Politraumatismo
O que é politraumatismo?
Traumatismos são lesões1 provocadas no corpo por forças externas de natureza física ou química. Politraumatismos ou traumas múltiplos são termos médicos que descrevem a condição de uma pessoa que foi submetida a múltiplas lesões1 traumáticas de diversas naturezas, as quais podem comprometer diversos órgãos e sistemas.
Fala-se de politraumatismos se há duas ou mais lesões1 graves em pelo menos duas áreas do corpo e, menos frequentemente, duas ou mais lesões1 graves em uma área do corpo. É frequente que o politraumatizado sofra múltiplas fraturas em múltiplos ossos, mas a condição vai muito além disso.
Quais são as causas do politraumatismo?
Os politraumatismos estão frequentemente associados a acidentes com veículos motorizados ou a explosões de várias naturezas, mas podem se dever as outras causas, geralmente violentas.
Quais são as principais características clínicas do politraumatismo?
Os politraumatismos podem incluir lesões1 cerebrais e medulares, afetação de vísceras internas, hemorragias2 de diversos graus, perda de membros, queimaduras, cegueira e perda auditiva, além de múltiplas fraturas ósseas. Algumas dessas lesões1 são ostensivamente visíveis, mas outras podem ser internas e de mais difícil constatação.
Uma condição importante para o uso do termo politraumatismo é a incidência3 do choque4 traumático e/ou hipotensão5 hemorrágica6, um sério perigo para uma ou mais funções vitais do organismo. Em geral, entre as múltiplas lesões1, pelo menos uma coloca em perigo a vida da pessoa politraumatizada.
Saiba mais sobre "Acidentes de trânsito", "Hemorragia7 grave", "Queimaduras", "Choque4 hemorrágico8" e "Fraturas ósseas".
Como o médico diagnostica o politraumatismo?
Na admissão ao hospital, qualquer paciente politraumatizado deve ser submetido imediatamente ao diagnóstico9 por radiografia de sua coluna cervical10, tórax11 e pelve12, para determinar possíveis lesões1 com risco de vida (por exemplo: uma vértebra cervical13 fraturada, uma pelve12 severamente fraturada ou um hemotórax). Feita essa pesquisa inicial, podem ser feitos raios X dos membros para avaliar a possibilidade de outras fraturas.
Em virtude de seu conteúdo variável e não homogêneo, o termo politraumatismo não pode ser usado como diagnóstico9 final sem uma quantificação objetiva da extensão da gravidade das lesões1. Outros exames podem ser necessários, de acordo com o quadro clínico exibido pelo paciente.
Como o médico trata o politraumatismo?
A conduta no tratamento intensivo do complexo referente ao politraumatismo estabelece um desafio até mesmo para os clínicos mais experientes. Os primeiros atendimentos a um politraumatizado geralmente são feitos ainda fora do hospital e deve ser observado, de pronto, o estado geral do paciente: a pulsação, a respiração, a cor da pele14, o estado de consciência, a capacidade de movimentação, a reação à dor e a temperatura do corpo.
No hospital, é necessário atender emergencialmente, dando prioridade àquela consequência do traumatismo15 que põe em maior risco a vida do paciente, estabelecendo a seguinte ordem:
- Permeabilidade16 das vias aéreas, remoção das próteses, se houver, e aspiração das secreções orofaríngeas;
- Avaliação das possíveis lesões1 intratorácicas;
- Intubação e uso de respirador, se necessário;
- Avaliação da função respiratória (ritmo, frequência e movimento torácico);
- Avaliação das funções cardiocirculatórias usando manobras de ressuscitação quando houver parada cardiorrespiratória;
- Controle da hemorragia7 externa e interna e preparação do paciente para cirurgia, se necessária;
- Punção de veia para reposição das perdas sanguíneas e administração de medicamentos;
- Preparação do material para flebotomia17 (incisão18 ou sangria venosa);
- Sondagem vesical19 para avaliação do débito urinário20;
- Controle rigoroso da administração e perda de líquidos e sinais vitais21;
- Avaliação de trauma crânio22 encefálico e outras lesões1;
- Imobilização das fraturas, observando a coloração, temperatura e pulso das extremidades;
- Avaliação da ansiedade do paciente, orientando e esclarecendo sobre o seu estado, procedimentos e dúvidas.
A oxigenação por meio de membrana extracorpórea pode ser eficaz no tratamento de alguns pacientes politraumatizados com insuficiência23 pulmonar ou cardiopulmonar.
Leia sobre "Parada cardiorrespiratória", "Intubação endotraqueal", "Sondagem vesical19", "Traumatismo15 craniano" e "Oxigenioterapia".
Estes são detalhes importantes que cabem ao médico saber conduzir adequadamente, mas vale ter uma ideia do que pode acontecer em uma situação grave como um politrauma.
Os politraumatismos afetam vários órgãos e tecidos além dos ossos. Embora o médico traumatologista tenha um papel relevante no tratamento desses pacientes, outros especialistas devem ser envolvidos. Por isso, devido à complexidade de seus ferimentos, os pacientes com politraumatismo requerem ser atendidos por vários serviços especializados e por uma equipe multidisciplinar.
Quais são as complicações possíveis do politraumatismo?
Infelizmente, muitas das vítimas de politraumatismos, apesar de sobreviverem, não mais recuperam totalmente sua forma física e/ou mental prévia, ficando com alguma sequela24. Os politraumatismos podem levar a várias condições incapacitantes, como amputações, lesões1 da medula espinhal25, danos auditivos e visuais definitivos, transtorno de estresse pós-traumático e outras condições médicas.
Veja também sobre "Membro fantasma", "Lesões1 da medula26", "Estresse pós-traumático", "Paraplegia27" e "Tetraplegia".
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.