Crises de soluço
O que é soluço?
O soluço se caracteriza por um movimento abrupto, espasmódico e involuntário da musculatura respiratória e um ruído característico devido à expulsão repentina de ar contido nos pulmões1. O ruído característico do soluço decorre do fechamento súbito da glote2, com vibração das cordas vocais3.
O que é crise de soluço?
O soluço geralmente é benigno e cede em pouco tempo, mas pode ser sintoma4 de alguma doença e durar horas ou mesmo dias. Quando ele é assim, reiterativo por horas ou dias ou se torna constante, fala-se em “crise de soluço”.
Quais são as causas da crise de soluço?
Não se sabe exatamente o que ocasiona as contrações espasmódicas do músculo diafragma5, mas sabe-se que elas podem acontecer quando ocorre algum tipo de irritação dos nervos frênico e vago, que inervam aquele músculo. Elas podem ser desencadeadas também por outras situações como:
- dilatação do estômago6, causada por excesso de comida ou bebidas gasosas;
- consumo de bebidas alcoólicas;
- doenças gastrointestinais, como refluxo gastroesofágico7, por exemplo;
- alterações dos eletrólitos8 do sangue9, como diminuição de cálcio, potássio ou sódio;
- insuficiência renal10, que causa excesso de ureia11 no sangue9;
- diminuição do CO2 na corrente sanguínea, causada por respiração acelerada;
- infecções12, como gastroenterites ou pneumonias;
- inflamações13 respiratórias ou abdominais, como bronquite, esofagite14, pericardite15, colecistite16, hepatites17 ou doença inflamatória intestinal;
- cirurgias na região do tórax18 ou abdômen;
- doenças cerebrais, como esclerose múltipla19, meningite20 ou câncer21 no cérebro22, por exemplo.
Qual é o substrato fisiopatológico da crise de soluço?
O soluço resulta de uma contração espasmódica23 reflexa e involuntária24 do diafragma5 (músculo que separa o tórax18 do abdome25), seguida por um movimento de distensão e de relaxamento desse músculo, através do qual o ar que essa contração forçara entrar no estômago6 é expulso com um ruído característico. Esse espasmo26 do diafragma5 é acompanhado simultaneamente pelo fechamento da glote2, o que impede a passagem de ar para os pulmões1 e produz o som típico do soluço.
Quais são as características clínicas da crise do soluço?
Não se sabe bem a razão disso, mas as crises de soluço são mais frequentes nos homens que nas mulheres. As crises de soluço, além de serem incômodas e desagradáveis, podem interferir nas atividades rotineiras da pessoa, dificultando a concentração e causando irritação ou mesmo, em situações mais específicas, desespero.
As constantes contrações do diafragma5 e dos músculos intercostais27 podem provocar dores nesses locais. Se elas forem persistentes e resistentes às manobras caseiras, durando mais de 48 horas, o médico deve ser consultado para investigar as possíveis causas patológicas.
Leia também sobre "Fonoaudiologia", "Sialorreia28" e "Paralisia29 do diafragma5".
Como o médico diagnostica a crise de soluço?
O diagnóstico30 da crise de soluço é autoevidente. Nos soluços persistentes, o mais importante é investigar as causas. Durante a investigação das causas, o médico pode pedir exames de sangue9, radiografia do tórax18, tomografia computadorizada31, broncoscopia32, ou outros, conforme sugerirem suas hipóteses clínicas.
Como tratar as crises de soluço?
Na maioria das vezes, o soluço dura apenas alguns minutos e cede espontaneamente, sem necessidade de intervenção médica. Quando ele é persistente e são necessários procedimentos médicos, em geral eles consistem em:
- bater na nuca ou esfregá-la;
- massagear o seio carotídeo33;
- aplicar pressão sobre o globo ocular34;
- estimular a faringe35;
- fazer massagem retal digital;
- esvaziar o estômago6;
- e mesmo cirurgia para bloquear os nervos envolvidos.
Algumas medicações depressoras do sistema nervoso36 podem ser utilizadas, mas os resultados são inconsistentes. Naqueles poucos casos em que é possível reconhecer uma causa, ela deve ser removida.
Nos demais casos, pode-se aplicar algumas manobras empíricas visando inibir o soluço:
- respirar em um saco de papel durante alguns minutos;
- fazer gargarejos com água fria;
- prender a respiração pelo máximo de tempo que conseguir;
- deitar-se de bruços por algum tempo;
- tracionar a língua37 ou elevar a úvula38 com uma colher;
- ingerir uma colher de açúcar39;
- assoar o nariz40;
- dobrar as pernas sobre o abdome25;
- levar um susto.
Embora muitas dessas manobras sejam oriundas da crença popular, algumas delas têm certa base fisiológica41. Assim, por exemplo, prender a respiração ou respirar em um saco plástico aumenta a taxa de gás carbônico, que atua deprimindo o sistema nervoso central42.
Como evoluem as crises de soluço?
Em geral, as crises de soluços acabam cedendo depois dos recursos terapêuticos aplicados, mas às vezes só depois da eliminação das causas.
Quais são as complicações possíveis com as crises de soluço?
As crises de soluço já são uma complicação de outras causas, mas adicionalmente podem gerar irritação, prejudicar a respiração, a deglutição43 e as atividades do dia a dia.
Veja sobre "Espirros", "Aspiração de corpo estranho" e "Náuseas44 e vômitos45".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente do site da Biblioteca Virtual em Saúde – Ministério da Saúde.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.