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Hipoparatireoidismo

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O que são paratireoides?

As paratireoides são quatro pequenas glândulas endócrinas1, que medem cerca de 3 x 6 milímetros, com peso total de, aproximadamente, 0,4 gramas (cada uma delas tem o tamanho médio de um grão de arroz), localizadas atrás da tireoide2, bem juntas a ela. Elas fabricam e liberam o paratormônio (PTH), que é o principal responsável pelos níveis de cálcio e fósforo no sangue3, entre outras funções.

O que é hipoparatireoidismo?

O hipoparatireoidismo é uma condição rara que ocorre quando as glândulas4 paratireoides não produzem PTH suficiente, ou deixam de produzi-lo, ou quando mesmo produzindo-o, há uma resistência orgânica à ação dele.

Quais são as causas do hipoparatireoidismo?

Existem dois grandes grupos de causas de hipoparatireoidismo:

  1. Quando o paratormônio é produzido em quantidades insuficientes ou não é produzido.
  2. Quando há uma resistência à sua ação e ele não funciona adequadamente.

A causa mais comum de hipoparatireoidismo pertence ao primeiro desses grupos e ocorre após a cirurgia de tireoide2, em que as glândulas4 paratireoides são acidentalmente lesionadas ou removidas. Outras causas neste grupo podem ocorrer por radioterapia5 do pescoço6, doença autoimune7, hemocromatose8, amiloidose9 ou granulomatose.

O segundo grupo de causas é mais raro e se relaciona com a resistência à ação do paratormônio por uma deficiência de magnésio e pelo uso de certos medicamentos.

Existe também um hipoparatireoidismo hereditário, no qual a pessoa nasce sem as glândulas4 paratireoides ou elas não funcionam corretamente.

Saiba mais sobre "Hemocromatose8", "Amiloidose9", "Doenças autoimunes10" e "Cirurgia da tireoide2".

Qual é o substrato fisiológico11 do hipoparatireoidismo?

Em alguns casos, quando a tireoide2 é retirada, as paratireoides, por serem muito aderidas a ela ou dependerem de receber sua nutrição12 pelos vasos sanguíneos13 da tireoide2, acabam sendo involuntariamente removidas ou sofrendo isquemia14, e assim param de funcionar.

O PTH é um hormônio15 antagônico da calcitonina16, produzida pelas células17 C da tireoide2. A atuação conjunta das duas substâncias mantém a taxa de cálcio em equilíbrio, em um valor médio de 10 mg / 100 ml. Quando a concentração de cálcio no sangue3 aumenta, pode ocorrer depósito do mineral nos ossos e demais estruturas do organismo; ao contrário, quando a concentração diminui, o PTH atua nos osteoclastos18 (células17 que atuam na remodelação dos ossos), solubilizando o cálcio. Se o cálcio no sangue3 diminui, a absorção dele no intestino e a reabsorção nos rins19 aumentam, procurando compensar a deficiência do mineral.

Embora a principal função do PTH seja regular o nível de cálcio no corpo, ele também controla o nível de fósforo e tem um papel na produção da vitamina20 D, necessária para manter o equilíbrio do cálcio.

Quais são as características clínicas do hipoparatireoidismo?

O PTH é a chave para regular e manter o equilíbrio de dois minerais no corpo: o cálcio e fósforo. Ter muito pouco PTH causa baixos níveis de cálcio e altos níveis de fósforo. Essa condição pode não causar problemas médicos sérios quando detectada precocemente, mas requer monitoramento e tratamento por toda a vida.

Baixos níveis de cálcio podem causar dores musculares ou cãibras, formigamento, queimação ou dormência21 nas pontas dos dedos e nos lábios, espasmos22 musculares, queda de cabelos, pele23 seca, unhas24 quebradiças, fadiga25, ansiedade, depressão e menstruação26 dolorosa. Crianças com hipoparatireoidismo também podem ter dores de cabeça27, vômitos28, problemas dentários ou desenvolvimento deficiente dos dentes.

Como o médico diagnostica o hipoparatireoidismo?

O médico deve começar revisando o histórico clínico do paciente e em seguida fazer um exame físico para verificar se há sinais29 como pele23 seca, espasmos22 musculares e queda de cabelo30. Ele pode também pedir análises de sangue3 para verificar os níveis de cálcio, fósforo, magnésio e PTH. Poderá também testar o cálcio na urina31, solicitar um eletrocardiograma32 para medir a atividade elétrica do coração33 e se há extrassístoles e pedir uma radiografia para determinar se os níveis baixos de cálcio afetaram os ossos. O médico também deve verificar o desenvolvimento anormal dos dentes e atrasos nos marcos do desenvolvimento para diagnosticar essa condição em crianças.

