Gostou do artigo? Compartilhe!

Ideação suicida - o que é ? Quais são os tipos? Qual o real risco de suicídio e meio à ideação suicida?

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie este artigo

O que é ideação suicida?

A ideação suicida, também conhecida como pensamento suicida, consiste em pensar sobre suicídio. Na ideação suicida nem sempre há o desejo de morte, deseja-se a eliminação do sofrimento e não da vida em si. O leque de ideações suicidas varia de ideias passageiras e ideias extensivas até um planejamento detalhado de suicídio.

O pensamento suicida aparece com uma frequência muito maior do que se imagina, pois nem sempre este pensamento é declarado, por medo de ser interpretado erroneamente pelas pessoas à volta. Praticamente não há pessoa a quem não tenha ocorrido em algum momento da vida ideias de suicídio, mesmo que brandas e fugazes.

O risco potencial contido nas ideias de suicídio é que o suicídio de fato venha a acontecer. Contudo, a maioria das pessoas que tem pensamentos suicidas não realiza verdadeiras tentativas de suicídio, e essas tentativas quando realizadas muitas vezes não são bem sucedidas.

No entanto, os pensamentos suicidas persistentes são um fator de risco1 para o suicídio e devem ser levados a sério. Essa ideação pode acontecer a pessoas de qualquer idade, inclusive em adolescentes e até mesmo em crianças.

Tipos de ideação suicida

A ideação de suicídio é algo muito complexo e coberto por grandes mistérios. Há ideias de suicídio que representam um risco direto e imediato de suicídio e outras que claramente não indicam essa possibilidade. Entre elas há uma gama de ideias cujo verdadeiro risco de suicídio é difícil de avaliar.

Entre as primeiras contam-se aquelas que ocorrem em meio ao curso de doenças mentais bem definidas, como as chamadas depressões maiores e a esquizofrenia2. A maioria das pessoas que efetivamente se suicidam não anunciam previamente a sua intenção. Mas há também aquelas pessoas que em plena lucidez e aparente saúde3 mental afirmam que não gostam de viver e acabam por se suicidar. Outras pessoas, sem o mínimo propósito de se suicidarem, alardeiam ideias suicidas para manipularem as pessoas com quem convivem e obterem delas vantagens reais ou emocionais.

Leia sobre "Suicídio", "Depressão", "Maneiras de lidar com o estresse", "Transtornos devidos ao abuso de drogas" e "Bullying na escola".

Como reconhecer o real risco de suicídio e meio à ideação suicida?

Nenhum critério tem validade absoluta. Alguns parâmetros indicadores refletem apenas uma tendência e podem ser contrariados num caso concreto.

Uma pessoa que anuncia frequente e ruidosamente ideias de suicídio quase nunca se suicida. As pessoas que de fato se suicidam quase nunca falam sobre suas intenções e seu ato consumatório constitui para os demais uma surpresa desconcertante. O suicídio é menos provável em pessoas normais ou neuróticas e ocorre principalmente em pacientes psicóticos, que geralmente não falam previamente sobre suas intenções e cujas “ideias de suicídio” não são, portanto, conhecidas.

Uma pessoa que tenha feito várias tentativas de suicídio também demonstra pouco desejo de morrer. Pode até ser que a pessoa de fato morra, mas isso ocorre mais por um erro de cálculo4 que por uma real intenção de se matar. Afinal, para suicidar basta uma tentativa, não são necessárias várias. Com essas reiteradas tentativas, a pessoa, mais ou menos intencionalmente, possibilita às demais as medidas necessárias para socorrê-la e evitar sua morte.

Alguns fatores sociais contribuem para que as ideias de suicídio devam ser levadas a sério e constituem fatores de risco: baixa autoestima, desamparo, desesperança, anedonia5 (incapacidade de experimentar prazer) e solidão. Certos eventos traumáticos da vida podem atuar da mesma forma: morte de familiares ou amigos, fim de um relacionamento, grande mudança no padrão de vida, gravidez6 não planejada, violência, etc.

Por outro lado, existe também a possibilidade de reação contrária e ante um acontecimento traumático uma pessoa se sente fortalecida para lutar com mais energia pela manutenção da vida. As pessoas diagnosticadas com uma enfermidade mortal, por exemplo, não se suicidam, mas lutam bravamente pela vida.

Como se relacionar com a ideação suicida?

