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Síndrome de Conn ou Hiperaldosteronismo primário. Como é? O que devemos saber?

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O que é Síndrome1 de Conn?

A Síndrome1 de Conn, também chamada hiperaldosteronismo primário ou simplesmente aldosteronismo primário, corresponde a um grupo raro de desordens caracterizadas pelo excesso de produção do hormônio2 aldosterona pelas glândulas3 adrenais. A aldosterona é um hormônio2 que controla os níveis de sal e potássio no sangue4, de modo que em níveis elevados leva à hipertensão5. O hiperaldosteronismo primário foi descrito em 1955 por Jerome Conn.

Quais são as causas da Síndrome1 de Conn?

O hiperaldosteronismo primário tem várias causas. Cerca de 33% dos casos são decorrentes de um adenoma6 adrenal que produz aldosterona e 66% dos casos são decorrentes de uma hiperplasia7 de ambas as glândulas3 suprarrenais. A maioria dos casos de síndrome1 de Conn é aleatória, mas alguns são transmitidos por um dos pais. A síntese exacerbada de aldosterona pode ser decorrente de hiperplasia7 das glândulas3 adrenais, uni ou bilateral, além de tumores benignos ou, mais raramente, malignos. As causas que determinam a origem do adenoma6 ou hiperplasia7 não são conhecidas. Há raros casos de hiperaldosteronismo de origem genética. Em todos os casos, é liberado um excesso de aldosterona.

Leia mais sobre "Hiperaldosteronismo primário e secundário", "Hipertensão arterial8", "Hipertensão arterial8 na infância" e "Crises hipertensivas".

Qual é o substrato fisiológico9 da Síndrome1 de Conn?

As glândulas3 suprarrenais são pequenas glândulas3 triangulares que secretam aldosterona, localizadas acima dos polos superiores dos rins10. A aldosterona é um hormônio2 da família dos mineralocorticoides sintetizado no córtex dessas glândulas3, que tem como principal função a regulação do balanço eletrolítico, ou seja, o controle de fluidos e minerais no organismo. O principal papel que ela cumpre nesse intento é estimular a retenção de sódio e promover a excreção de potássio pelos rins10, glândulas salivares11 e sudoríparas.

Por sua vez, a renina (ou angiotensina) é uma enzima12 circulante liberada pelas células13 justaglomerulares dos rins10 em resposta a uma série de estímulos fisiológicos. Ela é também um hormônio2 responsável por estimular a síntese de aldosterona pelas glândulas3 adrenais e provoca a ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona, que visa controlar a pressão arterial14. Ela regula a entrada e saída de sangue4 no glomérulo renal15, com aumento ou diminuição da pressão arterial14. Contudo, a sua atuação em condições anormais gera efeitos deletérios ao sistema cardiovascular16.

Quais são as características clínicas da Síndrome1 de Conn?

A síndrome1 de Conn é mais comum em mulheres do que em homens. Pode acontecer em qualquer idade, mas com mais frequência em pessoas na faixa dos 30 e 40 anos. O hiperaldosteronismo que ela supõe pode levar à hipocalcemia17, alcalose18 metabólica, hipertensão arterial8 e, em certos casos, hipernatremia19. Essas manifestações e sintomas20 costumam ser inespecíficos e isolados, mas indivíduos com hipocalcemia17 e hipertensão arterial8 podem apresentar também aumento da frequência urinária, sede em excesso, fraqueza, fadiga21, paralisias temporárias, palpitação22, cefaleia23, contraturas musculares, sensação de “agulhadas” e formigamento.

Como o médico diagnostica a Síndrome1 de Conn?

Exames de sangue4 e de urina24 podem verificar se há níveis elevados de aldosterona no sangue4. A presença de hipocalcemia17 em indivíduos hipertensos sugere o diagnóstico25 de síndrome1 de Conn. Esse diagnóstico25 pode ser confirmado por meio da determinação dos níveis sanguíneos de aldosterona e renina. Na síndrome1 de Conn, a aldosterona encontra-se muito elevada, enquanto a renina encontra-se extremamente baixa ou nem é possível detectá-la.

Há quem recomende o rastreamento das suprarrenais em todas as pessoas com pressão alta, medindo-se a proporção de aldosterona/renina no sangue4. O baixo teor de potássio no sangue4 está presente apenas em cerca de um quarto das pessoas. O médico pode solicitar uma tomografia computadorizada26 ou ressonância magnética27 para encontrar o lado de um adenoma6 ou hiperplasia7.

Como o médico trata a Síndrome1 de Conn?

O tratamento do hiperaldosteronismo é feito por meio da resolução do fator que está desencadeando a elevada síntese e liberação de aldosterona, por meio de cirurgia. A cirurgia quase sempre é feita por laparoscopia28, embora a cirurgia adrenal seja complexa. A hiperplasia7 bilateral é tratada com diuréticos29, que ajudam a controlar o acúmulo de fluidos no corpo. A pressão arterial14 pode ser controlada pelo uso de medicamentos anti-hipertensivos.

Como evolui a Síndrome1 de Conn?

A síndrome1 de Conn, representada pelo hiperaldosteronismo, geralmente é uma condição curável. O tratamento cirúrgico adequado do adenoma6 adrenal da síndrome1 de Conn quase sempre é bem sucedido e os pacientes podem voltar a ter níveis normais de pressão arterial14 e interromper a administração de medicamentos. Mesmo assim, os pacientes devem ser monitorados por toda a vida para detecção precoce de um possível segundo adenoma6, uma situação que, no entanto, só ocorre muito raramente.

Veja também sobre "Dieta para hipertensos", "Distúrbios hidroeletrolíticos", "A importância da água para a saúde30" e "Adenomas".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Cleveland Clinic e da Mayo Clinic.

