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Dormir bem é fundamental: práticas que preservam o sono e o bem-estar

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O que é uma boa higiene do sono?

Uma boa noite de sono é essencial para a saúde1 física, mental e emocional. A higiene do sono refere-se a práticas e comportamentos que promovem um sono reparador, envolvendo um ambiente adequado, uma rotina regular de horários e hábitos que facilitem o relaxamento antes de dormir.

Na prática, isso significa deitar e acordar em horários consistentes, reduzir luzes intensas e o uso de telas nas horas que antecedem o sono e cuidar do conforto do quarto, com temperatura amena, pouca luminosidade e silêncio. Também fazem parte escolhas alimentares e de estilo de vida alinhadas ao ritmo circadiano2, o relógio biológico que regula os ciclos de sono e vigília.

Quais são os hábitos que prejudicam o sono?

Diversos comportamentos comuns, principalmente aqueles realizados à noite ou após o expediente de trabalho ou estudo, podem interferir na capacidade de adormecer e de manter um sono profundo. Entre eles:

  1. Uso excessivo de dispositivos eletrônicos: a luz azul emitida por celulares, tablets e computadores inibe a produção de melatonina, hormônio3 essencial para o início do sono. Além disso, o conteúdo estimulante das redes sociais, vídeos ou jogos mantém o cérebro4 em estado de alerta, dificultando o relaxamento.
  2. Consumo de substâncias estimulantes: o café, chás com cafeína, refrigerantes e energéticos ativam o sistema nervoso central5, retardando o adormecimento. O álcool, embora possa induzir sonolência inicial, fragmenta o sono e provoca despertares noturnos.
  3. Refeições pesadas ou tardias: comer alimentos gordurosos ou em grandes quantidades antes de deitar pode causar desconforto digestivo ou refluxo gastroesofágico6, dificultando o sono. Recomenda-se evitar refeições volumosas pelo menos três horas antes de dormir.
  4. Horários irregulares de sono: dormir e acordar em horários diferentes todos os dias desregula o ritmo circadiano2, levando a dificuldades para adormecer e menor qualidade do sono.
  5. Atividade física intensa à noite: exercícios vigorosos próximos da hora de deitar aumentam a temperatura corporal e a frequência cardíaca, dificultando o relaxamento necessário para o início do sono.
  6. Ambiente inadequado: excesso de luz, ruído ou temperatura desconfortável interferem na arquitetura do sono. O ideal é um quarto escuro, silencioso e com temperatura entre 18 °C e 22 °C.
  7. Atividades mentais estimulantes à noite: pensar em problemas, planejar o dia seguinte ou realizar tarefas cognitivamente exigentes mantém o cérebro4 em alerta. Da mesma forma, discussões ou trabalho noturno podem elevar o nível de estresse e prejudicar o adormecimento.
  8. Uso de substâncias e medicamentos estimulantes: a nicotina, presente no cigarro, e fármacos como descongestionantes ou certos antidepressivos podem reduzir a sonolência e atrasar o início do sono.
Leia também sobre "O sono do bebê", "Apneia7 do sono em bebê", "Apneia7 do sono em adultos" e "Ciclos do sono".

Quais são as consequências fisiológicas8 e clínicas de um sono de má qualidade?

A privação de sono ou o sono de má qualidade compromete funções cognitivas e emocionais, com piora da memória, da atenção e da tomada de decisões, além de irritabilidade e maior risco de ansiedade e depressão.

Do ponto de vista cardiovascular, eleva-se o cortisol, o que se associa a hipertensão9, doença coronariana10 e acidente vascular cerebral11 (AVC). No sistema imune12, reduz-se a eficiência de resposta a infecções13. No metabolismo14, alteram-se grelina e leptina15, aumentando o apetite e elevando o risco de obesidade16 e diabetes tipo 217.

Clinicamente, a sonolência diurna reduz produtividade e vigilância, elevando o risco de acidentes de trânsito e ocupacionais. Em nível tecidual, a piora na regeneração celular pode acelerar o envelhecimento cutâneo18 e de outros tecidos.

Quais são os hábitos que ajudam a dormir bem?

Melhorar o sono passa por rotina consistente (inclusive nos fins de semana) e higiene ambiental adequada: escurecer o quarto, minimizar ruídos e manter temperatura confortável; quando necessário, cortinas blackout e estratégias de redução de ruído são úteis.

Nas horas que antecedem o sono, reduzir telas e luz azul e substituir por leitura leve, respiração profunda, alongamentos suaves, meditação ou práticas de mindfulness favorece o desligamento fisiológico19. À noite, evite cafeína, álcool e refeições pesadas, optando por lanches leves e, se desejado, chá sem cafeína (por exemplo, camomila ou erva-cidreira).

A atividade física regular melhora a qualidade do sono quando realizada preferencialmente pela manhã ou à tarde. Cochilos curtos podem ser úteis, mas sestas longas no fim da tarde tendem a atrapalhar o sono noturno.