A maneira como se relacionar com a ideação suicida depende da causa dela. Nos casos em que há uma clara patologia7 subjacente ela deve ser tratada, muitas vezes com o uso de medicamentos. Se não há um substrato orgânico reconhecido, está indicada uma psicoterapia. Tão importante quanto esses tratamentos formais é o apoio das pessoas próximas, principalmente familiares.

Uma primeira providência para assistir a uma pessoa com ideação suicida é manter a calma. Essa pessoa já é alguém tumultuado e não deve receber uma carga maior de tumulto. A pessoa que assiste a quem tem ideação suicida deve estar ciente de que a maioria delas não tem o suicídio como desfecho final e não deve sentir-se culpada se alguns casos terminam em morte. Esta é uma circunstância da natureza humana e não algo que possa ser causado por alguém.

Um segundo ponto consiste em quebrar o tabu e conversar normalmente sobre o assunto. Afinal, a morte é uma realidade natural da vida e a única coisa que todas as pessoas têm em comum. A desmistificação da morte, sem torná-la algo banal, torna as ideias de suicídio algo menos dramático do que aparentam ser.

A pessoa que assiste a quem tenha ideias de suicídio deve fazer foco sobre o futuro e demonstrar que o sofrimento atual não persistirá para sempre, e embora seja algo pungente no momento não será mais que um dado histórico daqui a pouco. Por outro lado, deve procurar demonstrar à pessoa com ideação suicida que seja o que for que lhe tenha acontecido ou o que ela tenha feito, foi algo dentro dos limites do humano e que, portanto, todas as pessoas são passíveis das mesmas coisas.

Pode ser demonstrado também que se aparentemente para o mundo faz pouca diferença que a pessoa viva ou morra, não é assim para pessoas próximas. Cada um é um elo único da cadeia evolutiva e está conectado a várias outras pessoas que só existem ou existirão em razão da sua existência. Não existe uma solidão radical.

Por fim, é importante mostrar-se aberto e disponível para receber sem preconceitos quaisquer demandas emocionais das pessoas com ideias de suicídio e para reagir a elas de modo adequado, demonstrando acolhimento. Muitas vezes, apenas este “estar disponível” para acolhê-la já é o gatilho para que uma mudança positiva ocorra dentro de uma pessoa que está passando por um momento difícil.

Veja também sobre "Psicoterapia", "Autoestima e como melhorá-la", "Sentimentos de solidão" e "Timidez - como superar".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Revista Bioética, da Fiocruz – Brasil e da Cambridge University.

ABCMED, 2020. Ideação suicida - o que é ? Quais são os tipos? Qual o real risco de suicídio e meio à ideação suicida?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/psicologia-e-psiquiatria/1379998/ideacao-suicida-o-que-e-quais-sao-os-tipos-qual-o-real-risco-de-suicidio-e-meio-a-ideacao-suicida.htm>. Acesso em: 9 nov. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Fator de risco: Qualquer coisa que aumente a chance de uma pessoa desenvolver uma doença.
2 Esquizofrenia: Doença mental do grupo das Psicoses, caracterizada por alterações emocionais, de conduta e intelectuais, caracterizadas por uma relação pobre com o meio social, desorganização do pensamento, alucinações auditivas, etc.
3 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
4 Cálculo: Formação sólida, produto da precipitação de diferentes substâncias dissolvidas nos líquidos corporais, podendo variar em sua composição segundo diferentes condições biológicas. Podem ser produzidos no sistema biliar (cálculos biliares) e nos rins (cálculos renais) e serem formados de colesterol, ácido úrico, oxalato de cálcio, pigmentos biliares, etc.
5 Anedonia: Perda da capacidade de sentir prazer. Perda de prazer nas atividades diárias.
6 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
7 Patologia: 1. Especialidade médica que estuda as doenças e as alterações que estas provocam no organismo. 2. Qualquer desvio anatômico e/ou fisiológico, em relação à normalidade, que constitua uma doença ou caracterize determinada doença. 3. Por extensão de sentido, é o desvio em relação ao que é próprio ou adequado ou em relação ao que é considerado como o estado normal de uma coisa inanimada ou imaterial.
Gostou do artigo? Compartilhe!

Pergunte diretamente a um especialista

Sua pergunta será enviada aos especialistas do CatalogoMed, veja as dúvidas já respondidas.