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Transtorno explosivo intermitente

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O que é transtorno explosivo intermitente1?

O transtorno explosivo intermitente1 é o que as pessoas normalmente chamam de “pavio curto”. Sentir raiva2 a ponto de perder momentaneamente o controle de si mesmo possivelmente acontece a todas as pessoas, alguma vez na vida. No entanto, é uma outra coisa quando essa reação é muito frequente e desproporcional aos motivos.

Trata-se, então, do Transtorno Explosivo Intermitente1 (TEI), que é um quadro em que a pessoa perde a paciência com muita facilidade e muito rapidamente, tendo explosões de raiva2 e reações comportamentais inusitadas com grande frequência. O sentimento de raiva2 é desproporcional em relação ao motivo desencadeante e pode se transformar em verdadeira fúria irracional.

Quais são as causas do transtorno explosivo intermitente1?

A causa exata do distúrbio é desconhecida, mas provavelmente ele é causado por vários fatores ambientais e biológicos. A maioria das pessoas com esse transtorno cresceu em famílias em que o comportamento explosivo e o abuso verbal e físico eram comuns. Estar exposto a esse tipo de violência em uma idade precoce torna mais provável que essas crianças apresentem esses mesmos traços à medida que amadurecem. Como um dos fatores a mais, pode haver um componente genético, fazendo com que uma predisposição para o distúrbio seja transmitida de pais para filhos.

Alguns fatores aumentam o risco de uma pessoa desenvolver TEI:

Saiba mais sobre "Depressão em crianças", "Transtorno de conduta" e "Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)".

Quais são as características clínicas do transtorno explosivo intermitente1?

O TEI é uma desordem crônica, geralmente iniciada na infância, que pode durar anos, embora a severidade dos ataques explosivos possa decrescer com a idade. Ele pode começar por volta dos 6 anos de idade ou durante a adolescência. É mais comum em adultos mais jovens do que em adultos mais velhos.

A pessoa com essa desordem tem uma incapacidade de administrar impulsos raivosos, manifestando comportamentos agressivos e explosões de raiva2 desproporcionais às situações. A fúria pode ser tão intensa que eles perdem o controle sobre si mesmos. Esse sentimento os cega para a realidade e os leva a cometerem atos, atitudes ou falas impensadas. Em razão da raiva2, fazem interpretações equivocadas dos acontecimentos e parecem estar sempre brigando com alguém ou irritados com uma situação. Por isso, são vistos nos ambientes que frequentam como “pessoas difíceis”.

Os episódios explosivos causam significativas repercussões negativas no convívio social dessas pessoas, no trabalho, na escola e nos relacionamentos do dia a dia. Esses indivíduos gritam, xingam, quebram objetos, ferem animais e podem até mesmo partir para a agressão física, dependendo da situação. Quando a raiva2 se amaina, é comum sentirem arrependimento, vergonha ou culpa por suas ações, o que não evita que o mesmo aconteça de novo numa oportunidade futura. 

As explosões emocionais surgem abruptamente, sem aviso prévio, e em geral duram um tempo de 30 minutos ou menos. Esses episódios podem ocorrer frequentemente ou serem espaçados por semanas ou meses, em que deixam de existir. Uma pessoa pode também ser cronicamente irritável, impulsiva, agressiva e estar todo o tempo de mal humor.

Os episódios agressivos podem ser precedidos ou acompanhados de fúria, irritabilidade, pensamentos descontrolados, formigamento, tremores, palpitações3 e aperto no peito4. As explosões verbais e comportamentais não são proporcionais aos motivos e a pessoa não pensa nas consequências delas. Após o episódio, a pessoa pode manifestar o propósito de não mais agir desse modo, mas não terá sucesso em suas intenções.

Como o médico diagnostica o transtorno explosivo intermitente1?

O diagnóstico5 do TEI é eminentemente6 clínico, com base no histórico do paciente e em relatos do próprio paciente ou de seus familiares sobre sua conduta em situações diárias. A pessoa só deve ser diagnosticada como portadora desse transtorno quando houver repetição dos comportamentos agressivos por certo tempo, o que indica se tratar de uma enfermidade crônica.

