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Videoendoscopia da deglutição: como é o exame

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O que é videoendoscopia da deglutição1?

A videoendoscopia da deglutição1, conhecida também como exame nasofibrolaringoscópico da deglutição1, videonasofibrolaringoscopia de deglutição1 ou FEES (sigla em inglês para Flexible Endoscopic Evaluation of Swallowing), é um procedimento diagnóstico2 que avalia a capacidade de engolir (deglutir3) do paciente. Normalmente, é realizada por um otorrinolaringologista e/ou fonoaudiólogo especializado em distúrbios da deglutição1.

Por que realizar uma videoendoscopia da deglutição1?

A videoendoscopia da deglutição1 é um exame essencial para avaliar dificuldades ao engolir, como disfagia4 e episódios frequentes de engasgos. Este procedimento permite visualizar a passagem dos alimentos pela região da orofaringe5, hipofaringe6 e laringe7, além de identificar possíveis refluxos rinofaríngeos.

Entre os sintomas8 mais comuns que indicam a necessidade desse exame estão:

  • Dificuldade para iniciar a deglutição1.
  • Sensação de alimento preso na garganta9.
  • Dor ao engolir.
  • Perda de peso inexplicada.

Como é feita a videoendoscopia da deglutição1?

A videoendoscopia da deglutição1 pode ser realizada tanto no consultório quanto na residência do paciente, se necessário. É um exame seguro e minimamente invasivo, sem necessidade de incisões10. Antes do exame, geralmente é recomendado um jejum por algumas horas para diminuir o risco de aspiração pulmonar e melhorar a visualização das estruturas envolvidas. O jejum também reduz o risco de náuseas11 e desconforto durante o procedimento.

Inicialmente, aplica-se um anestésico local em spray no nariz12 e na garganta9 do paciente para minimizar o desconforto. Em seguida, um endoscópio fino e flexível, equipado com uma câmera em sua ponta, é inserido através do nariz12 até a região da faringe13.

Durante o exame, o paciente é solicitado a engolir alimentos e líquidos de diferentes consistências, frequentemente coloridos com corantes específicos para melhorar a visibilidade no monitor. Assim, os especialistas podem observar em tempo real como os alimentos passam pelas vias aéreas e digestivas, verificando a presença de dificuldades ou aspiração (entrada de alimentos nas vias aéreas).

Embora o procedimento seja bastante seguro, pode ocorrer algum desconforto leve, pressão no nariz12 e garganta9, risco reduzido de sangramento nasal e reflexo de vômito14, que geralmente são controlados pela anestesia15 local.

Veja sobre "Aspiração de corpo estranho" e "Fonoaudiologia".

O que pode ser observado na videoendoscopia da deglutição1?

A videoendoscopia da deglutição1 permite:

  • Visualizar a anatomia das vias aéreas e digestivas superiores (laringe7, faringe13 e epiglote16).
  • Avaliar os movimentos das cordas vocais17, da epiglote16 e da musculatura faríngea durante a deglutição1, observando a coordenação e eficiência.
  • Identificar resíduos alimentares nas vias aéreas ou digestivas após a deglutição1.
  • Detectar penetração ou aspiração de alimentos e líquidos nas vias aéreas inferiores.
  • Testar a sensibilidade das estruturas faríngeas e laríngeas, fundamental para os reflexos protetores da deglutição1.
  • Observar a eficácia do fechamento das vias aéreas superiores para evitar penetração e aspiração.
  • Medir o tempo necessário para o bolo alimentar atravessar a faringe13 (tempo prolongado pode indicar disfunção).
  • Identificar estratégias compensatórias adotadas pelo paciente, como ajustes na postura ou tipo de alimentos.
  • Detectar sinais18 de refluxo gastroesofágico19 que possam afetar a deglutição1.

Quais são os principais distúrbios diagnosticados pela videoendoscopia da deglutição1?

Os distúrbios diagnosticados por esse exame podem afetar diferentes fases da deglutição1. A disfagia4 orofaríngea20, relacionada às fases oral e faríngea, pode ser causada por condições como acidente vascular cerebral21 (AVC), doença de Parkinson22, esclerose23 lateral amiotrófica (ELA), miastenia24 grave e esclerose múltipla25.

Já a disfagia4 esofágica, que afeta a fase esofágica da deglutição1, geralmente está associada a refluxo gastroesofágico19, estenose26 esofágica, acalasia, divertículo27 de Zenker e tumores.