ABCMED, 2020. Síndrome de Conn ou Hiperaldosteronismo primário. Como é? O que devemos saber?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1377888/sindrome-de-conn-ou-hiperaldosteronismo-primario-como-e-o-que-devemos-saber.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
2 Hormônio: Substância química produzida por uma parte do corpo e liberada no sangue para desencadear ou regular funções particulares do organismo. Por exemplo, a insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas que diz a outras células quando usar a glicose para energia. Hormônios sintéticos, usados como medicamentos, podem ser semelhantes ou diferentes daqueles produzidos pelo organismo.
3 Glândulas: Grupo de células que secreta substâncias. As glândulas endócrinas secretam hormônios e as glândulas exócrinas secretam saliva, enzimas e água.
4 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
5 Hipertensão: Condição presente quando o sangue flui através dos vasos com força maior que a normal. Também chamada de pressão alta. Hipertensão pode causar esforço cardíaco, dano aos vasos sangüíneos e aumento do risco de um ataque cardíaco, derrame ou acidente vascular cerebral, além de problemas renais e morte.
6 Adenoma: Tumor do epitélio glandular de características benignas.
7 Hiperplasia: Aumento do número de células de um tecido. Pode ser conseqüência de um estímulo hormonal fisiológico ou não, anomalias genéticas no tecido de origem, etc.
8 Hipertensão arterial: Aumento dos valores de pressão arterial acima dos valores considerados normais, que no adulto são de 140 milímetros de mercúrio de pressão sistólica e 85 milímetros de pressão diastólica.
9 Fisiológico: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
10 Rins: Órgãos em forma de feijão que filtram o sangue e formam a urina. Os rins são localizados na região posterior do abdômen, um de cada lado da coluna vertebral.
11 Glândulas salivares: As glândulas salivares localizam-se no interior e em torno da cavidade bucal tendo como objetivo principal a produção e a secreção da saliva. São elas: parótidas, submandibulares, sublinguais e várias glândulas salivares menores.
12 Enzima: Proteína produzida pelo organismo que gera uma reação química. Por exemplo, as enzimas produzidas pelo intestino que ajudam no processo digestivo.
13 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
14 Pressão arterial: A relação que define a pressão arterial é o produto do fluxo sanguíneo pela resistência. Considerando-se a circulação como um todo, o fluxo total é denominado débito cardíaco, enquanto a resistência é denominada de resistência vascular periférica total.
15 Glomérulo renal: Unidade funcional dos rins, composta por um ramalhete de capilares circundados por uma membrana denominada cápsula de Bowman, através da qual se produz a filtração do sangue e eliminação dos resíduos metabólicos.
16 Sistema cardiovascular: O sistema cardiovascular ou sistema circulatório sanguíneo é formado por um circuito fechado de tubos (artérias, veias e capilares) dentro dos quais circula o sangue e por um órgão central, o coração, que atua como bomba. Ele move o sangue através dos vasos sanguíneos e distribui substâncias por todo o organismo.
17 Hipocalcemia: É a existência de uma fraca concentração de cálcio no sangue. A manifestação clínica característica da hipocalcemia aguda é a crise de tetania.
18 Alcalose: Desequilíbrio do meio interno, produzido por uma diminuição na concentração de íons hidrogênio ou aumento da concentração de bases orgânicas nos líquidos corporais.
19 Hipernatremia: Excesso de sódio no sangue, indicativo de desidratação.
20 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
21 Fadiga: 1. Sensação de enfraquecimento resultante de esforço físico. 2. Trabalho cansativo. 3. Redução gradual da resistência de um material ou da sensibilidade de um equipamento devido ao uso continuado.
22 Palpitação: Designa a sensação de consciência do batimento do coração, que habitualmente não se sente. As palpitações são detectadas usualmente após um exercício violento, em situações de tensão ou depois de um grande susto, quando o coração bate com mais força e/ou mais rapidez que o normal.
23 Cefaleia: Sinônimo de dor de cabeça. Este termo engloba todas as dores de cabeça existentes, ou seja, enxaqueca ou migrânea, cefaleia ou dor de cabeça tensional, cefaleia cervicogênica, cefaleia em pontada, cefaleia secundária a sinusite, etc... são tipos dentro do grupo das cefaleias ou dores de cabeça. A cefaleia tipo tensional é a mais comum (acomete 78% da população), seguida da enxaqueca ou migrânea (16% da população).
24 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
25 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
26 Tomografia computadorizada: Exame capaz de obter imagens em tons de cinza de “fatias†de partes do corpo ou de órgãos selecionados, as quais são geradas pelo processamento por um computador de uma sucessão de imagens de raios X de alta resolução em diversos segmentos sucessivos de partes do corpo ou de órgãos.
27 Ressonância magnética: Exame que fornece imagens em alta definição dos órgãos internos do corpo através da utilização de um campo magnético.
28 Laparoscopia: Procedimento cirúrgico mediante o qual se introduz através de uma pequena incisão na parede abdominal, torácica ou pélvica, um instrumento de fibra óptica que permite realizar procedimentos diagnósticos e terapêuticos.
29 Diuréticos: Grupo de fármacos que atuam no rim, aumentando o volume e o grau de diluição da urina. Eles depletam os níveis de água e cloreto de sódio sangüíneos. São usados no tratamento da hipertensão arterial, insuficiência renal, insuficiência cardiaca ou cirrose do fígado. Há dois tipos de diuréticos, os que atuam diretamente nos túbulos renais, modificando a sua atividade secretora e absorvente; e aqueles que modificam o conteúdo do filtrado glomerular, dificultando indiretamente a reabsorção da água e sal.
30 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
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