Micetoma - conceito, causas, sintomas, diagnóstico e tratamento
O que é micetoma?
O micetoma é uma infecção1 granulomatosa progressiva crônica da pele2 e do tecido subcutâneo3, lentamente destrutiva, ocorrendo quase sempre nas extremidades inferiores, em geral envolvendo unilateralmente um dos pés.
Quais são as causas do micetoma?
O micetoma é causado por certos tipos de bactérias, denominadas de actinomicetomas, e de fungos, denominados eumicetomas ou micetoma eumicótico, encontrados no solo e na água. Essas bactérias e fungos podem penetrar no corpo por meio de alguma solução de continuidade na pele2, geralmente no pé descalço de uma pessoa.
Leia sobre "Micoses superficiais", "Histoplasmose", "Blastomicose", "Esporotricose" e "Candidíase4".
Qual é o substrato fisiológico5 do micetoma?
A patogênese6 da doença ainda não é completamente compreendida. Não se sabe bem a razão por que, de todas as pessoas expostas aos agentes causais do micetoma, apenas umas poucas desenvolvem a doença. A infecção1 se inicia com a inoculação7 dos microrganismos através de perfurações de pele2. As células8 do sistema imune9 tentam fagocitar e inativar esses organismos, mas por algum motivo essa resposta não é bem sucedida. Pode ser que uma condição genética seja uma explicação para a predisposição à doença.
A doença não parece ser mais comum em hospedeiros imunocomprometidos que em outros imunocompetentes. Estudos iniciais de função imune em pessoas com micetoma não conseguiram documentar claramente uma alteração orgânica comum a todas elas. Tratamentos com antifúngicos das alterações encontradas em pacientes com micetoma demonstraram que a imunossupressão10 não afeta o prognóstico11 nesses casos.
Quais são as características clínicas do micetoma?
A doença ocorre sobretudo em países muito pobres, nas regiões equatoriais da África, América do Sul e Ásia, e se deve principalmente ao fato de andar descalço. Em 80% dos casos, os pacientes apresentam-se com lesões12 envolvendo as extremidades inferiores do corpo. Outras áreas do corpo podem ser atingidas, com menor frequência, como a parte superior das costas13, do pescoço14, e do topo da cabeça15. As lesões12 costumam se localizar em um único sítio anatômico e lesões12 em múltiplos sítios são extremamente raras. A doença ocorre mais comumente em homens (3-5/1), em comparação às mulheres, e principalmente em trabalhadores rurais na faixa etária entre 20 a 40 anos.
Na maioria dos casos, a doença começa como um nódulo16 subcutâneo17 único, pequeno e indolor, de cor escura. O nódulo16 aumenta lentamente de tamanho, se dissemina para os tecidos subjacentes e acaba por desenvolver pertuitos fistulosos18 ("caminhos") subcutâneos abaixo da lesão19, com o aparecimento de novos nódulos subcutâneos de crescimento lento.
Os pacientes apresentam edema20 não doloroso do membro afetado. O músculo, os tendões21 e os nervos geralmente são poupados de infecção1 direta, mas um dano local extenso pode levar à perda muscular, destruição óssea e deformidades dos membros. Essas lesões12 se infectam e se exteriorizam para a superfície, drenando material purulento22 com grânulos.
Além da pele e tecido subcutâneo23, a doença pode afetar também estruturas ósseas contíguas e subjacentes.
Como o médico diagnostica o micetoma?
O diagnóstico24 de micetoma pode ser feito pela tríade clássica de sinais25: (1) nodulação tumoral, (2) drenagem26 de secreção e (3) trajetos fistulosos para pele2 e extrusão27 dos grânulos. No entanto, o médico pode diagnosticar o micetoma com mais certeza ao colher uma pequena amostra da área infectada (biópsia28) e enviá-la ao laboratório para exame. Contudo, esse teste nem sempre é capaz de determinar se a infecção1 é causada por bactérias ou fungos, nem de determinar o tipo específico do agente patógeno. Por essa razão, uma cultura em laboratório é necessária para determinar que bactéria29 ou fungo30 que está causando a infecção1.
O médico também pode solicitar exames de imagens, como radiografia e ultrassonografia31, para conhecer os danos eventualmente causados aos músculos32 e ossos. Esses estudos radiológicos são de pouca utilidade diagnóstica quanto ao micetoma, mas podem ajudar a determinar a extensão da doença e auxiliar na diferenciação dele com outras doenças. O uso de sorologia tem sido proposto por alguns autores, mas ainda não é uma prática consagrada.
Como o médico trata o micetoma?
O tratamento é complexo e deve ser conduzido por um médico experiente no assunto. Ele inclui antibióticos ou antifúngicos por tempo prolongado, dependendo se a doença é causada por bactérias ou fungos, com eventual debridamento33 das feridas. A cirurgia às vezes é necessária para remover o tecido34 infectado.
Como evolui o micetoma?
Quando não tratada, a doença continua a progredir e a superinfecção35 bacteriana pode levar a uma maior morbidade36 da formação local de abscessos37, celulite38, osteomielite39 bacteriana e, em casos raros, a óbito40 por sepse41.
Há casos em que a amputação42 do membro se torna necessária.
Veja também sobre "Micose43 de unha", "Pitiríase versicolor", "Frieira" e "Como evitar as micoses".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do CDC – Centers for Disease Control and Prevention e da WHO – World Health Organization.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.