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Dismetria dos membros inferiores

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O que é dismetria dos membros inferiores?

Dismetria ou heterometria dos membros inferiores, popularmente chamada de “perna curta”, é a diferença de comprimento dos membros inferiores, ou seja, é a diferença entre os comprimentos das pernas (uma perna maior do que a outra), causada por alteração anatômica ou estrutural, congênita1 ou adquirida, dos membros inferiores. A diferença de comprimento entre as pernas pode variar de menos de um até vários centímetros.

Quais são as causas da dismetria dos membros inferiores?

Estas alterações podem aparecer:

(1) por causas neuromusculares, como na pólio e paralisia2 cerebral, por exemplo;

(2) por deformidades ósseas, como “genu recurvatum”, arcos costais e vértebras assimétricos ou escoliose3, por exemplo;

(3) por traumas, como fratura4 dos ossos da perna ou lesão5 da placa6 epifisária7;

(4) no pós-operatório de algumas próteses como de quadril e de joelho;

(5) em transtornos idiopáticos ou genéticos, como transtorno dos quadris (síndrome8 de Legg-Calvé-Perthes, por exemplo);

(6) em alterações degenerativas9 avançadas como artrose10 ou doenças que levam ao desgaste articular.

Saiba mais sobre "Poliomielite11", "Paralisia2 cerebral", "Fratura4 óssea", "Alterações posturais" e "Geno valgo12 e geno varo13".

Quais são as principais características clínicas da dismetria dos membros inferiores?

As desigualdades no comprimento dos membros devem ser levadas em conta apenas quando estão acima de 0,5 a 1 centímetro. As diferenças menores que essas entre o lado direito e o esquerdo são muito comuns e praticamente irrelevantes. As diferenças de comprimento entre as pernas são consideradas ligeiras se são de 1 a 3 cm, moderadas de 3 a 6 cm e graves se superiores a 6 cm. Quanto maior for esta diferença de comprimento entre as pernas, mais desconforto o indivíduo irá sentir e pior será o prognóstico14.

Chama-se "perna curta verdadeira" quando os ossos de uma das pernas estão realmente mais curtos que os da outra e "perna curta falsa" quando os comprimentos dos ossos da perna são iguais, mas existe um desnível do quadril. No primeiro caso, uma perna é, de fato, menor que a outra; no segundo, as pernas são do mesmo comprimento real e só aparentemente são de comprimentos diferentes.

No entanto, os problemas sobre a marcha podem ser idênticos ou assemelhados. O joelho e a anca do lado correspondente podem tentar compensar a dismetria com extensão do membro mais curto e/ou flexão do membro mais longo.

Como o médico diagnostica a dismetria dos membros inferiores?

O diagnóstico15 deve ser efetuado por um médico especialista, pois ocasionalmente pode ser complicado determinar qual é o lado “normal “e qual o mais longo ou mais curto. Alguns testes simples podem dar uma primeira ideia do problema.

Quando a pessoa possui mais de 2 cm de diferença de comprimento entre as pernas, é possível observar essa diferença quando a pessoa deita de barriga para cima e dobra as pernas e um joelho fica mais elevado que outro. Uma outra forma de diagnosticar o problema é usando uma fita métrica ou observando o nível do quadril ao colocar a pessoa sobre plataformas de madeira. No entanto, quando a diferença de comprimento é pequena estas alterações não são vistas e somente exames de imagem como radiografia panorâmica e escanometria poderão evidenciar a dismetria.

Leia sobre "Artroplastia do quadril", "Artroplastia do joelho", "Artrite16" e "Artrose10".

Como o médico trata a dismetria dos membros inferiores?

É possível curar a perna curta, deixando as duas do mesmo tamanho, mas os tratamentos variam de acordo com a sua causa e por isso cada caso deve ser discutido pessoalmente com o ortopedista. Quando a dismetria é igual ou inferior a 0,5 centímetro não há necessidade de tratamento. Em dismetrias maiores, o paciente poderá ter de utilizar palmilhas e em casos mais graves utilizar um sapato adaptado e feito por medida.

Uma fisioterapia17 pode libertar a fáscia18, alongar os músculos19 encurtados, corrigir uma eventual escoliose3 e diminuir a dor e o enfraquecimento muscular. O tratamento da desigualdade entre os membros inferiores envolve abordagens que variam entre funcional, estrutural ou uma combinação de ambas, e deve ser personalizado para cada caso.

Como evolui a dismetria dos membros inferiores?

Se o comprimento das pernas for deixado sem compensação, a espinha ilíaca anterior e posterior ficam mais baixas no lado da perna mais curta, o que por sua vez pode resultar numa desestabilização da pélvis e da coluna vértebra, causando desnivelamento sacral e/ou escoliose3.

Quais são as complicações possíveis da dismetria dos membros inferiores?

Ter uma perna mais curta que a outra cria dificuldade para caminhar e um andar sempre mancando, o que causa dor e desconforto; alterações no joelho, que podem ficar voltados para dentro ou para fora; desenvolvimento de pequenas fraturas na perna saudável chamadas de fratura4 por estresse ósseo; desenvolvimento de escoliose3 e desnível do quadril; desenvolvimento de artrite16 ou artrose10 nas articulações20 e dores nas costas21, nos ombros, no pescoço22, dor de cabeça23, nas pernas e/ou nos pés.

