Sangramento retal
O que é sangramento retal?
Tradicionalmente, chama-se de sangramento retal a eliminação de sangue1 pelo ânus2, esfíncter3 de fechamento da parte terminal do intestino, chamada reto4. Nem sempre essa denominação está bem adequada, porque o sangue1 eliminado nem sempre provém exatamente do reto4, e pode indicar sangramento em outro nível do aparelho digestivo5.
Essa eliminação terá características diferentes conforme o local em que o sangramento esteja ocorrendo. Ela tende a ser de sangue1 vivo nos casos de sangramentos baixos (cólon6 ou reto4) e de sangue1 digerido, misturado às fezes, nos casos de sangramentos mais altos (esôfago7 e estômago8).
Toda vez que o paciente perde pequena quantidade de sangue1 pelo ânus2, diz-se que ele teve um sangramento retal, mesmo que a origem da hemorragia9 não seja necessariamente o reto4, porção final do intestino grosso10.
Quais são as causas de sangramento retal?
A presença de sangue1 vivo puro ou de sangue1 vivo rutilante misturado às fezes pode ser consequência de fissura11 anal, colite12, doença diverticular ou hemorroidas13. A presença de sangue1 digerido misturado às fezes, visível macroscopicamente ou não, em geral deve-se a úlcera14 ou colites.
Os dois tipos de sangramento (vivo ou digerido) podem ocorrer nos casos de câncer15, na dependência do volume e da localização do tumor16.
Segundo a Cleveland Clinic, a causa mais comum de todos os sangramentos retais são as hemorroidas13.
Leia sobre "Hemorroidas13", "Melena17 e Hematêmese18", "Constipação19 intestinal", "Trombose20 hemorroidária" e "Fissura11 anal".
Qual é o substrato fisiopatológico do sangramento retal?
O sangramento retal pode ser constituído pela eliminação de sangue1 puro, de sangue1 misturado às fezes ou de sangue1 digerido, que faz com que as fezes se tornem mal cheirosas e confere a elas uma coloração mais escura, denominada “borra de café”
Quanto mais intensa e mais próxima ao ânus2 estiver a lesão21 que der origem ao sangramento, mais o sangue1 manterá seu aspecto rutilante. Quanto menor e mais próxima ao estômago8 ela for, mais aparecerá como sangue1 digerido. Os sangramentos ao nível do esôfago7 e do estômago8 podem aparecer sob a forma de vômitos22 e não de eliminação retal.
Quais são as características clínicas do sangramento retal?
O sangramento anal pode assustar as pessoas, mas na maioria das vezes ele é benigno e sua causa não é grave. A presença de sangue1 nas fezes é sinal23 de que há uma lesão21 sangrante em algum ponto do trato gastrointestinal, podendo a origem dele ser desde o esôfago7 até o ânus2. Pode-se ter:
- Hemorragia digestiva alta24, que é um sangramento que ocorre no trato gastrointestinal superior25, ou seja, duodeno26, estômago8 ou esôfago7.
- Hemorragia9 digestiva baixa, que é um sangramento que ocorre no trato gastrointestinal inferior27, isto é, intestino delgado28, intestino grosso10, reto4 ou ânus2.
Além da localização, o sangramento retal também pode ser classificado de acordo com as suas características:
- Hematoquezia29 é o nome dado à presença de sangue1 vivo em pequena ou moderada quantidade que fica misturado às fezes e que só aparece quando o paciente defeca. É um sinal23 típico de pequenos sangramentos digestivos baixos.
- Melena17 é o nome dado às fezes negras, habitualmente pastosas e com odor muito forte, que surgem nos sangramentos digestivos altos, geralmente de origem no estômago8 ou duodeno26. Sangramentos de pequena monta do trato digestivo alto geralmente se misturam às fezes e passam despercebidos pelos pacientes, sendo detectados apenas por exames laboratoriais, como a pesquisa de sangue1 oculto nas fezes.
- Enterorragia é o nome dado à presença de sangue1 vivo em grande volume e habitualmente associado à dor abdominal.
Como o médico diagnostica o sangramento retal?
O diagnóstico30 parte de uma boa história clínica que avalie os sintomas31 e as alterações do regime defecatório, seguida de um detido exame físico. As características do sangramento podem ser observadas nas fezes pelo próprio paciente e, eventualmente, pelo médico. Algumas das lesões32 que provocam sangramento, como tumorações, por exemplo, podem ser localizadas em exames de imagens, como ultrassonografia33 ou ressonância magnética34. Uma colonoscopia35 é necessária para localizar o sangramento e caracterizar e biopsiar a lesão21.
O sangue1 expulso na sua forma natural deixa uma mancha característica na roupa ou no papel higiênico, facilmente reconhecível. O sangue1 digerido e misturado às fezes faz com que elas assumam o aspecto escurecido ou de “borra de café”. Se o sangue1 for em pequena quantidade, pode ser detectado em laboratório num exame chamado “sangue1 oculto nas fezes”, que pode, inclusive, avaliar a presença de quantidades muito pequenas de sangue1, as quais podem nem ser visíveis a olho36 nu.
Como o médico trata o sangramento retal?
O tratamento do sangramento retal envolve, quando possível, a eliminação da lesão21 que esteja sangrando e comporta tanto medidas medicamentosas como não medicamentosas. As primeiras envolvem terapia local (cremes e pomadas) em casos de hemorroidas13 ou fístulas37 anais e em casos de dor ou coceira. Entre as segundas, contam-se dieta rica em fibras alimentares, ingestão suficiente de líquidos e não resistir ao reflexo de defecação.
Em alguns casos de hemorroidas13, fístulas37 ou tumores uma intervenção cirúrgica pode ser necessária.
Veja mais sobre "Câncer15 Colorretal", "Toque retal", "Sangue1 nas fezes", "Exame de sangue1 oculto nas fezes" e "Colonoscopia35".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Sociedade Brasileira de Medicina da Família e Comunidade, do National Health Service – UK e da Cleveland Clinic.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.