Convulsões emocionais
O que são “convulsões” emocionais?
Não há epilepsia1 de causa emocional, embora causas emocionais possam funcionar como gatilho para desencadear crises convulsivas verdadeiras em indivíduos que sofrem de epilepsia1. Mas há crises de natureza emocional em pacientes psiquiátricos que simulam as convulsões da epilepsia1 (pseudocrises), as quais no entanto não envolvem descargas elétricas anormais no cérebro2.
Quais são as causas das “convulsões” emocionais?
As “convulsões” emocionais são uma manifestação conversiva. Pessoas que não conseguem expressar seus sofrimentos por meio da fala os expressam por meio de sintomas3 orgânicos no próprio corpo. Algumas pessoas o fazem por meio de manifestações que imitam as convulsões da epilepsia1.
A raiz dessas “convulsões” sempre reside em algum acontecimento psicológico muito sofrido, com o qual a pessoa não consegue lidar racionalmente. Mais frequentemente são situações amorosas desfavoráveis, humilhações, abandonos, etc.
Leia sobre "Convulsões", "Crise convulsiva febril", "Crises de ausência" e "Epilepsias".
Quais são as características clínicas das “convulsões” emocionais?
Há como diferenciar essas pseudocrises epilépticas das verdadeiras crises epilépticas. Embora o prefixo “pseudo” possa sugerir que essas crises não sejam verdadeiras, deve-se perceber que ele se aplica apenas à natureza epiléptica das crises. As crises em si, nada têm de pseudo; são verdadeiras crises de outra natureza que não neurológica. É uma crise “que parece, mas não é” uma convulsão4 epiléptica, porém, é uma verdadeira crise psicogênica5.
Embora para o leigo as verdadeiras crises epilépticas possam ser confundidas com essas pseudocrises, para os especialistas, na maioria das vezes, há elementos diferenciais nítidos, embora também eles possam ter dificuldade de diferenciá-las em alguns casos.
Alguns dados diferenciais são:
- As crises “convulsivas” psicogênicas costumam ser muito mais demoradas que uma crise convulsiva epiléptica, que só dura alguns minutos.
- Nas crises epilépticas, geralmente os pacientes permanecem de olhos6 abertos, ao contrário das crises psicogênicas, em que os pacientes ficam de olhos6 forçadamente fechados, exibindo um tremor das pálpebras7, e mostram alguma resistência quando se procura abri-los.
- Nas crises epilépticas, os pacientes mostram palidez, visto que o sangue8 migra da pele9 para os músculos10 e órgãos internos; já nas crises de natureza psicológica, os pacientes não apresentam esse sintoma11.
- Nas crises epilépticas é comum o paciente ficar roxo ou cianótico12, porque há um período longo de apneia13 (ausência de respiração). Nas crises psicogênicas isso não ocorre.
- Nas crises epilépticas é comum que o paciente apresente uma salivação espumante excessiva que lhe escorre da boca14, devido tanto à compressão das glândulas salivares15 ocasionada pelas contrações musculares como pela ausência de deglutição16. Nas crises psicogênicas, os pacientes não apresentam saliva ou apresentam saliva não espumante.
- Nas crises epilépticas os pacientes em geral apresentam mordeduras na língua17, às vezes graves, em resultado ao estado de relaxamento da língua17 que se interpõe entre os dentes durante as contrações dos músculos mastigatórios18. Nas crises psicogênicas, os pacientes não apresentam mordidas na língua17.
- Nas crises epilépticas, os pacientes caem inconscientes em qualquer lugar e de qualquer maneira, podendo se ferir gravemente. Nas crises psicogênicas, eles procuram cair em um lugar que apresente algum grau de segurança para não se machucarem.
- As crises epilépticas podem ocorrer aleatoriamente em qualquer lugar, inclusive durante o sono. As crises psicogênicas ocorrem sempre na presença de outras pessoas e perto delas, e em seguida a algum aborrecimento emocional, de modo que têm, pois, um papel de comunicação.
- Os pacientes acordam das crises epilépticas ainda confusos e levam um certo tempo para se recuperarem integralmente. Os pacientes com crises psicogênicas “acordam” mais bem orientados.
- As crises convulsivas normalmente começam em sua intensidade máxima e vão diminuindo aos poucos, o que não se observa nas crises psicogênicas ou, eventualmente, até acontece o contrário.
- As crises convulsivas seguem um curso mais ou menos padrão em todas as pessoas. Os pacientes com crises psicogênicas costumam adotar posturas inusitadas e até bizarras durante as crises, como opistótonos (posição anormal causada por fortes espasmos19 musculares) forçados e exagerados.
- As crises epilépticas ocorrem igualmente em homens e mulheres. As crises psicogênicas ocorrem mais frequentemente em mulheres.
- Nas crises epilépticas, o eletroencefalograma20 mostra evidentes descargas elétricas neuronais. Nas crises psicogênicas isso não ocorre.
Como o médico diagnostica as “convulsões” emocionais?
Não há nenhum exame específico que diagnostique as “convulsões” psicogênicas. O diagnóstico21 delas se baseia na observação dos sinais22 acima e de exames que excluam outras enfermidades, principalmente a epilepsia1. O médico também procurará saber sobre o histórico de saúde23 mental do paciente.
Uma avaliação neurológica é sempre fundamental a fim de se ter certeza de que não se trata de crises epilépticas verdadeiras, com causas físicas e não apenas emocionais.
Como tratar as “convulsões” emocionais?
O tratamento deve ser focado na solução dos problemas psicológicos de base, o controle dos quais fará com que as convulsões cessem. A psicoterapia é essencial para ajudar o paciente a lidar com os fatores estressores24, alterar os padrões de pensamento e adotar novos comportamentos. Os medicamentos podem ser necessários para minimizar alguns sintomas3, mas não é tratamento para as condições subjacentes.
Veja também sobre "Crise parcial complexa", "Eletroencefalograma20" e "Melatonina".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Mayo Clinic e da Cleveland Clinic.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.