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A nanotecnologia na Medicina

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O que é nanotecnologia?

A nanotecnologia pode ser definida como a criação, manipulação e exploração de materiais com escala de medidas nanométricas. Um nanômetro (abreviação: nm) é um metro dividido por um bilhão, ou seja, 40.000 a 100.000 vezes menor que a espessura de um fio de cabelo1. Um nanômetro é algumas vezes menor que um vírus2. Com essa tecnologia é possível manipular átomos e moléculas para construir estruturas mais complexas.

O ponta pé inicial da nanotecnologia pode ser demarcado pelo discurso do físico americano Richard Feynman, em 1959, chamando a atenção para este novo campo da ciência, de ultramicro dimensões.

A nanotecnologia começou a ser implementada na década de 1970, no Japão, e vem se desenvolvendo a partir daí. Embora inicialmente soasse como ficção, ela se tornou uma das promessas deste novo século, um sonho que vai se tornando realidade.

A nanotecnologia visa, em primeiro lugar, substituir as tecnologias atuais em vários campos das ciências, dos quais a Medicina é apenas um deles. Só para citar um exemplo, na eletrônica ela tem permitido criar materiais de 10 a 100 vezes mais resistentes do que o aço, ideais para aplicações nas indústrias aeroespacial e automobilística.

Outros assuntos de interesse: "Telemedicina usada em benefício dos pacientes", "Medicina alternativa" e "Reprodução3 assistida".

Quais são os usos da nanotecnologia na Medicina?

A aplicação da nanotecnologia na Medicina tem sido chamada de Nanomedicina. Ela é definida como uma combinação de ciência e tecnologia que utiliza materiais estruturados em nanoescala para diagnosticar, tratar e prevenir doenças e lesões4 traumáticas. Esse campo da Medicina está particularmente interessado em superar os desafios e deficiências dos tratamentos médicos convencionais, incluindo baixa biodisponibilidade das medicações, baixa especificidade do alvo de atuação delas e potencial toxicidade5 sistêmica e orgânica das medicações.

Na Medicina, essa nova tecnologia possibilitará diagnósticos mais detalhados, novas modalidades de tratamentos e até mesmo a criação de algum material para o sistema biológico. A nanotecnologia pode produzir robôs tão pequenos que sejam capazes de ser injetados no organismo para desobstruir artérias6 ou desenvolver remédios que poderão atuar especificamente na região danificada do organismo como, por exemplo, dispensar um remédio para combater um tumor7 apenas no local do tumor7, sem afetar as demais células8 normais do organismo.

A Nanotecnologia na Medicina pode, entre outras coisas:

  1. Estar presente na elaboração de novos medicamentos – por meio da criação de nanorobôs é possível desenvolver remédios e drogas hoje inexistentes, que sirvam para o tratamento de pacientes e seus problemas.
  2. Realizar uma Drug Delivery especial, uma nova ciência que por meio dos nanorobôs seja capaz de transportar o medicamento pelo corpo até que chegue ao ponto correto onde deva ser liberado. Atualmente, se a pessoa toma um anticoagulante9, por exemplo, ele se distribui e faz efeito por todo o organismo, gerando reações adversas. No futuro, pequenos microprocessadores irão levá-lo para o lugar exato onde deve fazer efeito.
  3. No tratamento para câncer10, os nanomateriais serão levados diretamente às células8 cancerígenas, diferentemente do fazem hoje as quimioterapias e radioterapias, que mesmo que sirvam para tratar a doença, deterioram partes sadias do corpo humano11.

Os usos atualmente possíveis da Nanomedicina incluem:

  • injetar nanopartículas em tumores e aquecê-los usando campos magnéticos, raios X ou luz para matar células8 cancerígenas;
  • liberar pequenas quantidades de drogas quimioterápicas ou terapias genéticas diretamente nas células8 cancerígenas;
  • minimizar ou eliminar os efeitos colaterais12 em tecidos saudáveis;
  • ajudar a detectar precocemente o câncer10 e outras doenças;
  • determinar se os tratamentos estão ou não sendo eficazes.

