Acatisia: como é? O que a causa? O que deve ser feito?
O que é acatisia1?
Acatisia1 (do grego: a = não + kathízein = sentar) é um distúrbio do movimento caracterizado por uma sensação subjetiva de inquietação interna acompanhada de sofrimento mental e incapacidade de ficar parado. É uma condição psicomotora2 em que o paciente sente uma grande dificuldade em permanecer parado, sentado ou imóvel. Os afetados podem ficar inquietos, balançar para frente e para trás ou andar de um lado para o outro, enquanto alguns podem apenas ter uma sensação desconfortável no corpo. Geralmente, as pernas são afetadas de forma mais proeminente.
O termo acatisia1 foi usado pela primeira vez pelo neuropsiquiatra tcheco Ladislav Haškovec, que descreveu o fenômeno em 1901.
Quais são as causas da acatisia1?
Mais comumente, a acatisia1 é induzida por medicamentos. Os neurolépticos3 antipsicóticos, particularmente os de primeira geração, notadamente os mais incisivos (haloperidol, flufenazina e trifuoperidol), são uma das principais causas da acatisia1. Como efeito colateral4 dos antipsicóticos, a acatisia1 ocorre geralmente após o terceiro dia de uso da medicação.
Contudo, a condição também já foi descrita na doença de Parkinson5 e em outros transtornos neuropsiquiátricos, independentemente de medicação. Mais raramente também se manifesta com o uso de medicamentos não psiquiátricos, incluindo bloqueadores dos canais de cálcio, antibióticos, medicamentos antináuseas e antivertiginosos.
Outras causas podem incluir os inibidores seletivos da recaptação da serotonina, a metoclopramida, a reserpina e a esquizofrenia6 não tratada. Também pode ocorrer ao interromper-se a tomada dos antipsicóticos. Outra causa importante da síndrome7 é a abstinência observada em dependentes químicos.
Saiba mais sobre "Antipsicóticos", "Psicoses", "Síndrome7 de abstinência" e "Esquizofrenia6".
Qual é o substrato fisiológico8 da acatisia1?
Sabe-se que os medicamentos antipsicóticos bloqueiam os receptores de dopamina9, mas a fisiopatologia10 ainda não é completamente compreendida, embora se acredite que o mecanismo subjacente envolva aquela substância. Além disso, drogas com efeitos terapêuticos bem-sucedidos no tratamento da acatisia1 induzida por medicamentos (benzodiazepínicos, bloqueadores β-adrenérgicos11 e antagonistas da serotonina) forneceram informações adicionais sobre o envolvimento de outros sistemas transmissores. A acatisia1 envolve também níveis elevados de norepinefrina, que está associada a mecanismos que regulam a agressão, o estado de alerta e a excitação.
Quais são as características clínicas da acatisia1?
Os sintomas12 de acatisia1 são descritos, em termos vagos, como sensação de nervosismo, inquietação, tensão e incapacidade de relaxar. Além disso, pode ocorrer também insônia, sensação de desconforto, inquietação motora, ansiedade acentuada e pânico. Esses sintomas12 se assemelham aos sintomas12 de dor neuropática13 ou à síndrome7 das pernas inquietas. Quando decorrentes de medicamentos psiquiátricos, os sintomas12 desaparecem de forma rápida e notável quando o medicamento é reduzido ou interrompido. No entanto, há também uma acatisia1 tardia, de início retardado, que pode continuar por muito tempo após a interrupção do medicamento, por meses e às vezes anos. Se os sintomas12 não forem reconhecidos e identificados, a acatisia1 pode aumentar em gravidade e levar a pensamentos suicidas, agressão e violência.
Os sinais14 visíveis de acatisia1 incluem movimentos repetitivos, como cruzar e descruzar as pernas, mover-se constantemente de um pé para o outro, balançar para frente e para trás e inquietação geral. No entanto, nem todo movimento inquieto observável é acatisia1. Um diagnóstico15 diferencial deve ser estabelecido com mania, depressão agitada e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, que podem se parecer com acatisia1, mas os movimentos parecem voluntários e intencionais e não decorrentes de inquietação.
Como o médico diagnostica a acatisia1?
O diagnóstico15 da acatisia1 é eminentemente16 clínico e baseado nos sintomas12 e na observação do comportamento do paciente. Ela difere da síndrome7 das pernas inquietas porque a acatisia1 não está associada ao sono, como aquela condição.
A presença e a gravidade da acatisia1 podem ser medidas usando-se a Escala de Acatisia1 de Barnes, que avalia critérios objetivos e subjetivos. As principais características distintivas da acatisia1 em comparação com outras síndromes são primariamente subjetivas, como a sensação de inquietação interior e tensão.
Como o médico trata a acatisia1?
O tratamento da acatisia1 pode incluir a mudança para um antipsicótico com menor risco da doença. O antidepressivo mirtazapina, em baixas doses, demonstrou benefício e há evidências provisórias de benefício para difenidramina, trazodona, benzatropina e bloqueadores beta. Benzodiazepínicos, betabloqueadores, anticolinérgicos e antagonistas da serotonina também podem ajudar no tratamento da acatisia1 aguda, mas são muito menos eficazes no tratamento da acatisia1 crônica.
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Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas dos sites do The Royal Australian College of General Practitioners e da Mayo Clinic.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.