Como o médico trata o hipoparatireoidismo?

O tratamento para essa condição deve ajudar a restaurar os níveis adequados de cálcio e minerais do corpo. De início, o tratamento envolve a ingestão de suplementos de carbonato de cálcio e vitamina20 D, que ajuda o corpo a absorver o cálcio e eliminar o fósforo. A maioria das pessoas precisa tomar suplementos pelo resto de suas vidas para tratar essa condição, na dependência de sua causa.

O médico monitorará periodicamente os níveis cálcio, fósforo, magnésio e PTH para garantir que estejam dentro da faixa normal. Se os níveis de cálcio estiverem criticamente muito baixos ou se o paciente estiver tendo espasmos22 musculares insuportáveis, o cálcio pode ser administrado por via intravenosa.

O hipoparatireoidismo pode resultar em várias complicações: dentes malformados, problemas com a função renal34, arritmias35 cardíacas, desmaios, crescimento atrofiado, desenvolvimento mental lento, depósitos de cálcio no cérebro36 e visão37 turva devido à catarata38.

Leia também sobre "Hiperparatireoidismo", "Hipertireoidismo39" e "Hipotireoidismo40".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Mayo Clinic, da Society for Endocrinology e da Parathyroid UK.

ABCMED, 2020. Hipoparatireoidismo. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1379483/hipoparatireoidismo.htm>. Acesso em: 23 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Glândulas endócrinas: Grupo de células especializadas em liberar hormônios na corrente sangüínea. Por exemplo, as células das ilhotas pancreáticas que secretam insulina são glândulas endócrinas.
2 Tireoide: Glândula endócrina altamente vascularizada, constituída por dois lobos (um em cada lado da TRAQUÉIA) unidos por um feixe de tecido delgado. Secreta os HORMÔNIOS TIREOIDIANOS (produzidos pelas células foliculares) e CALCITONINA (produzida pelas células para-foliculares), que regulam o metabolismo e o nível de CÁLCIO no sangue, respectivamente.
3 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
4 Glândulas: Grupo de células que secreta substâncias. As glândulas endócrinas secretam hormônios e as glândulas exócrinas secretam saliva, enzimas e água.
5 Radioterapia: Método que utiliza diversos tipos de radiação ionizante para tratamento de doenças oncológicas.
6 Pescoço:
7 Autoimune: 1. Relativo à autoimunidade (estado patológico de um organismo atingido por suas próprias defesas imunitárias). 2. Produzido por autoimunidade. 3. Autoalergia.
8 Hemocromatose: Distúrbio metabólico caracterizado pela deposição de ferro nos tecidos em virtude de seu excesso no organismo. Os locais em que o ferro mais se deposite são fígado, pâncreas, coração e hipófise.
9 Amiloidose: Amiloidose constitui um grupo de doenças nas quais certas proteínas, que normalmente seriam solúveis, se depositam extracelularmente nos tecidos na forma de fibrilas insolúveis.
10 Autoimunes: 1. Relativo à autoimunidade (estado patológico de um organismo atingido por suas próprias defesas imunitárias). 2. Produzido por autoimunidade. 3. Autoalergia.
11 Fisiológico: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
12 Nutrição: Incorporação de vitaminas, minerais, proteínas, lipídios, carboidratos, oligoelementos, etc. indispensáveis para o desenvolvimento e manutenção de um indivíduo normal.
13 Vasos Sanguíneos: Qualquer vaso tubular que transporta o sangue (artérias, arteríolas, capilares, vênulas e veias).
14 Isquemia: Insuficiência absoluta ou relativa de aporte sanguíneo a um ou vários tecidos. Suas manifestações dependem do tecido comprometido, sendo a mais frequente a isquemia cardíaca, capaz de produzir infartos, isquemia cerebral, produtora de acidentes vasculares cerebrais, etc.
15 Hormônio: Substância química produzida por uma parte do corpo e liberada no sangue para desencadear ou regular funções particulares do organismo. Por exemplo, a insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas que diz a outras células quando usar a glicose para energia. Hormônios sintéticos, usados como medicamentos, podem ser semelhantes ou diferentes daqueles produzidos pelo organismo.
16 Calcitonina: Hormônio secretado pela glândula tireoide que inibe a perda de cálcio dos ossos.
17 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
18 Osteoclastos: Célula que garante a destruição do tecido ósseo.
