Acidentes de trânsito
O que são acidentes de trânsito?
Acidente de trânsito é todo evento danoso envolvendo veículos, em geral com vítimas humanas e/ou animais. Os acidentes de trânsito no Brasil têm aumentado muito. De 35.105 mortes em 2004 passamos para 43.075 mortes em 2014 (Isso é mais que as mortes por câncer1, por exemplo!) e de pouco mais de 100.000 feridos graves em 2008 para pouco menos de 200.000 em 2014.
Além disso, o país tem um excessivo gasto com o tratamento de vítimas de acidentes de trânsito. Somente em 2014, o Sistema Único de Saúde2 (SUS) brasileiro gastou mais de R$ 1,1 bilhão no tratamento destas vítimas. Em todo o mundo, os acidentes de trânsito matam 1,2 milhões de pessoas por ano e ferem gravemente cerca de 50 milhões.
Quais são as causas mais comuns dos acidentes de trânsito?
Estatisticamente, 75% dos acidentes de trânsito são devidos a falhas humanas dos condutores, 12% a falhas nos veículos, 6% a deficiências nas vias e 7% a outras causas. Entre as causas mais comuns de acidentes de trânsito, contam-se:
- Imprudência3 dos motoristas;
- Excesso de velocidade;
- Desrespeito à sinalização;
- Ultrapassagens indevidas;
- Má visibilidade (chuva, neblina, cerração, noite, etc.);
- Falta de atenção do condutor;
- Defeitos na via;
- Distração do condutor por fatores no interior do veículo, como outros passageiros, rádio4, telefones celulares, objetos soltos, etc;
- Ação evasiva frente a um obstáculo, como desviar de animais ou buracos na pista;
- Técnica inadequada de dirigir, como não olhar os retrovisores, por exemplo;
- Não manter distância adequada para com o veículo à frente;
- Falta de “cortesia” no trânsito;
- Desconhecimento ou não obediência às normas e leis do trânsito, como ceder às preferências ou ultrapassar os limites de velocidade;
- Sensação de onipotência ao dirigir veículos muito possantes;
- Travessias em lugares perigosos;
- Desrespeito aos sinais5 de trânsito;
- Cansaço e sonolência dos motoristas;
- Uso de drogas lícitas ou ilícitas6 que alteram a consciência;
- Mal estado de conservação do veículo;
- Sensação de impunidade pelas infrações cometidas.
Como socorrer as vítimas de acidentes de trânsito?
De preferência, as vítimas de acidentes de trânsito devem ser assistidas por socorristas especializados, mas muitas vezes pessoas leigas têm de fazer os primeiros atendimentos, até chegar o socorro. Algumas dicas são:
- Em primeiro lugar, tenha calma. A afoiteza e desnorteamento do atendente pode piorar as coisas. Você não pode mais evitar o que já aconteceu, mas pode influir no que decorrerá daí em diante.
- Analise rapidamente a situação e procure prevenir perigos ainda existentes, se for o caso, evitando agravamento do acidente ou o surgimento de novas vítimas.
- Afaste a(s) vítima(s) das situações em que ela(s) ainda esteja(m) correndo algum perigo.
- Procure afastar os curiosos que se aglomeram e que podem atrapalhar a assistência às vítimas.
- Procure verificar a respiração e a pulsação da vítima e, se necessário, pratique a respiração boca7-a-boca7, se ela não estiver respirando, e/ou a reanimação cardíaca, se ela tiver uma parada cardíaca. E procure controlar eventuais hemorragias8.
- Para a respiração boca7-a-boca7, deite a vítima sobre uma superfície rígida, com a cabeça9 ligeiramente voltada para trás, de forma que o pescoço10 fique esticado; abaixe a língua11 dela e certifique-se de que as vias respiratórias estejam desobstruídas; feche completamente o nariz12 da vítima, pressionando-o com o polegar e o indicador, em forma de pinça; encha seus pulmões13 de ar, fazendo uma vigorosa inspiração14, aplique firmemente seus lábios sobre a boca7 da vítima e sopre o ar que você inalou para dentro da boca7 dela. Repita isso com uma frequência de quinze vezes por minuto até que a vítima volte a respirar ou que chegue o socorro.
