Colpocefalia e suas características
O que é colpocefalia?
A colpocefalia (grego: képhalos = cabeça1 + kolpos = oca), chamada, às vezes, de vesiculopatia, é uma desordem cefálica congênita2 rara que afeta a estrutura do sistema ventricular, caracterizada pelo alargamento desproporcional (dilatação) dos cornos occipitais dos ventrículos laterais3, através dos quais circula o líquido cefalorraquidiano4, e pela possibilidade de associação com outras malformações5 cerebrais.
O termo "colpocefalia" foi cunhado em 1946 pelo neurologista6 Paul Ivan Yakovlev e pelo neuropatologista Richard C. Wadsworth.
Quais são as causas da colpocefalia?
Embora a causa exata da colpocefalia não seja ainda conhecida, acredita-se que ela ocorra como resultado de um distúrbio durante o desenvolvimento intrauterino do cérebro7, por lesões8 perinatais ou por outras desordens do sistema nervoso9. A causas são, pois, variadas, embora sempre interfiram no desenvolvimento do cérebro7, fazendo com que a massa branca cerebral (o conjunto de fibras formado pelos axônios10 dos neurônios11) tenha uma densidade menor que o normal, o que provoca um funcionamento alterado da transmissão de impulsos eletroquímicos no cérebro7.
Entre as causas mais comuns de colpocefalia encontramos as seguintes:
- defeitos genéticos, como trissomia dos cromossomos12 8 e 9;
- herança recessiva associada ao cromossomo13 X;
- alterações no processo de migração neuronal;
- contato com teratógenos14 durante o desenvolvimento intrauterino;
- lesões8 cefálicas perinatais;
- hidrocefalia15 e sequelas16 do seu tratamento;
- ausência ou desenvolvimento incompleto do corpo caloso17;
- e outros distúrbios do sistema nervoso central18 e seu desenvolvimento.
Saiba mais sobre "Gravidez19 de risco", "Pré-natal" e "Recomendação de ganho de peso durante a gestação".
Qual é o substrato fisiopatológico da colpocefalia?
O cérebro7 humano possui duas cavidades em cada hemisfério cerebral, chamadas ventrículos laterais3, as quais produzem o líquido cérebro7 espinhal (líquor20), que serve para proteger o cérebro7, transportar nutrientes e remover produtos residuais. As partes de trás desses ventrículos são chamadas de cornos dos ventrículos laterais3. Nas pessoas com colpocefalia, a substância branca cerebral não se desenvolve normalmente e, por causa disso, os cornos ventriculares se tornam muito dilatados.
O substrato fisiopatológico para que isso aconteça parece ser um distúrbio da migração neuronal durante o período gestacional que vai do segundo ao quinto mês de vida intrauterina. Durante a sétima semana de gestação, os neurônios11 começam a proliferar nas paredes dos ventrículos laterais3 e durante a oitava semana eles começam a migrar para o córtex, ao longo de fibras gliais especializadas. Em seguida, os neurônios11 se organizam e formam contatos sinápticos com outros neurônios11. Os neurônios11 que formam a camada germinativa ao redor dos ventrículos migram para a superfície do cérebro7 e dão origem ao córtex cerebral e aos gânglios21 da base.
Se esse processo for perturbado, pode resultar num alargamento dos cornos occipitais dos ventrículos laterais3, constituindo a colpocefalia.
Quais são as características clínicas da colpocefalia?
Os sintomas22 da colpocefalia podem variar de leves a graves. Alguns pacientes não chegam a apresentar a maioria dos sintomas22 da colpocefalia e alguns deles só os apresenta mais tarde na vida. É comum que aconteça:
- agenesia23 parcial ou completa do corpo caloso17 (estrutura constituída de matéria branca nervosa que faz a ligação entre os dois hemisférios cerebrais);
- deficiência intelectual;
- anormalidades motoras;
- defeitos visuais;
- e paralisia24 cerebral.
As anormalidades intracranianas incluem ainda:
- microcefalia25;
- meningocele;
- lisencefalia periventricular;
- ampliação da cisterna magna26;
- e hipoplasia27 cerebelar.
Como o médico diagnostica a colpocefalia?
O diagnóstico28 pré-natal da colpocefalia é difícil porque em muitos casos os sinais29 só aparecem depois do nascimento. Contudo, o diagnóstico28 pode ser feito nessa fase se for possível visualizar a dilatação dos cornos ventriculares. Frequentemente a colpocefalia é diagnosticada erroneamente como hidrocefalia15. Após o nascimento, a ressonância magnética30 pode ajudar a se chegar a um diagnóstico28 conclusivo.
Um diagnóstico28 diferencial deve ser feito entre a colpocefalia e a hidrocefalia15. Esta última consiste num acúmulo de líquido cefalorraquidiano4 no cérebro7 que causa sintomas22 derivados do aumento da pressão craniana. A colpocefalia, por seu turno, cursa sem aumento da pressão intracraniana.
Veja também sobre "Síndrome31 alcoólica fetal", "Sífilis32 congênita2" e "Fumo e gestação".
Como o médico trata a colpocefalia?
A colpocefalia ainda não tem cura conhecida, contudo não é uma doença fatal. Os tratamentos específicos disponíveis dependem dos sintomas22 associados e do grau da disfunção. Assim, medicações anticonvulsivantes podem ser usadas para prevenir convulsões e a fisioterapia33 é comumente usada em pacientes que tenham pouca mobilidade para prevenir contraturas. Cirurgias também podem ser usadas para melhorar as funções em indivíduos com articulações34 muito rígidas.
Como evolui a colpocefalia?
O prognóstico35 para pessoas com colpocefalia depende da severidade da condição, dos problemas associados e do grau de anormalidades do desenvolvimento cerebral. Há registros de casos em que as crianças com colpocefalia não experimentaram maiores problemas no seu movimento, nem prejuízos intelectuais.
Quais são as complicações possíveis com a colpocefalia?
As potenciais complicações da colpocefalia incluem:
- prejuízos na fala;
- epilepsia36;
- dificuldades de motilidade;
- acumulação de líquido no cérebro7;
- sintomas22 neurológicos;
- e déficits intelectuais.
Leia sobre "Ultrassonografia37 na gravidez19", "Malformações5 fetais" e "Paralisia24 cerebral infantil".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do NIH - National Institutes of Health e da Cleveland Clinic.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.