Osteopetrose
O que é osteopetrose?
A osteopetrose (literalmente "osso de pedra"), também conhecida como doença dos ossos de mármore ou doença de Albert Schönberg, é uma desordem hereditária extremamente rara (1/20.000 bebês1 e 1/200.000 adultos) na qual ocorre um endurecimento anormal dos ossos e um crescimento deles de maneira deformada.
Nos seres humanos, há (1) uma forma infantil da doença, chamada de osteopetrose maligna e outra (2) uma forma adulta, chamada de osteopetrose benigna. Essas variantes, identificadas com base na idade e nas características clínicas, são responsáveis pela maioria dos casos, mas outras formas raras de osteopetrose foram também descritas (por exemplo, letais, transitórias, pós-infecciosas, adquiridas, devidas à acidose2 tubular renal3 e calcificação4 cerebral, etc.). A forma benigna foi descrita pela primeira vez pelo radiologista alemão Albert Schönberg, no ano de 1904.
Quais são as causas da osteopetrose?
A osteopetrose é causada por defeitos em um ou mais genes responsáveis pela formação e desenvolvimento de osteoclastos5, que são as células6 que removem o tecido ósseo7 antigo e o substituem por um novo e saudável. Com isso, o corpo não recicla as células6 ósseas velhas. Esses genes anormais são hereditariamente passados do pai ou da mãe para o filho.
Qual é o substrato fisiológico8 da osteopetrose?
A remodelação óssea é um processo contínuo no qual o tecido ósseo7 maduro é removido e um novo tecido9 é formado. Esses processos controlam o formato e a substituição de ossos após danos como fraturas, mas também controlam micro lesões10 ósseas, que ocorrem durante atividades normais.
A quantidade de massa óssea presente no esqueleto11 num determinado momento é o resultado da formação e da reabsorção ósseas. No processo fisiológico8 normal, a formação e reabsorção ósseas estão intimamente relacionadas em tempo, grau e espaço e são influenciadas por fatores hormonais, locais, comportamentais e ambientais, além de por forças mecânicas, elétricas, químicas e magnéticas. Os osteoblastos são células6 precursoras que sintetizam a matriz óssea12 e os osteoclastos5 são as células6 que reabsorvem as células6 ósseas antigas.
Calcula-se que os adultos remodelem de 10 a 30% da sua massa óssea a cada ano. Esta "manutenção preventiva" faz com que o esqueleto11 tenha uma idade média em torno de oito anos.
Saiba mais sobre "Fraturas ósseas".
Quais são as principais características clínicas da osteopetrose?
O defeito na renovação óssea resulta em fragilidade dos ossos, ao mesmo tempo que os torna mais densos. A modelagem e remodelagem ósseas são prejudicadas e os ossos têm sua espessura aumentada e sua forma alterada. O tecido ósseo7 mais volumoso expulsa a medula óssea13 (local de formação das células6 do sangue14), podendo causar insuficiência15 hematopoiética (formação do sangue14). A osteopetrose pode ser leve ou grave e pode, até mesmo, representar risco à vida.
Na forma infantil ocorrem sintomas16 associados à deformidade óssea, como:
- Entupimento nasal devido à malformação17 do mastoide18 e seios paranasais19.
- Neuropatias relacionadas ao aprisionamento de nervos devido à falha do alargamento dos respectivos forames.
- Surdez, proptose (protrusão do globo ocular20) e hidrocefalia21.
- Demora da dentição22.
- Osteomielite23 da mandíbula24, devido a um suprimento sanguíneo anormal.
- Ossos frágeis que podem fraturar facilmente.
- O tecido ósseo7 mais volumoso tende a substituir a medula óssea13, o que pode causar anemia25, contusões, sangramentos (devido à trombocitopenia26) e infecções27 frequentes.
- Produção de sangue14 extra-medular, com hepatoesplenomegalia28 (crescimento do fígado29 e do baço30) resultante, hiperesplenismo e hemólise31 (destruição do sangue14).
- Apneia32 do sono e cegueira devido à degeneração33 da retina34.
Em adultos, aproximadamente metade dos pacientes é assintomática. Outros pacientes podem ter dores nos ossos, neuropatias, síndrome35 do túnel do carpo e osteoartrite36. Os ossos frágeis podem fraturar facilmente. Aproximadamente 40% dos pacientes apresentam fraturas recorrentes e 10% deles pode ter osteomielite23 da mandíbula24. Outras manifestações podem incluir deficiência visual e retardo psicomotor37. A função da medula óssea13 não está comprometida.
Leia sobre "Degeneração macular38" e "Trombocitopenia26", "Osteomielite23", "Anemias", "Hepatomegalia39" e "Esplenomegalia40".
Como o médico diagnostica a osteopetrose?
O médico costuma fazer o diagnóstico41 tomando por base os sintomas16 relatados e radiografias que mostram ossos muito densos ou malformados.
No adulto, o diagnóstico41 quase sempre é feito incidentalmente, porque as anormalidades radiológicas começam a aparecer apenas se a osteopetrose começa na infância. O diagnóstico41 costuma ser baseado no histórico familiar ou ainda se ocorre uma osteomielite23 ou fraturas incomuns.
Quando a pessoa não tem sintomas16, a osteopetrose às vezes é detectada somente por acaso, depois de um médico notar ossos muito densos em radiografias tiradas por motivos não relacionados ao mal.
O diagnóstico41 diferencial inclui condições como osteosclerose difusa, envenenamento químico (fluoreto, chumbo, berílio, etc.), doenças malignas (leucemia42, doenças mieloproliferativas43), anemia falciforme44 e metástases45 osteoblásticas. Ainda cabe também diferenciar a condição do hipoparatireoidismo ou pseudo-hipoparatireoidismo e da toxicidade46 pelo chumbo.
Como o médico trata a osteopetrose?
Não existe cura para a osteopetrose. Os tratamentos existentes são paliativos47 ou sintomáticos. Os corticosteroides ajudam a regular o surgimento e a destruição de células6 ósseas. O transplante de medula óssea13 parece ter curado alguns bebês1 com doença de início precoce. No entanto, não se conhece o prognóstico48 a longo prazo depois do transplante.
As fraturas, a anemia25, as hemorragias49, as infecções27, as compressões nervosas e a compressão do crânio50 devem receber tratamentos específicos, às vezes requerendo cirurgia. Também pode ser necessário tratamento ortodôntico para corrigir dentes distorcidos. Cirurgia plástica pode ser realizada para corrigir deformações corporais graves, sobretudo da face51 e da mandíbula24.
Os pacientes devem ser aconselhados quanto a modificações adequadas no estilo de vida para evitar fraturas e receber aconselhamento genético para permitir o planejamento familiar apropriado.
Como evolui em geral a osteopetrose?
A osteopetrose de início precoce, que não é tratada, resulta em insuficiência15 da medula óssea13 e normalmente causa morte durante a primeira infância, devido à anemia25 grave, sangramentos ou infecções27. Pacientes com essa condição desde cedo têm retardo de crescimento e aumento da morbidade52 geral. No entanto, esse prognóstico48 pode mudar acentuadamente após o transplante de medula óssea13.
A osteopetrose de início tardio é, com frequência, muito leve e apresenta boas taxas de sobrevida53 a longo prazo.
Veja também sobre "Transplante de medula óssea13" e "Corticoides".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas dos sites da Mayo Clinic e da NORD - National Organization for Rare Disorders.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.