Proctocolectomia - como é o procedimento?
O que é a proctocolectomia?
A proctocolectomia é a remoção cirúrgica conjunta do cólon1 e do reto2, as partes terminais do intestino grosso3. Ela deve ser diferenciada da colostomia4, que é a remoção cirúrgica apenas do cólon1. Há duas modalidades possíveis de proctocolectomia, indicadas conforme o caso:
(1) Retirada do cólon1 e do reto2 e fechamento do ânus5, com a produção de um pequeno furo no abdômen ao qual o íleo6 é anastomosado e pelo qual as fezes passam a ser eliminadas.
(2) Retirada do cólon1 e do reto2, com construção a partir do íleo6 de uma bolsa que tenta substituir o cólon1 e anastomose7 do íleo6 ao ânus5, por onde as fezes continuam a ser evacuadas.
Por que fazer uma proctocolectomia?
A proctocolectomia é um último recurso para pessoas com doença inflamatória intestinal que não tenham respondido aos tratamentos clínicos. Mesmo assim, os cirurgiões tentam abordagens que salvem o reto2 e o ânus5 antes de recorrer a uma proctocolectomia total.
Este procedimento também pode ser necessário para tratar certos defeitos de nascença do trato digestivo ou para eliminar certos tipos de câncer8 do reto2 ou do cólon1, e para tratar a polipose adenomatosa familiar. Os médicos também podem realizar esta cirurgia em caráter de emergência9 se o cólon1 ou reto2 estiver ferido de modo irreparável.
A proctocolectomia cura a colite10 ulcerativa, pois a doença ataca apenas o intestino grosso3 e o reto2. Assim, a doença não pode reaparecer, embora os sintomas11 extra-intestinais possam permanecer. A proctocolectomia também pode ser feita para tratar a doença de Crohn12 que tenha danificado o intestino grosso3 e causado complicações, mas não cura nem elimina a doença.
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Como é o procedimento da proctocolectomia?
Como preparação para a cirurgia, a condição clínica do paciente deve ser otimizada antes do procedimento, corrigindo eventuais desvios da anemia16, coagulopatia, hipovolemia17, desequilíbrios eletrolíticos ou ácido-básicos e quaisquer deficiências nutricionais.
Os corticoides devem ser suspensos, se possível. Se não for possível suspendê-los, a construção da bolsa deve ser adiada para um segundo estágio. A tolerância do paciente à anestesia18 geral prolongada deve ser avaliada antes da cirurgia. Os pacientes devem receber preparo intestinal oral e serem tratados com uma única dose de antibióticos intravenosos de amplo espectro no pré-operatório.
Quanto à cirurgia propriamente dita, existem diferentes procedimentos possíveis. Pacientes com doença de Crohn12 são geralmente recomendados para uma proctocolectomia com ileostomia terminal, na qual a extremidade do intestino delgado19 é conectada a um pequeno orifício feito na parede abdominal20, chamado estoma21, para descarregar os resíduos intestinais em uma bolsa externa de ostomia. O local típico para localizar essa abertura é na parte inferior do abdômen, à direita do umbigo22.
Pacientes com colite10 ulcerativa podem ter a opção de se submeter a uma proctocolectomia com a criação de uma bolsa interna em J e anastomose7 íleo6-anal, o que elimina a necessidade de usar permanentemente uma bolsa de ostomia.
Se a cirurgia estiver sendo feita para remover o câncer8, o cirurgião também pode examinar os gânglios linfáticos23 regionais e remover alguns deles. Trata-se de uma cirurgia de longa duração, cerca de 6 a 8 horas.
E depois da proctocolectomia?
As pessoas podem viver sem cólon1, mas precisarão usar uma bolsa externa ao corpo para coletar as fezes. No entanto, há também um procedimento cirúrgico que pode criar uma bolsa interna no intestino delgado19 que ocupa o lugar do cólon1 e, neste caso, não é necessária a bolsa externa e a evacuação continua sendo feita pelo ânus5.
O paciente pode viver uma vida longa, ativa e produtiva com uma ileostomia. Em muitos casos, os pacientes com ileostomia podem participar das mesmas atividades que faziam antes da cirurgia, incluindo esportes, atividades ao ar livre, natação e outros esportes aquáticos, viagens e trabalho.
Alguns pacientes ainda podem sentir desejo de evacuar, mesmo após a cirurgia, o que é chamado de “reto fantasma”, equivalente ao “membro fantasma”, em que as pessoas que perderam um membro às vezes ainda sentem como se o membro amputado estivesse lá. Isto é completamente normal e não requer nenhum tratamento. Geralmente diminui e cessa com o passar do tempo.
A bolsa precisará ser esvaziada várias vezes ao dia. O paciente não terá nenhuma restrição alimentar específica com uma ileostomia, mas é importante que beba muito líquido para evitar a desidratação24 e a perda de eletrólitos25. Deve comer alimentos ricos em pectina, como compota de maçã, banana e manteiga de amendoim, que ajudarão a aumentar a quantidade de fezes e a controlar a diarreia26.
Uma dieta de líquidos claros deve ser iniciada quando a função intestinal é retomada. O tubo de drenagem27 é removido quando os ruídos intestinais voltam a estar presentes, geralmente no 4º ou 5º dia do pós-operatório. O paciente recebe alta hospitalar assim que se movimentar e que a ileostomia estiver funcionando bem.
Os pontos das suturas28 são removidos no sétimo dia pós-operatório se nenhuma infecção29 da ferida estiver presente. Os pacientes com problemas cutâneos na periferia do estoma21 devem ser acompanhados por uma enfermeira especialista no problema.
A reversão da ileostomia, quando for o caso, deve ser realizada após aproximadamente 12 semanas, depois da confirmação da integridade da bolsa.
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Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Mayo Clinic e da Cleveland Clinic.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.