Hipotireoidismo. O que é? Quais são as causas e os fatores de risco? Quando procurar um médico?
O que é hipotireoidismo1?
É uma síndrome2 que resulta da deficiência da produção de hormônios tireoidianos. Estima-se que 3 a 5% da população tenha alguma forma de hipotireoidismo1. É mais comum em mulheres e a incidência3 aumenta com a idade.
Quando não tratado, o hipotireoidismo1 causa, nas crianças, atraso grave do crescimento e retardo mental. Na vida adulta, leva à depressão generalizada das funções orgânicas.
Não existe prevenção, a não ser a triagem neonatal com o teste do pezinho para detecção do hipotireoidismo1 congênito4. Mas existem exames simples para o diagnóstico5 e o tratamento com hormônio6 tireoidiano sintético é seguro e eficaz uma vez que a dose adequada é estabelecida.
Como é o quadro clínico?
A clínica resulta da redução da atividade metabólica e do depósito de glicosaminoglicanos no interstício7. Os sinais8 e sintomas9 variam muito, dependendo da severidade da doença. As manifestações clínicas que aparecem tendem a se desenvolver lentamente, ao longo de vários anos, caso o tratamento não seja instituído.
O cretinismo é a principal manifestação do hipotireoidismo1 em lactentes10 e recém-nascidos. Suas principais características são:
- Retardo mental
- Baixa estatura
- Aspecto edemaciado11 da face12 e das mãos13
- Mutismo14 por surdez
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Anormalidades nos tratos piramidais e extrapiramidais
Nos recém-natos os principais sintomas9 são:
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Dificuldade de respirar
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Cianose15
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Icterícia16
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Amamentação17 insuficiente
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Choro rouco
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Hérnia18 umbilical
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Atraso acentuado da maturação óssea
A triagem rotineira dos recém-nascidos tem contribuído com o diagnóstico5 precoce.
Nas crianças com hipotireoidismo1 há:
- Atraso no crescimento resultando em baixa estatura
- Lentificação do aparecimento dos dentes permanentes
- Puberdade atrasada
- Sinais8 de retardo mental
Nos adultos, os sintomas9 não são específicos e frequentemente são associados ao processo de envelhecimento. Eles se tornam mais óbvios quando esta condição piora. O quadro clínico se caracteriza por:
Nos estágios iniciais da doença:
- Fadiga19
- Fraqueza
- Mialgia20
- Artralgia21
- Cãimbras
- Reflexos lentos
- Pele22 fria, áspera, pálida e seca
- Depressão
- Dores de cabeça23
- Intolerância ao frio
- Aumento do fluxo menstrual
- Palidez
Quando o hipotireoidismo1 vai evoluindo sem tratamento, podem ser observados:
- Cansaço
- Edema24 periférico
- Constipação25 intestinal
- Fala lenta
- Rouquidão
- Dispneia26
- Ganho de peso (não intencional)
O estágio terminal do hipotireoidismo1 não tratado é o coma27 mixedematoso, em que há uma descompensação que pode ser precipitada por uma infecção28, trauma, insuficiência cardíaca29 ou outras causas. É caracterizado por:
- Letargia30
- Estupor (raramente os pacientes apresentam-se em coma27)
- Diminuição dos batimentos cardíacos
- Baixa oxigenação
- Funcionamento pobre dos rins31
- Diminuição da motilidade intestinal
- Temperatura baixa
- Dificuldades respiratórias
- Choque32 e até morte.
Quais são as causas?
- Tireoidite de Hashimoto: é talvez a causa mais comum de hipotireoidismo1, caracterizada pela presença de auto-anticorpos33.
- Redução do tecido34 tireoidiano por iodo radioativo35 ou por cirurgia.
- Deficiência de iodo. O iodo é essencial para a produção hormonal da tireoide36. Ele pode ser encontrado em frutos do mar, vegetais e sal enriquecido com iodo. A adição de iodo ao sal de cozinha eliminou este problema em vários países.
- Doença de Graves (geralmente cursa com hipertireoidismo37, mas no estágio final pode haver hipotireoidismo1).
- Tireoidite subaguda38 (o hipotireoidismo1 pode ocorrer na fase tardia).
- Medicamentos que podem induzir hipotireoidismo1: carbonato de lítio (usado no tratamento dos estados maníacos depressivos), amiodarona, propiltiouracil e metimazol.
Outras causas de hipotireoidismo1:
- Erros inatos da síntese de hormônios tireoideos.
- Deficiências hipofisárias e hipotalâmicas.
- Resistência periférica39 aos hormônios tireoidianos.
- Doenças congênitas40: geralmente bebês41 com hipotireoidismo1 congênito4 não apresentam alterações ao nascimento, por isso o Teste do Pezinho ajuda no rastreamento destes casos e facilita a introdução do tratamento precoce.
- Doenças da glândula42 hipófise43. Causa rara de hipotireoidismo1 em que a hipófise43 não produz quantidade suficiente de TSH – geralmente tem como causa um tumor44 benigno na glândula42.
- Gravidez45. Algumas mulheres desenvolvem hipotireoidismo1 durante ou após a gravidez45 por produzirem anticorpos33 contra a sua própria glândula42. Se não tratado, este hipotireoidismo1 aumenta o risco de aborto, parto prematuro, pré-eclâmpsia46 e também pode afetar o desenvolvimento fetal.
Quais são os fatores de risco?
O hipotireoidismo1 ocorre principalmente:
- No sexo feminino.
- Na idade de 50 anos ou mais.
- Se você tem um parente próximo com hipotireoidismo1, como pais ou avós, com uma doença auto-imune47.
- Se você já fez tratamento com iodo radioativo35 e medicações como propiltiouracil ou metimazol, pois o tratamento para o hipertireoidismo37 pode resultar em hipotireoidismo1 permanente.
- Se você já recebeu algum tipo de radiação no pescoço48 ou na parte superior do tronco.
- Se já fez cirurgia de tireoide36 (tireoidectomia parcial ou total).
Quando devo procurar ajuda médica?
Procure um médico caso você esteja se sentindo cansado, sem motivo aparente, ou apresenta qualquer outro sintoma49 de hipotireoidismo1 (ver “Como é o quadro clínico?”).
Você precisa visitar um endocrinologista50 periodicamente se você:
- Já fez cirurgia na tireoide36.
- Já fez tratamento com iodoradioativo.
- Usou medicações para hipertireoidismo37.
- Fez radioterapia51 no pescoço48 ou na parte superior do tórax52.
Pode levar vários anos até que qualquer uma destas condições ou procedimentos resultem em hipotireoidismo1.
Caso você tenha colesterol53 alto, pergunte ao seu médico se o hipotireoidismo1 pode ser a causa.
Siga as recomendações do clínico geral ou do endocrinologista50.
Se você tem hipotireoidismo1 e faz uso de medicação, você deve estar atento pois ao longo dos anos a dose necessária para controlar os sintomas9 pode mudar. O acompanhamento médico deve ser permanente, mas uma pessoa com hipotireoidismo1 que faz uso correto da medicação e mantém os níveis de TSH dentro dos valores normais, leva uma vida saudável e completamente normal.
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas em parte dos sites da Mayo Clinic, do National Health Service do Reino Unido e da American Thyroid Association.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.