Própolis - usos e ações terapêuticas
O que é própolis?
O própolis é uma substância produzida pelas abelhas a partir de resinas coletadas de diferentes partes das plantas, como brotos, cascas e botões florais. Elas misturam essas resinas com secreções salivares e cera de abelha para criar o própolis.
Ele possui uma composição complexa, dependendo das plantas de onde as abelhas coletam as resinas e das condições locais, mas que, em geral, contém diversos compostos ativos, incluindo flavonoides, ácidos fenólicos, terpenoides (metabólicos secundários das plantas) e compostos aromáticos.
Por que usar própolis?
O própolis é conhecido por suas propriedades antimicrobianas, anti-inflamatórias e antioxidantes. Devido a essas propriedades, ele tem sido utilizado em diversas culturas ao longo da história para tratar várias condições de saúde1, como infecções2, feridas, resfriados, problemas de garganta3 e problemas dentários.
Além disso, o própolis também tem sido objeto de estudos científicos que investigam seu potencial para tratar e prevenir diferentes doenças, como câncer4, diabetes5, doenças cardíacas e problemas gastrointestinais. No entanto, é importante ressaltar que muitas dessas pesquisas estão em estágios iniciais e mais estudos são necessários para confirmar os benefícios do própolis nessas áreas.
O própolis está disponível em diferentes formas, como extrato líquido, cápsulas, pomadas e sprays. Antes de utilizá-lo para fins terapêuticos, o paciente deve consultar um profissional de saúde1 para obter orientações adequadas sobre dosagem e possíveis interações com medicamentos ou condições de saúde1 existentes.
Veja sobre "Hipovitaminoses", "Suplementos alimentares", "O papel orgânico das vitaminas" e "O que é uma alimentação saudável".
Ações terapêuticas do própolis
O própolis parece ter atividades anti-inflamatórias, antioxidantes e antineoplásicas, entre outras.
Atividade anti-inflamatória
Alguns compostos do própolis apresentam conhecida atividade anti-inflamatória, resultante da supressão da síntese de prostaglandinas6 e de leucotrienos7 pelos macrófagos8. Além deles, os pesquisadores caracterizaram mais outros 15 compostos que conhecidamente apresentam esta atividade anti-inflamatória.
A ação do própolis em inibir o crescimento de microrganismos é a atividade farmacológica mais popularmente conhecida e comprovada cientificamente. A inibição de úlceras9 gástricas através da ingestão de própolis, por exemplo, possivelmente está relacionada com a sua atividade anti Helicobacter pylori.
Atividade antioxidante
O própolis parece ter uma importante atividade antioxidante. A ocorrência de diversas doenças está relacionada a aumentos nos níveis de radicais livres no organismo, entre elas: doenças cardiovasculares10; doenças reumáticas; doenças neurológicas; doenças psiquiátricas; envelhecimento precoce; neoplasias11; osteoporose12; diabetes5 e inflamação13.
Uma tendência que vem crescendo nos últimos anos é a possibilidade do emprego de plantas contendo conhecidos polifenóis com propriedades antioxidantes para o controle e prevenção dessas patologias acima citadas. Além dos polifenóis, o própolis contém uma extensa gama de outros compostos com a propriedade de remover esses radicais livres em excesso no organismo.
Pesquisadores têm relatado essa propriedade do própolis e muitos deles chegaram a isolar diversos compostos que seriam os responsáveis por essa propriedade, sendo unânimes em atribuir aos flavonoides essa propriedade farmacológica. Entretanto, pesquisadores constataram que extratos de própolis onde houve a remoção do CAPE (Caffeic Acid Phenethyl Ester), um flavonoide, continuaram a apresentar atividade antioxidante.
O sequestro de radicais livres gerados por neutrófilos14 poderia ser um mecanismo antioxidante do própolis, que resultaria em uma atividade anti-inflamatória final.
Atividade antineoplásica
A procura de novos medicamentos para o controle dos diversos tipos de neoplasias11 tem levado pesquisadores a isolar compostos contidos no própolis. Diversos desses compostos apresentaram atividade inibitória no crescimento de diversos tumores. O éster fenetílico do ácido cafeico, também chamado CAPE (Caffeic Acid Phenethyl Ester), por exemplo, apresentou alguma atividade antiproliferativa no hepatocarcinoma15, embora tenha se mostrado inofensivo quando adicionado a culturas primárias do hepatócito de camundongos.
Outro composto, a crisina, também isolada do própolis, mostrou-se efetiva em inibir o crescimento de culturas da linhagem de glioma de rato. Diversos outros compostos com atividade inibitória sobre crescimento de tumores foram isolados em outros estudos. Pesquisadores isolaram compostos hidrossolúveis do própolis que, atuando sinergicamente, potencializaram a atividade de medicamentos tumoricidas, inibindo assim o desenvolvimento de tumores ascíticos de Ehrlich.
Outras atividades médicas
Diversas outras atividades do própolis são descritas em vários trabalhos, tais como propriedades hepatoprotetiva e analgésica, atividade estrogênica, atividade antiangiogênica e atividade regenerativa de cartilagem16 e ossos através do estímulo na proliferação de condrócitos17, etc. Entretanto, essas propriedades de regeneração tecidual, como cicatrização de úlceras9, feridas e hepato proteção, possivelmente estão relacionadas com a atividade antioxidante do própolis. Quando os radicais livres são produzidos, eles dificultam ou mesmo impedem que ocorra a regeneração das células18 no local. A remoção dos mesmos pelos flavonoides do própolis permitiria que o órgão ou tecido19 doente pudesse se regenerar normalmente.
Avaliações da atividade imunomoduladora do própolis indicaram um incremento no número de linfócitos em camundongos tratados com CAPE, bem como estímulo na produção de anticorpos20 específicos. As ocorrências de anafilaxia21 e irritações teciduais localizadas, decorrentes do contato com o própolis, foram também constatadas. Embora essas manifestações alérgicas ao própolis sejam bem conhecidas, a potencialidade alérgica ao própolis é mais uma questão de sensibilidade individual que uma propriedade intrínseca do própolis.
Foi observado um efeito hipoglicêmico do própolis quando administrado em ratos, sugerindo uma interferência desse produto sobre a via da α-glicosidase. Esse mesmo efeito foi também observado em humanos portadores de diabetes tipo 222.
Alguns trabalhos têm indicado que o própolis apresenta baixa toxicidade23, descrevendo inclusive suas doses toleráveis. Por ser coletado na região circunvizinha à colmeia, diversos contaminantes podem ser acidentalmente adicionados ao própolis, tais como asfalto, excessos de ferro, cobre, magnésio ou mesmo chumbo.
Procurando estabelecer padrões que possibilitem definir qualitativamente o própolis a ser empregado como fitoterápico, diversos pesquisadores vêm propondo o emprego de ensaios biológicos, bem como análises quantitativas de alguns compostos químicos das diferentes amostras de própolis.
Ainda serão necessários muitos estudos envolvendo ensaios clínicos24 para que seja possível determinar as doses corretas a serem administradas e o real efeito do própolis em humanos e no uso veterinário.
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Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da U.S. National Library of Medicine e da Health.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.