Gostou do artigo? Compartilhe!

As cores da pele humana

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie este artigo

O que são as cores da pele1 humana?

A cor normal da pele1 humana varia do preto mais escuro aos tons esbranquiçados mais claros, com variadas tonalidades intermediárias. As diferenças entre a cor da pele1 nas diferentes populações parecem ter evoluído por meio da seleção natural, devido às diferenças no ambiente.

No entanto, a cor natural da pele1 não é totalmente uniforme em todo o corpo de um indivíduo; por exemplo, a pele1 da palma da mão2 e da sola do pé é mais clara do que a pele1 da maioria das outras partes, e isso é especialmente perceptível em pessoas de pele1 mais escura. Num mesmo indivíduo pode haver uma significativa diferença de coloração entre a pele1 exposta ao sol e a que nunca fica exposta.

O significado social atribuído às diferenças na cor da pele1 tem variado entre as culturas e ao longo do tempo, conforme demonstrado em relação ao status social e à discriminação.

O que causa as diferentes cores da pele1 humana?

As diferentes cores da pele1 entre os indivíduos são causadas pela interação entre a pigmentação dela, que é geneticamente determinada a partir da herança advinda dos pais biológicos, e a exposição ao sol.

A cor real da pele1 de diferentes humanos é afetada por muitas substâncias, a mais importante das quais é o pigmento melanina3, produzido na pele1 em células4 chamadas melanócitos5 e que é o principal determinante da cor da pele1 em humanos de pele1 escura. A cor da pele1 em pessoas com pele1 clara é determinada principalmente pelo tecido conjuntivo6 branco-azulado sob a derme7 (camada média da pele1) e pela hemoglobina8 que circula nas veias9 da derme7.

A cor avermelhada subjacente à pele1 torna-se mais visível, especialmente no rosto, quando, como consequência de exercícios físicos ou excitação sexual, ou estimulação do sistema nervoso10 (raiva11, constrangimento, por exemplo), as arteríolas12 se dilatam.

Em todo o mundo existe uma correlação direta entre a distribuição geográfica da radiação ultravioleta do sol (RUV) e a distribuição da pigmentação da pele1. As áreas que recebem maiores quantidades de RUV, geralmente localizadas mais perto do Equador, tendem a ter populações de pele1 mais escura, e áreas distantes dos trópicos, mais próximas dos polos, que têm menor intensidade de RUV, comportam populações de pele1 mais clara.

Leia sobre "Cuidados com a pele1", "Queimadura de sol ou eritema13 solar" e "Bronzeamento artificial".

Teorias que procuram compreender a questão das cores naturais da pele1 humana

As evidências, teorias e especulações para explicar as diferentes colorações são várias. A principal hipótese para a evolução da cor da pele1 humana propõe que os humanos arcaicos eram de pele1 escura e, à medida que as populações começaram a migrar para o norte, a restrição evolutiva de manter a pele1 escura diminuiu proporcionalmente à distância ao norte de uma população migrada, resultando em uma grande variedade de tons de pele1.

Em algum momento, algumas populações do norte experimentaram seleção positiva para pele1 mais clara devido a que ela produziu um aumento da produção de vitamina14 D da luz solar e os genes para pele1 mais escura desapareceram dessas populações. As migrações subsequentes para diferentes ambientes de diferentes intensidades de RUV e a mistura entre as populações resultaram na variedade de pigmentações da pele1 que vemos hoje.

A cor da pele1 também foi afetada por práticas culturais, como ingestão de alimentos, uso de roupas e coberturas corporais, vida dentro de abrigos, etc.

Além disso, os pesquisadores observaram que as mulheres, em média, têm peles significativamente mais claras que os homens, devido a uma menor pigmentação dela, porque as mulheres precisam de mais cálcio durante a gravidez15 e a lactação16 e a produção de cálcio depende da síntese de vitamina14 D, que por sua vez depende da luz solar.

Por outro lado, pensa-se que a pele1 também pode escurecer como resultado do bronzeamento devido à exposição ao sol para fornecer proteção parcial contra a fração ultravioleta que produz danos e mutações no DNA das células4 da pele1.

Alterações patológicas da cor da pele1

A cor da pele1 pode sofrer dois tipos patológicos de alteração da cor, transitórias ou permanentes: (1) alteração global, como no albinismo, na icterícia17 ou na cianose18, por exemplo, e (2) alterações circunscritas estáticas ou variáveis. Essas últimas são ditas hipercromias, quando se trata de manchas ou regiões de cor mais escura que a pele1 normal da pessoa, ou hipocromias, quando se trata de manchas ou regiões mais claras que a pele1 normal da pessoa.

O albinismo é um distúrbio congênito19 caracterizado pela ausência parcial ou total de melanina3 na pele1, cabelos e olhos20, conferindo a essas estruturas uma coloração excessivamente esbranquiçada. A icterícia17, popularmente conhecida como "amarelão", é uma síndrome21 em que a pele1, as mucosas22 e a conjuntiva23 adquirem uma coloração amarelo-laranja em decorrência do acúmulo de pigmentos biliares no organismo. Ela ocorre fisiologicamente em um grande número de recém-nascidos, mas em adultos  sinal24 de alguma patologia25. A cianose18 acontece quando a hemoglobina8 das hemácias26 não está corretamente oxigenada e torna o sangue27 mais escuro, e ele confere  pele1 uma coloração azul-arroxeada, que pode ser vista sobretudo nas extremidades, nas mucosas22 e nos leitos ungueais28.

Hipercromias são manchas escuras circundadas por uma pele1 de coloração habitual, resultantes do aumento da melanina3. Exemplos: lentigo solar e melasma29. Hipocromia30 são manchas mais claras, circundadas por uma pele1 de coloração habitual, resultantes da diminuição da melanina3 na pele1, cujo exemplo maior talvez seja o vitiligo31.

