Lipedema - características, diagnóstico e o que fazer
O que é lipedema?
O lipedema, ou lipoedema, é uma doença crônica caracterizada por um acúmulo excessivo, bilateral e simétrico de tecido gorduroso1 na camada subcutânea2 da parte inferior do corpo, principalmente nas pernas e tornozelos, combinado com uma tendência de inchaço3 que piora ao ficar de pé. A condição foi primeiramente descrita por Allen e Hines em 1940.
Quais são as causas do lipedema?
A causa exata do lipedema continua desconhecida, mas suspeita-se que os hormônios femininos e a genética possam estar envolvidos. Essas suspeitas se justificam porque a condição predomina abundantemente em mulheres e aparece ou se agrava por ocasião da puberdade, menopausa4 ou gravidez5, e porque é comum ver-se o mesmo problema em vários indivíduos de uma mesma família.
Veja também sobre "Linfedema", "Pernas inchadas" e "Drenagem6 linfática".
Qual é o substrato fisiológico7 do lipedema?
O lipedema é o acúmulo de proteínas8 no interstício9 (entre as células10), além de uma alteração histológica11 que ocorre de forma gradativa. O hormônio12 feminino estrogênio é responsável pelo controle da lipogênese (produção de gordura13) e da lipólise (degradação de gordura13) pelo organismo. Alterações em seus receptores podem levar à diminuição da lipólise corporal.
Por sua vez, a proliferação dos adipócitos14 que ocorre nas pacientes com lipedema pode levar à compressão dos capilares15 sanguíneos, causando hipóxia16. Consequentemente há a infiltração de macrófagos17 e produção de citocinas18 e mediadores inflamatórios, causando disfunções endoteliais e aumento da permeabilidade19 dos vasos, levando ao edema20 e favorecendo a formação de hematomas21.
As alterações linfáticas formam um círculo vicioso com essas alterações venosas. O aumento do edema20 leva à compressão dos vasos linfáticos, o que acaba por criar também um certo grau de linfedema. O fluido linfático22 acumulado estimula o crescimento dos adipócitos14, causando hipóxia16 e consequentemente edema20, iniciando novamente o círculo.
Quais são as características clínicas do lipedema?
O lipedema ocorre na maioria das vezes em mulheres e leva ao aumento exagerado da circunferência do quadril e das pernas, até os tornozelos, bilateralmente. Os braços raramente são afetados e os pés e as mãos23 nunca o são. Costuma aparecer após a puberdade ou gravidez5. Algumas pacientes com lipedema são obesas, porém a maioria possui peso ideal e apresenta desproporcionalidade ao comparar suas pernas com o resto do corpo.
No estágio inicial do lipedema, a pessoa sente as pernas pesadas, mas ainda tem cintura estreita e parte superior do corpo proporcionalmente muito menor. Ela pode ter um bumbum, coxas24 e pernas grandes, mas seus pés geralmente não serão afetados. Às vezes, o lipedema pode afetar os braços também, mas as mãos23 geralmente não são afetadas.
A pele25 afetada fica macia, maleável e fria e pode apresentar covinhas com uma textura de "casca de laranja". O lipedema também pode causar dor nos joelhos, pés chatos e problemas nas articulações26, o que pode dificultar a marcha.
Como o médico diagnostica o lipedema?
O diagnóstico27 é feito com base nos sintomas28 e no exame clínico e deve seguir os seguintes critérios:
- ocorrência quase exclusivamente em mulheres;
- apresentação bilateral e simétrica com envolvimento mínimo dos pés ou mãos23;
- quase não ocorre a fóvea (depressão) cutânea29 quando a pele25 é pressionada;
- hipersensibilidade;
- dor;
- produção fácil de hematoma30.
Como tratar o lipedema?
Não existe um tratamento eficaz. Os tratamentos disponíveis se concentram no controle dos sintomas28. O manejo para aliviar os sintomas28 e prevenir a progressão do lipedema envolve exercícios, dieta e cuidados com a nutrição33, suporte emocional e controle de problemas de saúde34 coexistentes que podem causar inchaço3 nas pernas.
O fisioterapeuta pode ter uma atuação direta na drenagem6 linfática manual, técnicas de compressão e mobilização física que podem diminuir o edema20, melhorar o aspecto da pele25 e diminuir a dor.
A lipoaspiração tem se mostrado uma opção segura para o lipedema, com vários benefícios para a pessoa afetada: diminuição da circunferência e melhora da aparência dos membros inferiores, melhora da dor, da movimentação e do edema20 e diminuição da fragilidade capilar35. A lipoaspiração, no entanto, não cura o lipedema e seu reaparecimento é possível. Portanto, a paciente não deve abandonar seu tratamento conservador, como drenagem6 linfática e uso de malhas compressivas.
A cirurgia para excisão da gordura13 pode ser considerada se as terapias conservadoras e de suporte não forem eficazes.
Saiba mais: "Dores articulares", "Lipoma36", "Perder peso e manter o peso alcançado por mais tempo" e "Como calcular seu IMC37".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do GARD – Genetic and Rare Diseases Information Center e do NHS – National Health Service.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.