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Hemocultura - o que é importante saber sobre ela?

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O que é hemocultura?

A hemocultura é um exame laboratorial em que uma amostra de sangue1 do paciente é coletada e inoculada em frascos contendo um meio de cultura que permite e torna mais fácil o crescimento e a identificação de germes invasores estrangeiros, como bactérias (principalmente), fungos, leveduras e outros microrganismos no sangue1.

Em geral, esse exame é acompanhado de outro, que testa o grau de sensibilidade dos microrganismos a diversos fármacos (geralmente antibióticos).

Por que fazer uma hemocultura?

Um teste de hemocultura é solicitado quando o médico suspeita que o paciente tenha uma infecção2 no sangue1, para confirmar a presença de microrganismos circulantes, identificar esses microrganismos e ajudar a determinar a fonte da infecção2 e a escolha da terapia antimicrobiana mais adequada.

Uma infecção2 comum em qualquer local do organismo pode se espalhar para o sangue1 e se tornar generalizada e grave, com risco de vida, se o sistema imunológico3 da pessoa não for capaz de mantê-la contida.

A hemocultura é extremamente importante nos casos de infecção2 sistêmica (sepse4), que é uma complicação grave com risco de vida, porque ajuda a orientar o tratamento. Este tipo de infecção2 envolve o sangue1 que circula em todo o corpo, na maioria das vezes a partir de infecções5 que começam na pele6, nos pulmões7, na urina8 ou no trato gastrointestinal. A infecção2 no sangue1 causada por bactérias é conhecida como bacteremia9.

Os primeiros procedimentos para a cultura do sangue1 foram publicados em meados do século XIX, mas as técnicas iniciais eram bem mais trabalhosas e tinham pouca semelhança com os métodos contemporâneos. De início, a detecção do crescimento microbiano envolvia o exame visual dos frascos de cultura até que os sistemas automatizados de hemocultura, que monitoram os gases produzidos pelo metabolismo10 microbiano, foram introduzidos na década de 1970.

Leia também sobre "Agentes infecciosos", "O que são vírus11", "Sepse4 em crianças" e "Choque12 séptico".

Como se realiza a hemocultura?

Em preparação para uma hemocultura, o paciente deve informar ao médico que tipo de medicamentos está tomando, para que ele decida se deve continuar a tomá-los ou se é necessário interrompê-los, porque podem afetar os resultados do exame. A seguir, uma amostra de sangue1 deve ser coletada de uma veia do paciente. Isso geralmente é feito em um hospital e mais raramente em ambulatórios.

A pele6 da região onde a amostra será colhida deve ser limpa para evitar que qualquer microrganismo na pele6 contamine o teste. O profissional de saúde13 então envolverá um manguito ou um elástico em volta do braço do paciente para permitir que suas veias14 se encham de sangue1 e se tornem mais visíveis. Em seguida, ele se vale de uma agulha que introduz na veia para coletar várias amostras de sangue1. Essas amostras são coletadas de diferentes veias14, em oportunidades diferentes, para ajudar a aumentar a chance de detectar microrganismos na corrente sanguínea. Após cada coleta, o profissional deve cobrir o local da punção com uma gaze e um curativo, para fechar uma possível porta de entrada.

A amostra de sangue1 é então submetida a um laboratório onde é cultivada. Cada amostra de sangue1 é adicionada a um frasco contendo um líquido conhecido como caldo, o qual estimula o crescimento de qualquer microrganismo presente no sangue1. Normalmente, dois tipos diferentes de recipientes são usados durante o exame, um dos quais é projetado para organismos aeróbicos, que requerem oxigênio, e o outro para organismos anaeróbios, que não precisam dele.

Os recipientes são colocados em uma incubadora por vários dias para permitir que os microrganismos se multipliquem. Se a cultura resultar positiva, isso significa que a pessoa tem uma infecção2 no sangue1 e o resultado ajudará o médico a identificar o microrganismo específico que está causando a infecção2.

Tendo sido detectado um crescimento microbiano, uma coloração de Gram é realizada a partir do frasco de cultura para confirmar que os organismos estão presentes e fornecer informações preliminares sobre sua identidade. Dependendo do tipo de organismo descoberto, deverá ser realizado outro teste, chamado teste de sensibilidade, que ajudará a determinar qual medicamento específico15 funcionará melhor contra esse organismo. É prática corrente que o teste de sensibilidade seja sempre solicitado como acompanhamento de um teste positivo de cultura de sangue1.

E depois da hemocultura?

Se antes da hemocultura o médico suspeitar que o paciente tem uma infecção2 no sangue1, ele deve iniciar o tratamento imediatamente em um hospital, por meio de antibióticos intravenosos de amplo espectro enquanto aguarda os resultados da hemocultura e do teste de sensibilidade aos antibióticos. Isso porque se a sepse4 se desenvolver, pode ser fatal.

