Gostou do artigo? Compartilhe!

Pigarro - causas, características clínicas, diagnóstico, tratamento e evolução

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie este artigo

O que é pigarro?

O pigarro pode ser definido como uma irritação na garganta1 que provoca uma espécie de excesso de muco ou secreção na região. O ato de pigarrear é uma defesa natural do organismo para proteger o corpo e auxiliar o sistema imunológico2 em sua tentativa de combater infecções3 virais e bacterianas. Ele visa remover o muco preso à garganta1.

Quais são as causas do pigarro?

O pigarro é causado por irritação ou inflamação4 na região da garganta1, que pode ser decorrente de diversas condições clínicas. O sintoma5 é muito comum em quadros de gripes e resfriados, desaparecendo assim que essas complicações são curadas.

As principais causas do pigarro são, além de gripes e resfriados:

Além disso, ele pode ter origem em doenças graves ou menos graves, como tumores malignos e doenças pulmonares e nasais. Por isso, o paciente com pigarro crônico10 deve sempre consultar um médico que avalie as causas do problema.

Veja mais sobre "Gripe11", "Resfriado comum", "Dor de garganta1" e "Aspiração de corpo estranho".

Qual é o substrato fisiopatológico do pigarro?

Em períodos de pouca umidade e temperaturas baixas, como é comum acontecer nas ocasiões de gripes e resfriados, pode ser que o organismo tenha uma concentração maior de células12 de defesa na via respiratória, causando irritação no local que, por sua vez, resultará na produção de pigarro.

Nas alergias respiratórias, como rinite6, sinusite7 e asma8, os agentes alergênicos causam alterações no organismo e o sistema imunológico2, na tentativa de se livrar desses agentes, produz uma série de reações, dentre elas o pigarro.

O refluxo laringofaríngeo é ocasionado pelo retorno de ácidos do estômago13 para a garganta1, criando a sensação de que algo está preso nessa região.

O tabagismo também é uma das causas do pigarro. Apesar de não possuir ligação com doenças otorrinolaringológicas e não estar necessariamente relacionado a nenhum tipo de infecção14 viral ou bacteriana, o cigarro causa alterações nas superfícies das vias aéreas e, para protegê-las, as células12 de defesa passam a se concentrar nas vias respiratórias, causando irritação que provoca o pigarro. 

Quais são as características clínicas do pigarro?

Quando a pessoa está com pigarro, é bastante comum que tenha a sensação de que existe algo preso em sua garganta1 e que tenha tentado eliminá-lo, forçando a região interna da garganta1. Esse é um hábito comum, muitas vezes realizado no modo automático, mas a prática constante desse costume pode acabar por ferir as cordas vocais15.

Em muitos casos, o problema provoca apenas desconforto, mas em ocasiões mais graves pode causar dor na região da garganta1. O pigarro também pode prejudicar a respiração e a mastigação, além de causar danos às pregas vocais.

Como o médico diagnostica o pigarro?

Uma história clínica completa, assim como exames como a nasofibrolaringoscopia (exame que permite avaliar desde a cavidade nasal16 até a laringe17, realizado por meio de um aparelho chamado nasofibroscópio) são fundamentais no diagnóstico18 e abordagem correta do pigarro e das suas causas. O nasofibroscópio consta de uma sonda contendo uma pequena câmera em sua extremidade que é introduzida através do nariz19 e permite uma visão20 direta do nariz19, faringe21 e laringe17, e permite ainda a projeção de imagens na tela de uma televisão.

Como tratar o pigarro?

Há duas manobras naturais para eliminar o muco preso na garganta1: a tosse e a limpeza da garganta1. Mas o problema também pode ser amenizado com algumas medidas simples como gargarejos com água e sal, nebulização22 com água quente, chá de limão e mel (o mel é uma excelente opção para proteger a garganta1 e o limão possui a capacidade de quebrar as moléculas do muco), assim como beber bastante água para hidratar as secreções e torná-las mais fluidas, permitindo que sejam eliminadas com mais facilidade.

Do ponto de vista médico, alguns medicamentos, como anti-inflamatórios e antibióticos, podem ajudar a combater as infecções3 e o pigarro.

Como evolui o pigarro?

O mais comum é que as pessoas tenham pigarro na garganta1 durante o outono e o inverno, devido à baixa umidade do ar e às infecções3 típicas dessa época do ano, como gripes e resfriados, que geram maior concentração das células12 de defesa na via respiratória.

Como prevenir o pigarro?

O pigarro pode ser prevenido com alguns cuidados práticos que se pode adotar no dia a dia: beber bastante água; assoar o nariz19 com frequência; manter as mucosas23 nasais hidratadas; usar um umidificador de ambiente e manter a casa limpa e arejada.

Quais são as complicações possíveis com o pigarro?

Além de desagradável e às vezes doloroso, ficar com pigarro na garganta1 pode dificultar a passagem do ar, ou seja, a respiração, e prejudicar as cordas vocais15, causando rouquidão ou mesmo perda temporária da voz. O excesso de muco pode causar complicações mais graves se for persistente, devendo ser investigado o quanto antes.

Leia sobre "Refluxo ou Doença do Refluxo Gastroesofágico24", "Esofagite de refluxo25" e "Náuseas26 e vômitos27".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Academia Brasileira de Otorrino Pediátrica, da Fundação Otorrinolaringologia e da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial.

