Suicídio na adolescência: quais são os sinais de alerta, os fatores de risco e as formas de prevenção
Suicídio na adolescência: o que os pais precisam saber
Cerca de 800 mil pessoas tiram a própria vida todos os anos, sendo o suicídio a segunda principal causa de morte entre jovens entre 15 e 29 anos. A tentativa prévia de suicídio é o fator de risco1 mais importante para o suicídio na população em geral, segundo dados da Organização Pan-Americana de Saúde2 (OPAS).
O suicídio de adolescentes é evitável. Por isso é importante conhecer os fatores de risco, os sinais3 de alerta e as medidas que você pode tomar para proteger seu filho adolescente.
Há fatores conhecidos que podem tornar alguns adolescentes mais vulneráveis ao suicídio do que outros. Muitos adolescentes que tentam ou morrem por suicídio têm um problema prévio de saúde2 mental ou abusam de substâncias como álcool e drogas. Eles também apresentam dificuldades para lidar com o estresse de ser um adolescente, com a rejeição, o fracasso, separações, turbulência familiar, e podem ser incapazes de enxergar sua força interior, precisando da ajuda da família e de um profissional habilitado a apoiar essas dificuldades.
Quais são os fatores de risco para o suicídio de adolescentes e alguns sinais3 de alerta para esse comportamento?
Certas circunstâncias da vida podem levar um adolescente a se sentir suicida, tais como:
- Ter um transtorno psiquiátrico, incluindo depressão ou ansiedade generalizada
- Perda ou conflito com amigos próximos ou familiares
- História de abuso físico ou sexual ou exposição à violência
- Aumento do uso de álcool ou drogas
- Problemas físicos ou médicos, por exemplo, uma gravidez4 precoce ou ter uma infecção5 sexualmente transmissível
- Ser vítima de bullying
- Não ter certeza da orientação sexual
- Exposição ao suicídio de um familiar ou amigo
- História familiar de transtorno de humor ou comportamento suicida
- Comportamento inexplicável ou excepcionalmente severo, violento ou rebelde
- Sentir-se preso ou sem esperança em relação a alguma situação
Alguns sinais3 de alerta para o comportamente suicida podem incluir:
- Falar ou escrever sobre suicídio – por exemplo, fazer afirmações como "Vou me matar" ou "Não serei um problema para você por muito mais tempo" – mesmo que de brincadeira
- Mudanças perceptíveis nos hábitos alimentares ou de sono
- Isolar-se da família ou dos amigos
- Alterações bruscas de humor
- Promiscuidade sexual, evasão e vandalismo,
- Agir de maneira arriscada ou autodestrutiva
- Distribuir presentes em excesso ou os próprios pertences quando não há explicação lógica para isso
- Mudança drástica de personalidade
- Agitação, inquietação, angústia ou comportamento de pânico
- Queda no rendimento escolar
Leia os textos sobre "Suicídio", "Transtorno bipolar do humor", "Automutilação", "Urgências em Psiquiatria" e "Ansiedade normal e patológica".
O que devo fazer se suspeitar que meu filho é suicida?
Se você acha que seu filho está em perigo imediato, leve-o a um pronto-socorro.
Peça a seu filho para falar sobre seus sentimentos e ouça-o atentamente. Reafirme seu amor por ele. Lembre-o de que ele pode resolver tudo o que está acontecendo – e que você está disposto a ajudar.
Além disso, procure ajuda médica e peça ao médico para orientá-los. Os adolescentes que se sentem suicidas geralmente precisam consultar um psiquiatra ou psicólogo com experiência em diagnosticar e tratar crianças com problemas de saúde2 mental.
O que posso fazer para evitar o suicídio de adolescentes?
Você pode tomar medidas para ajudar a proteger seu filho adolescente.
- Ofereça ajuda e ouça o que ele tem a dizer, sem interromper ou questionar. Não ignore o problema. O que você percebeu pode ser a maneira como o adolescente clama por ajuda. Ofereça apoio, compreensão e compaixão. Permita que ele fale sobre seus sentimentos e sobre coisas que o preocupam. Você não precisa resolver o problema ou dar conselhos. Às vezes, apenas cuidar e ouvir, e não julgar, já é o suficiente para dar todo o apoio necessário.
- Nunca pense que seu filho está fazendo drama ao falar em suicídio; escute o que ele tem a dizer e dê o seu apoio na hora em que ele precisa de você.
- Leve a sério a conversa sobre suicídio e use a palavra "suicídio". Falar sobre suicídio não causa suicídio – mas evitar o que está na mente do adolescente pode fazer com que ele se sinta realmente sozinho e sem cuidados. Diga ao jovem que juntos vocês podem desenvolver uma estratégia para tornar as coisas mais fáceis e melhores. Pergunte se seu filho tem planos de suicídio. Se ele já tiver feito esse plano, procure ajuda profissional imediatamente.
- Remova as armas letais de sua casa, como revólveres e facas, por exemplo. Tranque os comprimidos, principalmente os de tarja preta, e fique atento à localização dos utensílios da cozinha, bem como de cordas, que podem ser usadas como ferramentas para o suicídio.
- Obtenha ajuda profissional. Um adolescente em risco de suicídio precisa de ajuda profissional. Mesmo quando a crise imediata passa, o risco de comportamento suicida permanece alto até que novas maneiras de lidar com os problemas sejam aprendidas.
- Não tenha medo de levar seu filho ao pronto-socorro de um hospital se estiver claro que ele está planejando o suicídio. Você pode não ser capaz de lidar com a situação sozinho. E esta atitude simples pode salvá-lo.
- Aborde a depressão ou a ansiedade. Não espere que seu filho venha até você. Se o seu filho adolescente está triste, ansioso ou parece ter dificuldades, pergunte o que está errado e ofereça sua ajuda.
- Ajude seu filho a seguir as recomendações do médico, lembre-o de que pode levar algum tempo para se sentir melhor. Além disso, incentive-o a participar de atividades que o ajudem a recuperar a confiança.
- Desencoraje o isolamento. Incentive seu filho a passar tempo com amigos e familiares que o apoiam.
- Incentive um estilo de vida saudável. Ajude seu filho a comer bem, fazer exercícios e dormir regularmente.
Lembre-se de que o suicídio de adolescentes pode ser evitado. Se você está preocupado com seu filho adolescente, converse com ele e procure ajuda imediatamente.
Veja também sobre "Quinze sinais3 que apontam para a dependência às drogas", "Uso excessivo de antidepressivos" e "Quando internar um paciente psiquiátrico".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Mayo Clinic, da Stanford Children’s Health e da OPAS - Organização Pan-Americana de Saúde.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.