- Para a reanimação cardíaca, coloque a vítima sobre uma superfície rígida, com as pernas levantadas (sobre uma almofada, por exemplo); coloque uma das mãos15 sobre o peito16 dela, mais ou menos sobre o coração17; coloque a outra mão18 sobre a primeira, entrelaçando os dedos; alternativamente, pressione com força e alivie a pressão, repetindo esse ato cerca de oitenta vezes por minuto, até que o coração17 volte a bater ou até que chegue o socorro. Caso a vítima também não esteja respirando, alterne quinze compressões com duas respirações boca7-a-boca7.
- Se houver hemorragias8 importantes, deite a pessoa em posição horizontal; aplique sobre a lesão19 que esteja sangrando uma compressa, pressionando firmemente com uma ou ambas as mãos15; em seguida, faça um curativo compressivo sobre a região afetada; procure manter o ponto afetado numa altura acima do coração17, a fim de diminuir a força do sangramento. Se houver um objeto encravado no local, provocando a hemorragia20, faça pressão em torno dele ou amarre algo ao redor, de forma a minimizar o fluxo de sangue21, mas nunca o retire, porque isso pode provocar mais hemorragia20. Nas hemorragias8 muito intensas das pernas ou braços, que não possam ser contidas por outros meios, deve-se fazer um torniquete (garroteamento) em posição proximal22 em relação à hemorragia20, procurando diminuir ao máximo o fluxo de sangue21. Essa providência, no entanto, só deve ser utilizada em última instância.
- Não dê à vítima nada para comer ou beber (nem mesmo água) porque ela pode precisar de uma anestesia23 geral, que requer jejum absoluto.
- Procure não mover a vítima, mas se tiver de fazê-lo sustente-lhe a cabeça9 para que ela não penda para trás ou para os lados. Se possível, deite-a sobre um cobertor ou equivalente e arraste-o com cuidado, evitando tracionar o corpo da vítima.
- Nunca deixe a vítima sozinha, porque ela pode estar confusa e colocar-se em novo risco. Além disso, a qualquer momento ela pode ter uma complicação séria que requeira a sua intervenção ou pode fazer um esforço inconveniente ao seu estado, como levantar-se, por exemplo.
- Desligue o veículo, se ele estiver ligado.
- Tenha cuidado com fogo: no escuro, nunca acenda um fósforo antes de certificar-se de que não há derramamento de gasolina.
- Saia da pista e sinalize a estrada à distância com triângulos de segurança, pisca-alerta, galhos de árvore, etc.
- Tenha cuidado com ácidos de baterias e cacos de vidro, que podem produzir queimaduras ou novos ferimentos.
- Se for necessário retirar a vítima do veículo, libere o cinto de segurança, segure-a por trás e ampare sua cabeça9 para que ela não faça movimentos de grandes amplitudes. Se possível, não mova os feridos ou, se tiver de movê-los, faça-o cuidadosamente, conforme recomendado acima.
- Procure proteger as vítimas das intempéries, como frio, chuva, sol, ventanias, etc.
Saiba mais sobre "Acidentes", "Parada cardiorrespiratória" e "Hemorragias8".
Como evitar acidentes de trânsito?
Ao contrário do que possa parecer, pesquisas mostram que a observância das leis e normas de trânsito, além de reduzir acidentes, torna o deslocamento mais rápido, mais seguro e mais econômico. Por isso, os motoristas profissionais procuram obedecê-las mais que os amadores. Motoristas que dirigem numa velocidade constante produzem um desgaste e um gasto dos seus veículos cerca de 30% menor que aqueles que dão bruscas arrancadas e bruscas freadas com eles ou ziguezagueiam em meio a outros veículos.
Quais são as complicações possíveis dos acidentes de trânsito?
As complicações e sequelas24 deixadas pelos acidentes de trânsito são muito variadas e dependem da natureza dos ferimentos ocasionados. Uma das mais notáveis e comuns é a secção da medula espinhal25, que leva à paralisia26 e pode, muitas vezes, ser consequência da inadequada mobilização da vítima na tentativa de socorro. Outra complicação comum nos acidentes automobilísticos são as fraturas vertebrais.
Leia também sobre "Lesões27 da medula espinhal25", "Paraplegia28", "Fratura29 óssea" e "Atendimento de urgência30".
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.