ABCMED, 2021. Pigarro - causas, características clínicas, diagnóstico, tratamento e evolução. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1407590/pigarro-causas-caracteristicas-clinicas-diagnostico-tratamento-e-evolucao.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Garganta: Tubo fibromuscular em forma de funil, que leva os alimentos ao ESÔFAGO e o ar à LARINGE e PULMÕES. Situa-se posteriormente à CAVIDADE NASAL, à CAVIDADE ORAL e à LARINGE, extendendo-se da BASE DO CRÂNIO à borda inferior da CARTILAGEM CRICÓIDE (anteriormente) e à borda inferior da vértebra C6 (posteriormente). É dividida em NASOFARINGE, OROFARINGE e HIPOFARINGE (laringofaringe).
2 Sistema imunológico: Sistema de defesa do organismo contra infecções e outros ataques de micro-organismos que enfraquecem o nosso corpo.
3 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
4 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
5 Sintoma: Qualquer alteração da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. O sintoma é a queixa relatada pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
6 Rinite: Inflamação da mucosa nasal, produzida por uma infecção viral ou reação alérgica. Manifesta-se por secreção aquosa e obstrução das fossas nasais.
7 Sinusite: Infecção aguda ou crônica dos seios paranasais. Podem complicar o curso normal de um resfriado comum, acompanhando-se de febre e dor retro-ocular.
8 Asma: Doença das vias aéreas inferiores (brônquios), caracterizada por uma diminuição aguda do calibre bronquial em resposta a um estímulo ambiental. Isto produz obstrução e dificuldade respiratória que pode ser revertida de forma espontânea ou com tratamento médico.
9 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
10 Crônico: Descreve algo que existe por longo período de tempo. O oposto de agudo.
11 Gripe: Doença viral adquirida através do contágio interpessoal que se caracteriza por faringite, febre, dores musculares generalizadas, náuseas, etc. Sua duração é de aproximadamente cinco a sete dias e tem uma maior incidência nos meses frios. Em geral desaparece naturalmente sem tratamento, apenas com medidas de controle geral (repouso relativo, ingestão de líquidos, etc.). Os antibióticos não funcionam na gripe e não devem ser utilizados de rotina.
12 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
13 Estômago: Órgão da digestão, localizado no quadrante superior esquerdo do abdome, entre o final do ESÔFAGO e o início do DUODENO.
14 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
15 Cordas Vocais: Pregas da membrana mucosa localizadas ao longo de cada parede da laringe extendendo-se desde o ângulo entre as lâminas da cartilagem tireóide até o processo vocal cartilagem aritenóide.
16 Cavidade Nasal: Porção proximal da passagem respiratória em cada lado do septo nasal, revestida por uma mucosa ciliada extendendo-se das narinas até a faringe.
17 Laringe: É um órgão fibromuscular, situado entre a traqueia e a base da língua que permite a passagem de ar para a traquéia. Consiste em uma série de cartilagens, como a tiroide, a cricóide e a epiglote e três pares de cartilagens: aritnoide, corniculada e cuneiforme, todas elas revestidas de membrana mucosa que são movidas pelos músculos da laringe. As dobras da membrana mucosa dão origem às pregas vocais.
18 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
19 Nariz: Estrutura especializada que funciona como um órgão do sentido do olfato e que também pertence ao sistema respiratório; o termo inclui tanto o nariz externo como a cavidade nasal.
20 Visão: 1. Ato ou efeito de ver. 2. Percepção do mundo exterior pelos órgãos da vista; sentido da vista. 3. Algo visto, percebido. 4. Imagem ou representação que aparece aos olhos ou ao espírito, causada por delírio, ilusão, sonho; fantasma, visagem. 5. No sentido figurado, concepção ou representação, em espírito, de situações, questões etc.; interpretação, ponto de vista. 6. Percepção de fatos futuros ou distantes, como profecia ou advertência divina.
21 Faringe: Canal músculo-membranoso comum aos sistemas digestivo e respiratório. Comunica-se com a boca e com as fossas nasais. É dividida em três partes: faringe superior (nasofaringe ou rinofaringe), faringe bucal (orofaringe) e faringe inferior (hipofaringe, laringofaringe ou faringe esofagiana), sendo um órgão indispensável para a circulação do ar e dos alimentos.
22 Nebulização: Método utilizado para administração de fármacos ou fluidificação de secreções respiratórias. Utiliza um mecanismo vaporizador através do qual se favorece a penetração de água ou medicamentos na atmosfera bronquial.
23 Mucosas: Tipo de membranas, umidificadas por secreções glandulares, que recobrem cavidades orgânicas em contato direto ou indireto com o meio exterior.
24 Refluxo gastroesofágico: Presença de conteúdo ácido proveniente do estômago na luz esofágica. Como o dito órgão não está adaptado fisiologicamente para suportar a acidez do suco gástrico, pode ser produzida inflamação de sua mucosa (esofagite).
25 Esofagite de refluxo: É uma inflamação na mucosa do esôfago (camada que reveste o esôfago) causada pelo refluxo (retorno) do conteúdo gástrico ao esôfago. Se não tratada pode causar danos, desde o estreitamento (estenose) do esôfago - o que irá causar dificuldades na deglutição dos alimentos - até o câncer. Portadores de hérnia do hiato (projeção do estômago para o tórax), obesos, sedentários, fumantes, etilistas, pessoas tensas ou ansiosas têm maior predisposição à esofagite de refluxo.
26 Náuseas: Vontade de vomitar. Forma parte do mecanismo complexo do vômito e pode ser acompanhada de sudorese, sialorréia (salivação excessiva), vertigem, etc .
27 Vômitos: São a expulsão ativa do conteúdo gástrico pela boca. Podem ser classificados em: alimentar, fecalóide, biliar, em jato, pós-prandial. Sinônimo de êmese. Os medicamentos que agem neste sintoma são chamados de antieméticos.
Gostou do artigo? Compartilhe!

Pergunte diretamente a um especialista

Sua pergunta será enviada aos especialistas do CatalogoMed, veja as dúvidas já respondidas.