Você já ouviu falar em linfedema ou elefantíase?
O que é linfedema?
O linfedema (popularmente chamado de elefantíase) é um inchaço1 que geralmente ocorre em um ou em ambos os braços ou pernas. Esse edema2 difere em suas características clínicas dos edemas3 vasculares4 comuns, sendo um edema2 duro e frio, com pele5 espessada e endurecida e que pode durar por toda a vida.
Quais são as causas do linfedema?
O linfedema mais comumente é causado por danos ou remoção dos gânglios linfáticos6, muitas vezes como parte do tratamento de um câncer7. Isso pode ocorrer também por doenças ou outras condições que obstruam os vasos linfáticos.
O linfedema é dito primário (ou hereditário) quando ocorre por si próprio ou secundário quando é causado por doença ou outra condição. O linfedema primário, em que a pessoa nasce sem vasos ou gânglios linfáticos6, é uma condição rara. O linfedema secundário, embora também pouco frequente, é muito mais comum do que o primário e pode ser causado por remoção cirúrgica dos gânglios8 e vasos linfáticos em casos de câncer7 de mama9 ou dos testículos10, por tratamentos de irradiação, que podem causar cicatrizes11 ou inflamações12 dos gânglios8 e vasos, por bloqueio direto dos vasos pelo câncer7 ou por infecções13 dos gânglios linfáticos6 ou parasitas que podem restringir o fluxo da linfa14. O linfedema pode ser favorecido pela idade avançada, obesidade15 ou artrite reumatoide16.
Qual é a fisiopatologia17 do linfedema?
A linfa14 é um fluido transparente, produzido quando o sangue18 atravessa os vasos capilares19 e extravasa para o corpo, porque os capilares19 deixam passar o plasma20, contendo oxigênio, proteínas21, glicose22 e glóbulos brancos, e não os glóbulos sanguíneos23 vermelhos. Ela pertence ao sistema imune24 e serve à defesa imunológica das pessoas. Dois líquidos circulam normalmente pelo corpo, num sistema de vasos: o sangue18 e a linfa14. Normalmente, o fluido linfático25 circula por todo o corpo, coletando bactérias, vírus26 e restos metabólicos e os transporta através dos vasos linfáticos, que os levam para os gânglios linfáticos6 (também conhecidos como nódulos linfáticos), onde essas substâncias são filtradas e finalmente liberadas no sangue18. Qualquer bloqueio da circulação linfática27 impede que a linfa14 seja drenada regularmente, levando a um acúmulo dela nas áreas afetadas e, assim, ao inchaço1.
Quais são os principais sinais28 e sintomas29 do linfedema?
As pessoas afetadas pelo linfedema podem não desenvolver sintomas29 imediatamente após as lesões30 do sistema linfático31, os quais podem só ocorrer vários anos depois. Quando ocorrem, os principais sinais28 e sintomas29 do linfedema incluem inchaço1 dos braços ou pernas e também dos dedos, sensação de peso ou aperto, restrição de movimentos, dor ou desconforto, infecções13 recorrentes, endurecimento e espessamento da pele5. O inchaço1 causado por linfedema varia de leve e quase imperceptível a mudanças extremas, com grande aumento de volume.
Os membros inchados ficam mais vulneráveis e mesmo lesões30 pequenas na pele5, tais como cortes, arranhões, picadas de inseto ou pequenas micoses podem provocar uma infecção32 grave.
Como o médico diagnostica o linfedema?
O linfedema pode ser diagnosticado a partir de seus sinais28 e sintomas29 e o médico pode ainda pedir exames de imagem para analisar o sistema linfático31 do paciente. Os testes podem incluir ressonância magnética33, tomografia computadorizada34, ultrassonografia35 com Doppler, linfocintilografia (injeção36 de substância radioativa captada por aparelho apropriado para traçar o fluxo da linfa14 através dos vasos linfáticos) e linfangiografia (injeção36 de contraste diretamente nos vasos linfáticos), atualmente muito raramente solicitada.
Como o médico trata o linfedema?
Não há uma cura definitiva para o linfedema. Os tratamentos conservadores se concentram na redução do inchaço1, controle da dor e incluem exercícios leves com o membro afetado, envolver o braço ou a perna numa bandagem apertada para fazer o fluido linfático25 circular melhor, massagens especiais, chamadas drenagem37 linfática manual, compressão pneumática, com uma luva usada sobre o braço ou perna que se conecta a uma bomba que a infla e esvazia de forma intermitente38. Alguns fármacos podem ser prescritos para problemas especiais, como os antibióticos, em casos de infecções13. Em casos de linfedema grave, o médico pode sugerir uma cirurgia para remover o excesso de tecido39 e reduzir o inchaço1.
Como prevenir o linfedema?
Não há maneira de prevenir o linfedema, a não ser evitando, quando possível, as suas causas. Quem tem linfedema deve procurar evitar cortes, arranhões e queimaduras no membro afetado para evitar infecções13. Se possível, o paciente também deve evitar procedimentos médicos em seu membro afetado, como exames de sangue18, vacinas e injeções musculares ou venosas. Além destas medidas, deve elevar o braço ou perna sempre que possível, evitar a aplicação de frio ou calor no membro e não andar descalço.
Como evolui o linfedema?
O linfedema pode só aparecer alguns anos após as lesões30 do sistema linfático31 e ir aumentando progressivamente até se estabilizar, podendo durar por toda a vida.
Quais são as complicações possíveis do linfedema?
O linfedema pode levar a complicações graves, tais como infecções13 bacterianas da pele5 (celulite40) e/ou dos vasos linfáticos (linfangite41). O menor prejuízo para o seu braço ou perna pode ser um ponto de entrada para a infecção32. Os linfedemas não tratados podem evoluir para linfangiossarcoma, o que, no entanto, é raro.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.