Fatores de restrição ao crescimento intrauterino
O crescimento intrauterino do feto1
Uma gestação normal pode ser dividida em três fases:
- fase germinal, que dura de 10 a 14 dias e envolve a concepção2 e a implantação do feto1 no útero3;
- fase embrionária, que vai da segunda à oitava semana, quando se dá a formação dos órgãos e o desenvolvimento dos sistemas essenciais do corpo;
- fase fetal, que vai da oitava semana até o parto e na qual ocorre principalmente o crescimento da criança.
Assim, o crescimento intrauterino do feto1 se dá entre a 8ª semana de gestação, quando a maioria das estruturas orgânicas está formada, e o nascimento. No entanto, durante as últimas 20 semanas de gestação o feto1 ganha 95% de seu peso.
Fatores de variadas naturezas contribuem para determinar o crescimento fetal. Dentre eles, são de fundamental importância:
- A oferta de nutrientes maternos
- A transferência placentária de substratos
- O potencial de crescimento determinado pelo genoma
O que são fatores de restrição ao crescimento intrauterino?
O crescimento intrauterino retardado (má nutrição4 fetal) é um grande problema de saúde5 pública em países em desenvolvimento. Entretanto, este termo não deve ser usado para descrever um feto1 constitucionalmente pequeno que seja saudável.
A restrição do crescimento fetal é o termo usado para designar um feto1 que não atingiu seu potencial de crescimento devido a fatores genéticos ou ambientais. Isso acontece em 5 a 10% de todas as gestações. Contudo, a definição de restrição de crescimento intrauterino é problemática porque, em geral, não se sabe exatamente qual é o potencial de crescimento inerente a um feto1 determinado.
Assim, a restrição ao crescimento intrauterino pode ser causada por fatores fetais, placentários e/ou maternos, embora nem sempre se consiga identificar precisamente a importância de cada um desses fatores.
Saiba mais sobre "Gravidez6 de risco", "Pré-natal" e "Recomendação de ganho de peso durante a gestação".
Quais são as causas dos fatores de restrição ao crescimento intrauterino?
Os principais fatores de restrição ao crescimento intrauterino identificados na prática clínica são fatores maternos como:
- Idade avançada
- Nível socioeconômico muito baixo
- Muito pouco peso da gestante
- Índice de massa corporal7 aumentado
- Tabagismo
- Uso de drogas recreativas
- Nuliparidade
- Histórico de hipertensão8 gestacional
- Histórico familiar de restrição ao crescimento intrauterino em gravidez6 anterior
Além desses, devem ser levados em conta:
- Desnutrição9 e anemia10 maternas
- Infecções11 gastrointestinais e respiratórias
- Malária
- Doenças sexualmente transmissíveis
- Alcoolismo
Como o médico diagnostica os fatores de restrição ao crescimento intrauterino?
Os médicos têm muitas maneiras de estimar o tamanho dos bebês12 durante a gravidez6 e assim diagnosticar uma restrição ao crescimento intrauterino. Um dos mais simples e comuns é medir a distância do fundo do útero3 da mãe até a pube. Após a 20ª semana de gestação, a medida em centímetros geralmente corresponde ao número de semanas de gestação. Logo, uma medida abaixo do esperado pode indicar que o bebê não está crescendo como deveria.
O diagnóstico13 do crescimento fetal se baseia na comparação de dados antropométricos do feto1, obtidos por meio de ultrassom, comparados com curva de crescimento intrauterino obtida de recém-nascidos vivos, de diferentes idades gestacionais, considerados "normais" por provirem de gestações sem patologias detectadas.
Outro método para verificar o crescimento fetal é a ultrassonografia14. Com o intuito de estimar o peso fetal, o ultrassom pode ser usado para medir a cabeça15, o abdome16 e o fêmur17 do bebê. Com essas medidas, o médico pode estimar o peso do bebê e comparar o valor encontrado com curvas de referência. O ultrassom também pode ser usado para determinar a quantidade de líquido amniótico18 que está no útero3. Uma baixa quantidade de líquido amniótico18 pode sugerir uma restrição de crescimento intrauterino.
Além da ultrassonografia14 de rotina, o médico poderá também solicitar uma avaliação Doppler para medir a quantidade e a velocidade do fluxo sanguíneo no cordão umbilical19 e vasos no cérebro20 do bebê e verificar se eles estão normais ou abaixo do normal, sugerindo um desenvolvimento restrito.
Como o médico trata os fatores de restrição ao crescimento intrauterino?
Não existe um tratamento específico para a restrição do crescimento intrauterino. Os tratamentos disponíveis visam as causas do problema e devem ser usados como prevenção do problema.
O manejo desta condição às vezes é feito por meio da escolha do melhor momento para realizar o parto. O médico terá que avaliar o risco de continuar a gestação versus o risco de um parto prematuro. Além disso, terá que decidir se deverá ou não usar corticoide para amadurecer os pulmões21 do bebê nascido antes do tempo.
Embora a restrição do crescimento intrauterino possa ocorrer mesmo quando a mãe está perfeitamente sadia, há coisas que ela pode fazer para reduzir o risco do problema e aumentar as chances de uma gravidez6 saudável, como:
- comparecer a todas as consultas de pré-natal;
- observar se os movimentos do bebê são normais e relatá-los ao médico;
- não usar medicamentos que não sejam adequados para grávidas;
- ter uma alimentação adequada;
- descansar bastante;
- praticar hábitos de vida saudáveis, deixando de consumir bebidas alcoólicas, de usar drogas e de fumar.
Veja também sobre "Síndrome22 alcoólica fetal", "Sífilis23 congênita24", "Fumo e gestação".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente do site da FEBRASGO – Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.