Num futuro muito próximo, a nanotecnologia aplicada à Medicina fornecerá um valioso conjunto de ferramentas de pesquisa e dispositivos clinicamente úteis, visando tratar muitas condições hoje não tratáveis, ou melhorar as técnicas de tratamentos pouco sofisticadas que temos hoje. E provavelmente abrirá novas fontes de pesquisas, hoje ainda impensáveis.

Quais são as controvérsias da nanotecnologia?

Toda novidade tecnológica se faz acompanhar de alguns riscos e desvantagens. Em relação à nanomedicina, não é diferente. Em primeiro lugar, trata-se de uma tecnologia ainda muito cara, que envolve investimentos inacessíveis a grande número de serviços médicos e pacientes. Ainda há, também, poucos profissionais habilitados para usar essa nova tecnologia.

Além disso, existem desafios e riscos que podem acometer o profissional que trabalha com a nanomedicina e até mesmo o paciente que está sendo tratado com essa tecnologia. Em casos de pessoas que estejam em tratamento com nanomateriais em nível celular, pode ocorrer de o corpo criar anticorpos13 contra esses microssistemas ou até mesmo biodegradá-los em um curto espaço de tempo.

Com a evolução e o uso mais extensivo da tecnologia, é possível que venham a ser detectados novos obstáculos e novos benefícios dessa ciência, atualmente em constante análise pela Medicina.

Em resumo...

A nanotecnologia trará profundas transformações em todos os segmentos médicos, entre as maiores que já se viu. Nos Estados Unidos e na Europa, há grupos de pesquisadores procurando ativamente aumentar os conhecimentos sobre ela. E isso estará concretizado num futuro próximo! Aquilo que hoje parece distante e restrito apenas a poucos pesquisadores, logo se tornará indispensável para a medicina comum.

Leia também sobre "Medicina Preventiva", "Medicina desportiva", "Neurociência" e "Ressecção endoscópica da próstata14".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Cleveland Clinic - USA e da Mayo Clinic.

ABCMED, 2022. A nanotecnologia na Medicina. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/exames-e-procedimentos/1411190/a-nanotecnologia-na-medicina.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Cabelo: Estrutura filamentosa formada por uma haste que se projeta para a superfície da PELE a partir de uma raiz (mais macia que a haste) e se aloja na cavidade de um FOLÍCULO PILOSO. É encontrado em muitas áreas do corpo.
2 Vírus: Pequeno microorganismo capaz de infectar uma célula de um organismo superior e replicar-se utilizando os elementos celulares do hospedeiro. São capazes de causar múltiplas doenças, desde um resfriado comum até a AIDS.
3 Reprodução: 1. Função pela qual se perpetua a espécie dos seres vivos. 2. Ato ou efeito de reproduzir (-se). 3. Imitação de quadro, fotografia, gravura, etc.
4 Lesões: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
5 Toxicidade: Capacidade de uma substância produzir efeitos prejudiciais ao organismo vivo.
6 Artérias: Os vasos que transportam sangue para fora do coração.
7 Tumor: Termo que literalmente significa massa ou formação de tecido. É utilizado em geral para referir-se a uma formação neoplásica.
8 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
9 Anticoagulante: Substância ou medicamento que evita a coagulação, especialmente do sangue.
10 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
11 Corpo humano: O corpo humano é a substância física ou estrutura total e material de cada homem. Ele divide-se em cabeça, pescoço, tronco e membros. A anatomia humana estuda as grandes estruturas e sistemas do corpo humano.
12 Efeitos colaterais: 1. Ação não esperada de um medicamento. Ou seja, significa a ação sobre alguma parte do organismo diferente daquela que precisa ser tratada pelo medicamento. 2. Possível reação que pode ocorrer durante o uso do medicamento, podendo ser benéfica ou maléfica.
13 Anticorpos: Proteínas produzidas pelo organismo para se proteger de substâncias estranhas como bactérias ou vírus. As pessoas que têm diabetes tipo 1 produzem anticorpos que destroem as células beta produtoras de insulina do próprio organismo.
14 Próstata: Glândula que (nos machos) circunda o colo da BEXIGA e da URETRA. Secreta uma substância que liquefaz o sêmem coagulado. Está situada na cavidade pélvica (atrás da parte inferior da SÍNFISE PÚBICA, acima da camada profunda do ligamento triangular) e está assentada sobre o RETO.
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