Soluço: será que tem solução?
O que é o soluço?
O soluço resulta de uma contração espasmódica1 reflexa e involuntária2 do diafragma3 (músculo que separa o tórax4 do abdome5), seguida por um movimento de distensão e de relaxamento desse músculo, através do qual o ar que essa contração forçara entrar no estômago6 é expulso com um ruído característico. Esse espasmo7 do diafragma3 é acompanhado simultaneamente pelo fechamento da glote8, o que impede a passagem de ar para os pulmões9 e produz o som típico e característico do soluço.
Além da contração do diafragma3, o soluço envolve outros músculos10 da parede abdominal11, pescoço12 e garganta13.
O soluço geralmente é benigno e cede em pouco tempo, mas pode ser sintoma14 de uma doença e durar horas ou mesmo dias.
O soluço tem relação com a respiração. O soluço benigno já existe desde a fase intrauterina do indivíduo.
Para que serve o soluço?
Ainda não são conhecidas as funções fisiológicas15 do soluço. Algumas hipóteses pouco consistentes sugerem que ele expulse fragmentos16 de comida presos no esôfago17 ou que sejam exercícios musculares para o sistema respiratório18 antes do nascimento, para evitar a entrada de líquido amniótico19 nos pulmões9.
Quais são as causas do soluço?
Não há um fator único reconhecido como causa do soluço. Pensa-se que haja um desequilíbrio do mecanismo nervoso que regula as contrações do diafragma3, devido a condições neurológicas, metabólicas ou a estímulos diretos sobre o nervo vago. No entanto, são conhecidas algumas situações capazes de dispará-los:
- Estados pós-anestésicos.
- Distensões gástricas (bebidas gasosas, comer rapidamente, etc.).
- Choro alto.
- Fala ininterrupta.
- Deglutição20 de grandes quantidades de ar.
- Mudanças bruscas na temperatura dos alimentos.
- Ingestão de álcool.
- Gargalhar ou tossir vigorosamente.
- Imaturidade do sistema nervoso21 de bebês22.
Como tratar o soluço?
A maioria dos casos de soluços dura apenas alguns minutos e cede espontaneamente, sem necessidade de intervenção médica. São raros os casos severos e persistentes. Quando são necessários procedimentos médicos eles em geral consistem em bater na nuca ou esfregá-la, massagear o seio carotídeo23, aplicar pressão sobre o globo ocular24, estimular a faringe25, fazer massagem retal digital, esvaziar o estômago6 e mesmo cirurgia para bloquear nervos.
Algumas medicações depressoras do sistema nervoso21 (clorpromazina ou haloperidol, por exemplo) podem ser utilizadas. Naqueles poucos casos em que é possível reconhecer uma causa (doença ou não), ela deve ser removida.
Nos demais casos, pode-se aplicar algumas manobras empíricas visando inibir o soluço:
- Respirar em um saco de papel durante alguns minutos.
- Fazer gargarejos com água fria.
- Prender a respiração pelo máximo de tempo que conseguir.
- Deitar de bruços por algum tempo.
- Tracionar a língua26 ou elevar a úvula27 com uma colher.
- Ingerir uma colher de açúcar28.
- Assoar o nariz29.
- Dobrar as pernas sobre o abdome5.
- Levar um susto.
- Eructação30 (arroto).
Embora muitas dessas “técnicas” sejam apenas de conhecimento popular, algumas delas têm certa base fisiológica31. Assim, por exemplo, prender a respiração ou respirar em um saco plástico aumenta a taxa de gás carbônico, que atua deprimindo o sistema nervoso central32.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.