Realizado o exame de hemocultura, devem ser afastadas as possibilidades de resultados falso negativos e falsos positivos, que felizmente são raros. Se for detectado algum crescimento, o microbiologista realizará uma coloração de Gram em uma amostra de sangue1 do frasco para uma rápida identificação preliminar do organismo. A coloração de Gram classifica as bactérias como Gram-positivas ou Gram-negativas e fornece informações sobre sua forma: de bastonete (bacilos), esféricas (cocos) ou espiral (espiroquetas), o que já dá uma ideia do tipo de infecção2 em causa.

Os testes de suscetibilidade a antibióticos em patógenos isolados de uma hemocultura permite que os médicos forneçam um tratamento mais bem direcionado e descontinuem antibióticos de amplo espectro que vinham administrando. A administração rápida de drogas antimicrobianas eficazes é crucial no tratamento da sepse4, por isso alguns métodos eletrônicos de agilizar os resultados de uma hemocultura e da sensibilidade aos fármacos foram desenvolvidos, de modo a fornecerem resultados bem mais rápidos que os métodos antigos.

Veja sobre "Pneumonia16 na infância", "Endocardite17", "Infecção2 hospitalar" e "Infecções5 oportunistas".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente do site do NHS - National Health Service (UK).

ABCMED, 2022. Hemocultura - o que é importante saber sobre ela?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/exames-e-procedimentos/1421345/hemocultura-o-que-e-importante-saber-sobre-ela.htm>. Acesso em: 20 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
2 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
3 Sistema imunológico: Sistema de defesa do organismo contra infecções e outros ataques de micro-organismos que enfraquecem o nosso corpo.
4 Sepse: Infecção produzida por um germe capaz de provocar uma resposta inflamatória em todo o organismo. Os sintomas associados a sepse são febre, hipotermia, taquicardia, taquipnéia e elevação na contagem de glóbulos brancos. Pode levar à morte, se não tratada a tempo e corretamente.
5 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
6 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
7 Pulmões: Órgãos do sistema respiratório situados na cavidade torácica e responsáveis pelas trocas gasosas entre o ambiente e o sangue. São em número de dois, possuem forma piramidal, têm consistência esponjosa e medem cerca de 25 cm de comprimento. Os pulmões humanos são divididos em segmentos denominados lobos. O pulmão esquerdo possui dois lobos e o direito possui três. Os pulmões são compostos de brônquios que se dividem em bronquíolos e alvéolos pulmonares. Nos alvéolos se dão as trocas gasosas ou hematose pulmonar entre o meio ambiente e o corpo, com a entrada de oxigênio na hemoglobina do sangue (formando a oxiemoglobina) e saída do gás carbônico ou dióxido de carbono (que vem da célula como carboemoglobina) dos capilares para o alvéolo.
8 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
9 Bacteremia: Presença de bactérias no sangue, porém sem que as mesmas se multipliquem neste. Quando elas se multiplicam no sangue chamamos “septicemia”.
10 Metabolismo: É o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos. São essas reações que permitem a uma célula ou um sistema transformar os alimentos em energia, que será ultilizada pelas células para que as mesmas se multipliquem, cresçam e movimentem-se. O metabolismo divide-se em duas etapas: catabolismo e anabolismo.
11 Vírus: Pequeno microorganismo capaz de infectar uma célula de um organismo superior e replicar-se utilizando os elementos celulares do hospedeiro. São capazes de causar múltiplas doenças, desde um resfriado comum até a AIDS.
12 Choque: 1. Estado de insuficiência circulatória a nível celular, produzido por hemorragias graves, sepse, reações alérgicas graves, etc. Pode ocasionar lesão celular irreversível se a hipóxia persistir por tempo suficiente. 2. Encontro violento, com impacto ou abalo brusco, entre dois corpos. Colisão ou concussão. 3. Perturbação brusca no equilíbrio mental ou emocional. Abalo psíquico devido a uma causa externa.
13 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
14 Veias: Vasos sangüíneos que levam o sangue ao coração.
15 Medicamento específico: O termo aplica-se a produtos farmacêuticos, tecnicamente obtidos ou elaborados, com finalidade profilática, curativa ou paliativa não enquadrados nas categorias de medicamento novo, genérico, similar, biológico, fitoterápico ou notificado e cuja(s) substância(s) ativa(s), independente da natureza ou origem, não é(são) passível(is) de ensaio de bioequivalência, frente a um produto comparador.
16 Pneumonia: Inflamação do parênquima pulmonar. Sua causa mais freqüente é a infecção bacteriana, apesar de que pode ser produzida por outros microorganismos. Manifesta-se por febre, tosse, expectoração e dor torácica. Em pacientes idosos ou imunodeprimidos pode ser uma doença fatal.
17 Endocardite: Inflamação aguda ou crônica do endocárdio. Ela pode estar preferencialmente localizada nas válvulas cardíacas (endocardite valvular) ou nas paredes cardíacas (endocardite parietal). Pode ter causa infecciosa ou não infecciosa.
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