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Lagoftalmo - causas, sintomas, diagnóstico, tratamento e evolução

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O que é lagoftalmo?

Lagoftalmo, ou lagoftalmia, é a situação patológica em que a pessoa não consegue fechar completamente os olhos1 devido a uma dificuldade do músculo orbicular de cerrar completamente a fenda palpebral. Se esse problema só acontece quando a pessoa dorme, a condição é chamada de lagoftalmo noturno.

Quais são as causas do lagoftalmo?

O lagoftalmo acontece por algum problema que esteja afetando o músculo orbicular, levando à impossibilidade de oclusão da fenda palpebral. Pode ter origem neural ou cicatricial, sendo o primeiro fator muito mais comum do que o segundo.

Essa impossibilidade de fechar os olhos1 pode então ocorrer:

  1. por um quadro de paralisia2 facial, em que o músculo orbicular dos olhos1 fica enfraquecido ou mesmo paralisado e isso determina alterações funcionais tanto na pálpebra superior como na inferior;
  2. por um evento cicatricial, devido a alguma lesão3 da pálpebra por acidente, cirurgia, queimaduras químicas, dilacerações ou condições crônicas como a xerodermia (desordem rara da pele4 que torna o indivíduo ultrassensível à luz ultravioleta do sol), que criam um processo restritivo, geralmente uma cicatriz5, que impede a correta movimentação da pálpebra.

O lagoftalmo paralítico, de origem neural, é causado por paresias ou paralisias do nervo facial6, que é o sétimo par dos nervos cranianos. O lagoftalmo paralítico isolado, que atinge apenas o nervo orbicular, é comumente observado em pacientes com Hanseníase.

Leia também sobre "Síndrome7 de Sjogren", "Enoftalmia e exoftalmia" e "Ptose8 palpebral".

Quais são as características clínicas do lagoftalmo?

O exemplo mais clássico de lagoftalmo é a situação que ocorre na paralisia2 facial periférica de Bell. Dependendo do grau de gravidade da questão, a oclusão da fenda pode ser inteiramente impossível, podendo haver desde uma simples epífora, que é um lacrimejamento involuntário e contínuo devido à obstrução nas vias lacrimais, até perfuração corneana e amaurose (cegueira).

O lagoftalmo paralítico é muito mais comum que o cicatricial e, como o músculo orbicular é também responsável pela manutenção da posição e movimentação da pálpebra inferior, os casos paralíticos de grande duração podem gerar ectrópio9 da pálpebra inferior (condição em que a pálpebra se dobra para fora).

No lagoftalmo cicatricial, na maioria das vezes, o músculo orbicular é normal, pois são os processos restritivos que impedem a descida da pálpebra superior.

Existe também um lagoftalmo noturno, em que os olhos1 permanecem inteiramente ou parcialmente abertos durante a noite, uma circunstância que ocorre somente durante o sono. Consequentemente, os pacientes sofrem também de insônia e sentem um incômodo significativo relativo aos seus olhos1.

De todos os sintomas10 do lagoftalmo, o mais significativo é a secagem dos olhos1, devido à falta da função de piscar, que é o mecanismo normal de lubrificação da superfície ocular.

Como o médico diagnostica o lagoftalmo?

O lagoftalmo é diagnosticado a partir dos seus sinais11 e sintomas10 e pela observação direta das pálpebras12 e dos olhos1.

Como o médico trata o lagoftalmo?

A primeira providência no tratamento do lagoftalmo é manter os olhos1 hidratados para prevenir a ocorrência da ceratoconjuntivite (inflamação13 da córnea14). É igualmente importante tentar restabelecer as funções de lubrificação da pálpebra. Enquanto ela não se restabelece, pomadas e/ou colírios oftálmicos devem ser aplicados durante o dia e a noite. Em casos extremos, a pálpebra deve ser mantida fechada.

Os tratamentos seguintes devem visar solucionar o problema causal. Se esses tratamentos não minorarem ou extinguirem o problema, uma segunda escolha é fazer uma tarsorrafia (costurar as pálpebras12 juntas). Outra técnica similar é colocar um peso pequeno, geralmente de ouro, na pálpebra superior, forçando-a a se fechar por ação gravitacional.

Em casos graves, o lagoftalmo pode representar uma urgência15 oftalmológica que exija procedimentos cirúrgicos emergenciais.

Como evolui lagoftalmo?

O lagoftalmo quase sempre tem uma boa taxa de recuperação se tratado prontamente. Compreender a causa é essencial para determinar a melhor estratégia de tratamento.

Quais são as complicações possíveis com o lagoftalmo?

O lagoftalmo de grande duração pode levar à formação de queratite e de úlceras16 da córnea14, por deficiente lubrificação da superfície ocular pelo líquido lacrimal.

Veja mais sobre "Pálpebras12 inchadas - pode ser dermatocalaze", "Paralisia2 facial" e "Blefarite17".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente do site da AAO – American Academy of Ophthalmology.

ABCMED, 2021. Lagoftalmo - causas, sintomas, diagnóstico, tratamento e evolução. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/saude-dos-olhos/1393855/lagoftalmo-causas-sintomas-diagnostico-tratamento-e-evolucao.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Olhos:
2 Paralisia: Perda total da força muscular que produz incapacidade para realizar movimentos nos setores afetados. Pode ser produzida por doença neurológica, muscular, tóxica, metabólica ou ser uma combinação das mesmas.
3 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
4 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
5 Cicatriz: Formação de um novo tecido durante o processo de cicatrização de um ferimento.
6 Nervo facial:
7 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
8 Ptose: Literalmente significa “queda” e aplica-se em distintas situações para significar uma localização inferior de um órgão ou parte dele (ptose renal, ptose palpebral, etc.).
9 Ectrópio: Reviramento da pálpebra; ectrópion.
10 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
11 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
12 Pálpebras:
13 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
14 Córnea: Membrana fibrosa e transparente presa à esclera, constituindo a parte anterior do olho.
15 Urgência: 1. Necessidade que requer solução imediata; pressa. 2. Situação crítica ou muito grave que tem prioridade sobre outras; emergência.
16 Úlceras: Feridas superficiais em tecido cutâneo ou mucoso que podem ocorrer em diversas partes do organismo. Uma afta é, por exemplo, uma úlcera na boca. A úlcera péptica ocorre no estômago ou no duodeno (mais freqüente). Pessoas que sofrem de estresse são mais susceptíveis a úlcera.
17 Blefarite: Inflamação do bordo externo das pálpebras ou pestanas. Também conhecida como palpebrite, sapiranga, sapiroca ou tarsite.
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