Veja também sobre "Pele1 com manchas pode ser melasma29", "Protetor solar ou filtro solar" e "Lesões32 pré-cancerosas da pele1".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da SBD – Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Mayo Clinic.

ABCMED, 2021. As cores da pele humana. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/pele-saudavel/1406045/as-cores-da-pele-humana.htm>. Acesso em: 25 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
2 Mão: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.
3 Melanina: Cada uma das diversas proteínas de cor marrom ou preta, encontrada como pigmento em vegetais e animais.
4 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
5 Melanócitos: Células da pele que produzem o pigmento melanina.
6 Tecido conjuntivo: Tecido que sustenta e conecta outros tecidos. Consiste de CÉLULAS DO TECIDO CONJUNTIVO inseridas em uma grande quantidade de MATRIZ EXTRACELULAR.
7 Derme: Camada interna das duas principais camadas da pele. A derme é formada por tecido conjuntivo, vasos sanguíneos, glândulas sebáceas e sudoríparas, nervos, folículos pilosos e outras estruturas. É constituída por uma fina camada superior que é a derme papilar e uma camada mais grossa, mais baixa, que é a derme reticular.
8 Hemoglobina: Proteína encarregada de transportar o oxigênio desde os pulmões até os tecidos do corpo. Encontra-se em altas concentrações nos glóbulos vermelhos.
9 Veias: Vasos sangüíneos que levam o sangue ao coração.
10 Sistema nervoso: O sistema nervoso é dividido em sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervoso periférico (SNP). O SNC é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal e a porção periférica está constituída pelos nervos cranianos e espinhais, pelos gânglios e pelas terminações nervosas.
11 Raiva: 1. Doença infecciosa freqüentemente mortal, transmitida ao homem através da mordida de animais domésticos e selvagens infectados e que produz uma paralisia progressiva juntamente com um aumento de sensibilidade perante estímulos visuais ou sonoros mínimos. 2. Fúria, ódio.
12 Arteríolas: As menores ramificações das artérias. Estão localizadas entre as artérias musculares e os capilares.
13 Eritema: Vermelhidão da pele, difusa ou salpicada, que desaparece à pressão.
14 Vitamina: Compostos presentes em pequenas quantidades nos diversos alimentos e nutrientes e que são indispensáveis para o desenvolvimento dos processos biológicos normais.
15 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
16 Lactação: Fenômeno fisiológico neuro-endócrino (hormonal) de produção de leite materno pela puérpera no pós-parto; independente dela estar ou não amamentando.Toda mulher após o parto tem produção de leite - lactação; mas, infelizmente nem todas amamentam.
17 Icterícia: Coloração amarelada da pele e mucosas devido a uma acumulação de bilirrubina no organismo. Existem dois tipos de icterícia que têm etiologias e sintomas distintos: icterícia por acumulação de bilirrubina conjugada ou direta e icterícia por acumulação de bilirrubina não conjugada ou indireta.
18 Cianose: Coloração azulada da pele e mucosas. Pode significar uma falta de oxigenação nos tecidos.
19 Congênito: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
20 Olhos:
21 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
22 Mucosas: Tipo de membranas, umidificadas por secreções glandulares, que recobrem cavidades orgânicas em contato direto ou indireto com o meio exterior.
23 Conjuntiva: Membrana mucosa que reveste a superfície posterior das pálpebras e a superfície pericorneal anterior do globo ocular.
24 Sinal: 1. É uma alteração percebida ou medida por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida. 2. Som ou gesto que indica algo, indício. 3. Dinheiro que se dá para garantir um contrato.
25 Patologia: 1. Especialidade médica que estuda as doenças e as alterações que estas provocam no organismo. 2. Qualquer desvio anatômico e/ou fisiológico, em relação à normalidade, que constitua uma doença ou caracterize determinada doença. 3. Por extensão de sentido, é o desvio em relação ao que é próprio ou adequado ou em relação ao que é considerado como o estado normal de uma coisa inanimada ou imaterial.
26 Hemácias: Também chamadas de glóbulos vermelhos, eritrócitos ou células vermelhas. São produzidas no interior dos ossos a partir de células da medula óssea vermelha e estão presentes no sangue em número de cerca de 4,5 a 6,5 milhões por milímetro cúbico, em condições normais.
27 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
28 Ungueais: Relativo ou pertencente à unha, garra ou casco, ou que a eles se assemelha.
29 Melasma: Manchas escuras na face. O seu surgimento está relacionado à gravidez ou ao uso de anticoncepcionais hormonais (pílula) e tem como fator desencadeante a exposição da pele ao sol. Quando estas manchas ocorrem durante a gravidez, recebem a denominação de cloasma gravídico. Além dos fatores hormonais e da exposição solar, a tendência genética e características raciais também influenciam o surgimento do melasma.
30 Hipocromia: 1. Falta ou insuficiência de pigmentação. 2. Estado patológico em que a taxa de hemoglobina nos glóbulos vermelhos é menor do que a taxa normal.
31 Vitiligo: Doença benigna da pele, caracterizada pela ausência de pigmentação normal nas regiões afetadas, frequentemente face e mãos. Hoje já há tratamento, porém este é demorado e com resultados variáveis de pessoa para pessoa. CÓDIGO INTERNACIONAL DE DOENÇAS (CID): L80- VITILIGO.
32 Lesões: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
Gostou do artigo? Compartilhe!

Pergunte diretamente a um especialista

Sua pergunta será enviada aos especialistas do CatalogoMed, veja as dúvidas já respondidas.