Hipertensão arterial na infância ou a criança com pressão alta: o que deve ser feito?
Considerações gerais sobre a hipertensão arterial1 na infância
A hipertensão arterial1 essencial de adultos é a doença crônica de maior prevalência2 em todo o mundo e um importante fator de risco3 para doenças graves, cardiovasculares, renais e acidentes vasculares4 cerebrais. Contudo, apenas nos últimos anos a hipertensão arterial1 passou a ter a devida atenção da pediatria. A mudança desfavorável dos hábitos de vida da criança (alimentação rica em gordura5 e pobre em fibras, grandes períodos de tempo frente à televisão e ao computador, impossibilidade de sair de casa por causa da violência, etc.) está tornando a obesidade6 na infância (uma das causas da hipertensão7 na infância) uma verdadeira epidemia. A Sociedade Brasileira de Hipertensão7 estima que 5% da população com até 18 anos tem níveis pressóricos8 elevados. A incidência9 de pressão arterial10 alta em crianças varia de 1 a 11% em diversas estatísticas, dependendo dos critérios usados na pesquisa. Hoje sabemos que muitas hipertensões arteriais em crianças são secundárias a alguma outra doença, mas podem também ser o início precoce da hipertensão7 essencial do adulto.
Quais são as causas da hipertensão arterial1 na infância?
A hipertensão arterial1 na infância parece ter causas tanto genéticas como ambientais e essa concorrência de fatores genéticos e ambientais inicia-se muito precocemente, ainda no período pré-natal. Os fatores genéticos resultam de anormalidades em um conjunto de sistemas orgânicos, como o transporte de eletrólitos11 e os mecanismos de controle endócrino12 e simpático13 e contribuem com pelo menos 20 a 50% da variação da pressão arterial10. Entre os fatores ambientais pode-se apontar uma dieta rica em sódio e/ou pobre em potássio, a obesidade6, o estresse e o sedentarismo14. Algumas hipertensões infantis são essenciais ou iatrogênicas15, mas outras são secundárias a doenças renais, vasculares4 ou a algumas enfermidades endócrinas. A hipertensão7 constatada no primeiro ano de vida deve ser vista como potencialmente secundária, mas já na idade escolar e, em particular, nos adolescentes, a hipertensão7 pode ser primária ou essencial.
Como o médico diagnostica a hipertensão arterial1 na infância?
A medida da pressão arterial10 deve ser tomada em toda consulta pediátrica, pelo menos a partir dos três anos de idade e mesmo ainda antes. Níveis elevados e permanentes da pressão arterial10 advertem quanto ao diagnóstico16, que muitas vezes é sugerido por sintomas17 como cefaleia18, vômitos19, escotomas20 ou outros, mas por vezes ficam assintomáticos por muito tempo. Uma vez constatados os aumentos dos níveis tensionais, o médico deve procurar determinar as causas dessa elevação. Para isso contribuirão uma história clínica detalhada e um exame físico cuidadoso que procurem detectar sinais21 e sintomas17 das enfermidades que possam causar hipertensão arterial1 na infância.
É importante que o diagnóstico16 não seja fechado com apenas uma medida da pressão arterial10. Os pacientes devem ser avaliados pelo menos em três ocasiões diferentes, com a pressão arterial10 medida por um aparelho devidamente calibrado e adequado ao tamanho do braço da criança.
Como o médico trata a hipertensão arterial1 na infância?
O tratamento da hipertensão arterial1 na infância objetiva diminuir os níveis tensionais e prevenir eventuais complicações tardias da hipertensão7, envolvendo medidas medicamentosas e não medicamentosas. Uma dificuldade e incerteza quanto ao tratamento farmacológico é que as medicações utilizadas geralmente não foram testadas especificamente em crianças e suas doses são extrapoladas do conhecimento que se tem sobre o uso delas em adultos. Se há uma enfermidade causal reconhecida, os medicamentos devem envolver as drogas necessárias para tratá-la. Não há também um consenso sobre a idade em que se deve começar o tratamento medicamentoso numa criança com hipertensão7 essencial. Os tratamentos não medicamentosos envolvem a prevenção da obesidade6, a redução da ingestão do sal, a prática regular de exercícios físicos e a não utilização de medicamentos que elevam a pressão arterial10, tais como descongestionantes nasais, corticoides e anticoncepcionais. Além do aumento do consumo de frutas, verduras, fibras e a redução da ingestão de gorduras.
Quais são as complicações da hipertensão arterial1 na infância?
Hoje se sabe que a pressão arterial10 elevada do adulto começa já na idade infantil.
A aterosclerose22 (alteração típica dos adultos) pode iniciar-se precocemente, em crianças hipertensas.
Outra complicação da hipertensão arterial1 na infância é a hipertrofia23 ventricular esquerda, com aumento do tamanho do coração24 e suas consequências.
Surgimento tardio de doenças cardiovasculares25 como infarto do miocárdio26, derrame27 cerebral etc.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.