Leia também sobre "Desvios da coluna vertebral24", "Reeducação postural global (RPG)", "Fisioterapia17" e "Benefícios do alongamento".

 

ABCMED, 2019. Dismetria dos membros inferiores. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/ortopedia-e-saude/1333123/dismetria-dos-membros-inferiores.htm>. Acesso em: 19 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Congênita: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
2 Paralisia: Perda total da força muscular que produz incapacidade para realizar movimentos nos setores afetados. Pode ser produzida por doença neurológica, muscular, tóxica, metabólica ou ser uma combinação das mesmas.
3 Escoliose: Deformidade no alinhamento da coluna vertebral, que produz uma curvatura da mesma para um dos lados. Pode ser devido a distúrbios ósteo-articulares e a problemas posturais.
4 Fratura: Solução de continuidade de um osso. Em geral é produzida por um traumatismo, mesmo que possa ser produzida na ausência do mesmo (fratura patológica). Produz como sintomas dor, mobilidade anormal e ruídos (crepitação) na região afetada.
5 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
6 Placa: 1. Lesão achatada, semelhante à pápula, mas com diâmetro superior a um centímetro. 2. Folha de material resistente (metal, vidro, plástico etc.), mais ou menos espessa. 3. Objeto com formato de tabuleta, geralmente de bronze, mármore ou granito, com inscrição comemorativa ou indicativa. 4. Chapa que serve de suporte a um aparelho de iluminação que se fixa em uma superfície vertical ou sobre uma peça de mobiliário, etc. 5. Placa de metal que, colocada na dianteira e na traseira de um veículo automotor, registra o número de licenciamento do veículo. 6. Chapa que, emitida pela administração pública, representa sinal oficial de concessão de certas licenças e autorizações. 7. Lâmina metálica, polida, usualmente como forma em processos de gravura. 8. Área ou zona que difere do resto de uma superfície, ordinariamente pela cor. 9. Mancha mais ou menos espessa na pele, como resultado de doença, escoriação, etc. 10. Em anatomia geral, estrutura ou órgão chato e em forma de placa, como uma escama ou lamela. 11. Em informática, suporte plano, retangular, de fibra de vidro, em que se gravam chips e outros componentes eletrônicos do computador. 12. Em odontologia, camada aderente de bactérias que se forma nos dentes.
7 Epifisária: Relativo à epífise, que é a parte de um osso longo originária de um centro de ossificação distinto, inicialmente separada por uma camada de cartilagem, posteriormente reunida ao osso.
8 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
9 Degenerativas: Relativas a ou que provocam degeneração.
10 Artrose: Também chamada de osteoartrose ou processo degenerativo articular, resulta de um processo anormal entre a destruição cartilaginosa e a reparação da mesma. Entende-se por cartilagem articular, um tipo especial de tecido que reveste a extremidade de dois ossos justapostos que possuem algum grau de movimentação entre eles, sua função básica é a de diminuir o atrito entre duas superfícies ósseas quando estas executam qualquer tipo de movimento, funcionando como mecanismo de absorção de choque. O estado de hidratação da cartilagem e a integridade da mesma, é fator preponderante para o não desenvolvimento da artrose.
11 Poliomielite: Doença viral que afeta as raízes anteriores dos nervos motores, produzindo paralisia especialmente em crianças pequenas e adolescentes. Sua incidência tem diminuído muito graças ao descobrimento de uma vacina altamente eficaz (Sabin), e de seu uso difundido no mundo inteiro.
12 Valgo: Que se desvia para fora, em relação ao eixo do corpo (diz-se de membro ou segmento de membro).
13 Varo: Que se desvia para dentro, em relação ao eixo do corpo (diz-se de membro ou segmento de membro).
14 Prognóstico: 1. Juízo médico, baseado no diagnóstico e nas possibilidades terapêuticas, em relação à duração, à evolução e ao termo de uma doença. Em medicina, predição do curso ou do resultado provável de uma doença; prognose. 2. Predição, presságio, profecia relativos a qualquer assunto. 3. Relativo a prognose. 4. Que traça o provável desenvolvimento futuro ou o resultado de um processo. 5. Que pode indicar acontecimentos futuros (diz-se de sinal, sintoma, indício, etc.). 6. No uso pejorativo, pernóstico, doutoral, professoral; prognóstico.
15 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
16 Artrite: Inflamação de uma articulação, caracterizada por dor, aumento da temperatura, dificuldade de movimentação, inchaço e vermelhidão da área afetada.
17 Fisioterapia: Especialidade paramédica que emprega agentes físicos (água doce ou salgada, sol, calor, eletricidade, etc.), massagens e exercícios no tratamento de doenças.
18 Fáscia: Fáscia é uma bainha, uma folha ou qualquer outra agregação dissecável de tecido conjuntivo que se forma sob a pele para anexar, fechar e separar músculos e outros órgãos internos. Ela é composta de tecidos conectivos fibrosos, moles, colágenos, soltos e densos espalhados por todo o corpo. O sistema fascial interpenetra e envolve todos os órgãos, músculos, ossos e fibras nervosas, dotando o corpo de uma estrutura funcional e proporcionando um ambiente que permite que todos os sistemas corporais operem de forma integrada.
19 Músculos: Tecidos contráteis que produzem movimentos nos animais.
20 Articulações:
21 Costas:
22 Pescoço:
23 Cabeça:
24 Coluna vertebral:
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