19 Rins: Órgãos em forma de feijão que filtram o sangue e formam a urina. Os rins são localizados na região posterior do abdômen, um de cada lado da coluna vertebral.
20 Vitamina: Compostos presentes em pequenas quantidades nos diversos alimentos e nutrientes e que são indispensáveis para o desenvolvimento dos processos biológicos normais.
21 Dormência: 1. Estado ou característica de quem ou do que dorme. 2. No sentido figurado, inércia com relação a se fazer alguma coisa, a se tomar uma atitude, etc., resultando numa abulia ou falta de ação; entorpecimento, estagnação, marasmo. 3. Situação de total repouso; quietação. 4. No sentido figurado, insensibilidade espiritual de um ser diante do mundo. Sensação desagradável caracterizada por perda da sensibilidade e sensação de formigamento, e que geralmente ocorre nas extremidades dos membros. 5. Em biologia, é um período longo de inatividade, com metabolismo reduzido ou suspenso, geralmente associado a condições ambientais desfavoráveis; estivação.
22 Espasmos: 1. Contrações involuntárias, não ritmadas, de um ou vários músculos, podendo ocorrer isolada ou continuamente, sendo dolorosas ou não. 2. Qualquer contração muscular anormal. 3. Sentido figurado: arrebatamento, exaltação, espanto.
23 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
24 Unhas: São anexos cutâneos formados por células corneificadas (queratina) que formam lâminas de consistência endurecida. Esta consistência dura, confere proteção à extremidade dos dedos das mãos e dos pés. As unhas têm também função estética. Apresentam crescimento contínuo e recebem estímulos hormonais e nutricionais diversos.
25 Fadiga: 1. Sensação de enfraquecimento resultante de esforço físico. 2. Trabalho cansativo. 3. Redução gradual da resistência de um material ou da sensibilidade de um equipamento devido ao uso continuado.
26 Menstruação: Sangramento cíclico através da vagina, que é produzido após um ciclo ovulatório normal e que corresponde à perda da camada mais superficial do endométrio uterino.
27 Cabeça:
28 Vômitos: São a expulsão ativa do conteúdo gástrico pela boca. Podem ser classificados em: alimentar, fecalóide, biliar, em jato, pós-prandial. Sinônimo de êmese. Os medicamentos que agem neste sintoma são chamados de antieméticos.
29 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
30 Cabelo: Estrutura filamentosa formada por uma haste que se projeta para a superfície da PELE a partir de uma raiz (mais macia que a haste) e se aloja na cavidade de um FOLÍCULO PILOSO. É encontrado em muitas áreas do corpo.
31 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
32 Eletrocardiograma: Registro da atividade elétrica produzida pelo coração através da captação e amplificação dos pequenos potenciais gerados por este durante o ciclo cardíaco.
33 Coração: Órgão muscular, oco, que mantém a circulação sangüínea.
34 Renal: Relacionado aos rins. Uma doença renal é uma doença dos rins. Insuficiência renal significa que os rins pararam de funcionar.
35 Arritmias: Arritmia cardíaca é o nome dado a diversas perturbações que alteram a frequência ou o ritmo dos batimentos cardíacos.
36 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
37 Visão: 1. Ato ou efeito de ver. 2. Percepção do mundo exterior pelos órgãos da vista; sentido da vista. 3. Algo visto, percebido. 4. Imagem ou representação que aparece aos olhos ou ao espírito, causada por delírio, ilusão, sonho; fantasma, visagem. 5. No sentido figurado, concepção ou representação, em espírito, de situações, questões etc.; interpretação, ponto de vista. 6. Percepção de fatos futuros ou distantes, como profecia ou advertência divina.
38 Catarata: Opacificação das lentes dos olhos (opacificação do cristalino).
39 Hipertireoidismo: Doença caracterizada por um aumento anormal da atividade dos hormônios tireoidianos. Pode ser produzido pela administração externa de hormônios tireoidianos (hipertireoidismo iatrogênico) ou pelo aumento de uma produção destes nas glândulas tireóideas. Seus sintomas, entre outros, são taquicardia, tremores finos, perda de peso, hiperatividade, exoftalmia.
40 Hipotireoidismo: Distúrbio caracterizado por uma diminuição da atividade ou concentração dos hormônios tireoidianos. Manifesta-se por engrossamento da voz, aumento de peso, diminuição da atividade, depressão.
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