Para diminuir a ruminação, vale anotar tarefas e preocupações antes de deitar. Para reduzir despertares por micção20, limite líquidos nas horas finais do dia. Se os problemas persistirem, procure avaliação médica para investigar insônia, apneia obstrutiva do sono21 ou síndrome22 das pernas inquietas.

A qualidade do sono é determinante para o bem-estar e para múltiplos desfechos clínicos. Evitar hábitos que perturbam o descanso e adotar rotinas e ambientes favoráveis costuma transformar a experiência de dormir, resultando em noites mais restauradoras e dias mais produtivos. Mudanças pequenas e consistentes ao longo do tempo produzem benefícios duradouros na saúde1 física e mental.

Veja sobre "Distúrbios do sono em idosos", "Melatonina" e "Distúrbios respiratórios do sono".

 

ABCMED, 2025. Dormir bem é fundamental: práticas que preservam o sono e o bem-estar. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/vida-saudavel/1496865/dormir-bem-e-fundamental-praticas-que-preservam-o-sono-e-o-bem-estar.htm>. Acesso em: 3 nov. 2025.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
2 Ritmo circadiano: Também conhecido como ciclo circadiano, o ritmo circadiano representa o período de um dia (24 horas) no qual se completam as atividades do ciclo biológico dos seres vivos. Uma das funções deste sistema é o ajuste do relógio biológico, controlando o sono e o apetite. Através de um marca-passo interno que se encontra no cérebro, o ritmo circadiano regula tanto os ritmos materiais quanto os psicológicos, o que pode influenciar em atividade como: digestão em vigília, renovação de células e controle de temperatura corporal.
3 Hormônio: Substância química produzida por uma parte do corpo e liberada no sangue para desencadear ou regular funções particulares do organismo. Por exemplo, a insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas que diz a outras células quando usar a glicose para energia. Hormônios sintéticos, usados como medicamentos, podem ser semelhantes ou diferentes daqueles produzidos pelo organismo.
4 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
5 Sistema Nervoso Central: Principais órgãos processadores de informação do sistema nervoso, compreendendo cérebro, medula espinhal e meninges.
6 Refluxo gastroesofágico: Presença de conteúdo ácido proveniente do estômago na luz esofágica. Como o dito órgão não está adaptado fisiologicamente para suportar a acidez do suco gástrico, pode ser produzida inflamação de sua mucosa (esofagite).
7 Apnéia: É uma parada respiratória provocada pelo colabamento total das paredes da faringe que ocorre principalmente enquanto a pessoa está dormindo e roncando. No adulto, considera-se apnéia após 10 segundos de parada respiratória. Como a criança tem uma reserva menor, às vezes, depois de dois ou três segundos, o sangue já se empobrece de oxigênio.
8 Fisiológicas: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
9 Hipertensão: Condição presente quando o sangue flui através dos vasos com força maior que a normal. Também chamada de pressão alta. Hipertensão pode causar esforço cardíaco, dano aos vasos sangüíneos e aumento do risco de um ataque cardíaco, derrame ou acidente vascular cerebral, além de problemas renais e morte.
10 Doença coronariana: Doença do coração causada por estreitamento das artérias que fornecem sangue ao coração. Se o fluxo é cortado, o resultado é um ataque cardíaco.
11 Acidente vascular cerebral: Conhecido popularmente como derrame cerebral, o acidente vascular cerebral (AVC) ou encefálico é uma doença que consiste na interrupção súbita do suprimento de sangue com oxigênio e nutrientes para o cérebro, lesando células nervosas, o que pode resultar em graves conseqüências, como inabilidade para falar ou mover partes do corpo. Há dois tipos de derrame, o isquêmico e o hemorrágico.
12 Sistema imune: Sistema de defesa do organismo contra infecções e outros ataques de micro-organismos que enfraquecem o nosso corpo.
13 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
14 Metabolismo: É o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos. São essas reações que permitem a uma célula ou um sistema transformar os alimentos em energia, que será ultilizada pelas células para que as mesmas se multipliquem, cresçam e movimentem-se. O metabolismo divide-se em duas etapas: catabolismo e anabolismo.
15 Leptina: Proteína secretada por adipócitos que age no sistema nervoso central promovendo menor ingestão alimentar e incrementando o metabolismo energético, além de afetar o eixo hipotalâmico-hipofisário e regular mecanismos neuroendócrinos. Do grego leptos = magro.
16 Obesidade: Condição em que há acúmulo de gorduras no organismo além do normal, mais severo que o sobrepeso. O índice de massa corporal é igual ou maior que 30.
17 Diabetes tipo 2: Condição caracterizada por altos níveis de glicose causada tanto por graus variáveis de resistência à insulina quanto por deficiência relativa na secreção de insulina. O tipo 2 se desenvolve predominantemente em pessoas na fase adulta, mas pode aparecer em jovens.
18 Cutâneo: Que diz respeito à pele, à cútis.
19 Fisiológico: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
20 Micção: Emissão natural de urina por esvaziamento da bexiga.
21 Apnéia obstrutiva do sono: Pausas na respiração durante o sono.
22 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.

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