar o seu conteúdo para dentro da cavidade abdominal3 e fechar o orifício com uma tela sintética.
- Hérnia4 umbilical: a hérnia4 umbilical pode estar presente desde o nascimento (hérnia4 congênita25) ou ser adquirida ao longo da vida e é causada por um defeito de oclusão da cicatriz umbilical26. Na maioria das vezes, a hérnia4 umbilical congênita25 se fecha espontaneamente até os quatro anos de idade, mas caso ela persista além disso será necessário tratamento cirúrgico. Em adultos, a hérnia4 umbilical raramente desaparece e a tendência é que vá aumentando progressivamente de tamanho. Ocorre tanto em homens como em mulheres, associada à elevação da pressão intra-abdominal (exercício físico, carregar peso, levantar-se da cama, força da evacuação, etc.). Nas mulheres pode estar associada à gravidez27. O tratamento é simples e consiste na sutura28 do defeito umbilical.
- Hérnia4 epigástrica: As hérnias1 epigástricas incidem na linha mediana do abdome2, acima ou abaixo da cicatriz umbilical26 e deve-se a aberturas entre os músculos29 retos abdominais. Podem ocorrer mais de uma ao mesmo tempo. Tanto elas, como as hérnias1 umbilicais apresentam baixo índice de recidiva30 e, se pequenas, podem desaparecer espontaneamente.
- Hérnia4 femoral: a hérnia4 femoral (ou crural) é uma protrusão do conteúdo da cavidade abdominal3 ou da pelve31 através do canal femoral. O canal femoral ocupa a parte medial da bainha femoral e estende-se desde o anel femoral até o orifício da veia safena. A hérnia4 femoral em geral é adquirida, possivelmente resultante de um aumento da pressão intra-abdominal. É o terceiro tipo mais incidente32 entre as hérnias1 abdominais e tende a aumentar de frequência com a idade, em virtude do enfraquecimento dos tecidos, próprio do envelhecimento. Habitualmente as hérnias1 femorais são assintomáticas, mas às vezes se manifestam por dor local, protrusão na virilha ou, se for o caso, pelos sintomas7 de encarceramento ou de estrangulamento que esse tipo de hérnia4 pode apresentar.
- Hérnia4 incisional: as hérnias1 incisionais resultam do enfraquecimento da parede abdominal17 ou da cicatrização inadequada das incisões33 em locais do abdome2 que tenham sido submetidos à cirurgia. Este tipo de hérnia4 tem altos índices de recidiva30 e complicações. Elas são facilitadas por infecções34 da ferida cirúrgica; obesidade21; uso de corticoides e de quimioterapia35; tosse ou complicações respiratórias no pós-operatório; má nutrição36 e idade avançada. Em hérnias1 pequenas, o tratamento pode ser feito apenas com a sutura28 simples do defeito da parede abdominal17, mas nos casos de hérnias1 grandes ou em pacientes obesos há a necessidade de colocação de uma tela apropriada.
Quais são os sinais37 e sintomas7 das hérnias1 abdominais?
O sinal38 mais ostensivo das hérnias1 abdominais é a protrusão que elas provocam na parede do abdome2, a qual aumenta de volume com o esforço físico. Algumas delas são assintomáticas, mas quando há sintomas7 os mais comuns são: sensação de desconforto na região afetada, dor no local, náuseas8 e vômitos9.
Como é o tratamento das hérnias1 abdominais?
Embora haja tratamentos paliativos39 para as hérnias1, a solução definitiva é cirúrgica, com recomposição da parede enfraquecida e reposição da estrutura herniada. Algumas protrusões herniárias podem ser reduzidas com as mãos40, recolocando-se os conteúdos das hérnias1 em seus locais originais. Isso, no entanto, deve ser feito cuidadosamente, por pessoa especializada e não se aplica a todas as hérnias1.
Antigamente, as cintas compressoras da parede lesionada eram muito utilizadas e, com menor frequência, ainda são.
Como evoluem as hérnias1 abdominais?
Uma vez iniciadas, a maioria das hérnias1 vai crescendo progressivamente, podendo chegar a tamanhos impressionantemente grandes. Algumas se estabilizam em definitivo e as estruturas herniadas exercem normalmente suas funções dentro do saco herniário (hérnias1 encarceradas). Outras sofrem “estrangulamento”, uma situação grave que demanda cirurgia de emergência11.
Quais são as complicações possíveis das hérnias1 abdominais?
A complicação mais comum e mais grave é o “estrangulamento” da estrutura herniada, que, como dito anteriormente, constitui uma situação médica grave e de emergência11 e que requer cirurgia imediata. Na maioria das vezes, implica em perda de um segmento intestinal. Se a parte estrangulada se romper, quase fatalmente levará a uma peritonite12 e a uma septicemia13, situações potencialmente mortais. Essa possibilidade é maior com as hérnias1 de médio tamanho, já que as muito pequenas não chegam a encarcerar estruturas capazes de sofrer estrangulamento e as muito grandes acomodam bem as estruturas dentro do orifício herniado.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.