Veja também sobre "Transtorno de esquiva", "Timidez", "Transtornos afetivos" e "Isolamento social".

Como tratar o transtorno explosivo intermitente1?

O tratamento tanto envolve medicações quanto psicoterapia, com o objetivo de controlar os impulsos explosivos. A psicoterapia cognitivo7 comportamental é a terapêutica8 mais indicada para o TEI, porque ela é estruturada e orientada para objetivos.

As medicações podem aumentar o limiar em que as situações desencadeiam reações explosivas nas pessoas com TEI. Em geral, os médicos prescreverão algum tipo de antidepressivo, antipsicótico, anticonvulsivante, ansiolítico ou estabilizador do humor, conforme as características individuais do paciente.

Como evolui o transtorno explosivo intermitente1?

As pessoas com TEI tendem a ter baixo nível de satisfações e menor qualidade de vida. Além de ter um impacto muito negativo sobre a saúde9, o TEI pode levar a graves problemas pessoais e de relacionamento. A terapia cognitiva10 e a medicação podem gerenciar com sucesso o TEI, mas ele é sempre uma condição de longo prazo, com duração de 12 a 20 anos ou até mesmo uma vida inteira.

Ter TEI torna mais provável que a pessoa desenvolva depressão e ansiedade ou transtorno por uso de álcool ou de outras substâncias viciantes. Além disso, as pessoas com TEI correm um risco maior de automutilação e suicídio.

Quais são as complicações possíveis com o transtorno explosivo intermitente1?

Pessoas com TEI têm um risco aumentado de prejuízo nas suas relações interpessoais e geralmente problemas no trabalho e/ou na escola. Outras complicações incluem a perda de emprego, suspensão na escola, acidentes de carro, problemas financeiros e com a lei, além de frequentemente apresentarem distúrbios do humor, dependências químicas e outros problemas mentais.

Problemas médicos podem ocorrer com maior frequência, incluindo pressão arterial11 alta, diabetes12, doenças do coração13 e derrames cerebrais. Também podem ocorrer tentativas de suicídio.

Leia sobre "Transtorno de oposição desafiante", "Personalidade borderline" e "O desafio das famílias que convivem com a doença mental".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Mayo Clinic e da Cleveland Clinic.

ABCMED, 2022. Transtorno explosivo intermitente. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/psicologia-e-psiquiatria/1425585/transtorno-explosivo-intermitente.htm>. Acesso em: 16 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Intermitente: Nos quais ou em que ocorrem interrupções; que cessa e recomeça por intervalos; intervalado, descontínuo. Em medicina, diz-se de episódios de febre alta que se alternam com intervalos de temperatura normal ou cujas pulsações têm intervalos desiguais entre si.
2 Raiva: 1. Doença infecciosa freqüentemente mortal, transmitida ao homem através da mordida de animais domésticos e selvagens infectados e que produz uma paralisia progressiva juntamente com um aumento de sensibilidade perante estímulos visuais ou sonoros mínimos. 2. Fúria, ódio.
3 Palpitações: Designa a sensação de consciência do batimento do coração, que habitualmente não se sente. As palpitações são detectadas usualmente após um exercício violento, em situações de tensão ou depois de um grande susto, quando o coração bate com mais força e/ou mais rapidez que o normal.
4 Peito: Parte superior do tronco entre o PESCOÇO e o ABDOME; contém os principais órgãos dos sistemas circulatório e respiratório. (Tradução livre do original
5 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
6 Eminentemente: De modo eminente; em alto grau; acima de tudo.
7 Cognitivo: 1. Relativo ao conhecimento, à cognição. 2. Relativo ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
8 Terapêutica: Terapia, tratamento de doentes.
9 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
10 Cognitiva: 1. Relativa ao conhecimento, à cognição. 2. Relativa ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
11 Pressão arterial: A relação que define a pressão arterial é o produto do fluxo sanguíneo pela resistência. Considerando-se a circulação como um todo, o fluxo total é denominado débito cardíaco, enquanto a resistência é denominada de resistência vascular periférica total.
12 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
13 Coração: Órgão muscular, oco, que mantém a circulação sangüínea.
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