Outras condições gerais que podem comprometer a deglutição1 incluem distúrbios musculares diversos, infecções28 e doenças autoimunes29.

Saiba mais em "Engasgo", "Gastrostomia30", "Asfixia31" e "Estado vegetativo".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do Johns Hopkins Medicine, da U.S. National Library of Medicine e do Brazilian Journal of Otorhinolaryngology.

ABCMED, 2025. Videoendoscopia da deglutição: como é o exame. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/exames-e-procedimentos/1490310/videoendoscopia-da-degluticao-como-e-o-exame.htm>. Acesso em: 20 mai. 2025.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Deglutição: Passagem dos alimentos desde a boca até o esôfago; ação ou efeito de deglutir; engolir. É um mecanismo em parte voluntário e em parte automático (reflexo) que envolve a musculatura faríngea e o esfíncter esofágico superior.
2 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
3 Deglutir: Passar (o bolo alimentar) da boca para o esôfago e, a seguir, para o estômago.
4 Disfagia: Sensação consciente da passagem dos alimentos através do esôfago. Pode estar associado a doenças motoras, inflamatórias ou tumorais deste órgão.
5 Orofaringe: Parte mediana da faringe, entre a boca e a rinofaringe.
6 Hipofaringe: Hipofaringe ou laringofaringe faz limites na borda superior da epiglote (limite superior) e na margem inferior da cartilagem cricoidea (limite inferior).
7 Laringe: É um órgão fibromuscular, situado entre a traqueia e a base da língua que permite a passagem de ar para a traquéia. Consiste em uma série de cartilagens, como a tiroide, a cricóide e a epiglote e três pares de cartilagens: aritnoide, corniculada e cuneiforme, todas elas revestidas de membrana mucosa que são movidas pelos músculos da laringe. As dobras da membrana mucosa dão origem às pregas vocais.
8 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
9 Garganta: Tubo fibromuscular em forma de funil, que leva os alimentos ao ESÔFAGO e o ar à LARINGE e PULMÕES. Situa-se posteriormente à CAVIDADE NASAL, à CAVIDADE ORAL e à LARINGE, extendendo-se da BASE DO CRÂNIO à borda inferior da CARTILAGEM CRICÓIDE (anteriormente) e à borda inferior da vértebra C6 (posteriormente). É dividida em NASOFARINGE, OROFARINGE e HIPOFARINGE (laringofaringe).
10 Incisões: 1. Corte ou golpe com instrumento cortante; talho. 2. Em cirurgia, intervenção cirúrgica em um tecido efetuada com instrumento cortante (bisturi ou bisturi elétrico); incisura.
11 Náuseas: Vontade de vomitar. Forma parte do mecanismo complexo do vômito e pode ser acompanhada de sudorese, sialorréia (salivação excessiva), vertigem, etc .
12 Nariz: Estrutura especializada que funciona como um órgão do sentido do olfato e que também pertence ao sistema respiratório; o termo inclui tanto o nariz externo como a cavidade nasal.
13 Faringe: Canal músculo-membranoso comum aos sistemas digestivo e respiratório. Comunica-se com a boca e com as fossas nasais. É dividida em três partes: faringe superior (nasofaringe ou rinofaringe), faringe bucal (orofaringe) e faringe inferior (hipofaringe, laringofaringe ou faringe esofagiana), sendo um órgão indispensável para a circulação do ar e dos alimentos.
14 Vômito: É a expulsão ativa do conteúdo gástrico pela boca. Pode ser classificado como: alimentar, fecalóide, biliar, em jato, pós-prandial. Sinônimo de êmese. Os medicamentos que agem neste sintoma são chamados de antieméticos.
15 Anestesia: Diminuição parcial ou total da sensibilidade dolorosa. Pode ser induzida por diferentes medicamentos ou ser parte de uma doença neurológica.
16 Epiglote: Cartilagem delgada em forma de folha, recoberta por uma membrana mucosa. Está situada atrás da raiz da língua e dobra-se para trás sobre o ádito da laringe, fechando-o durante a deglutição.
17 Cordas Vocais: Pregas da membrana mucosa localizadas ao longo de cada parede da laringe extendendo-se desde o ângulo entre as lâminas da cartilagem tireóide até o processo vocal cartilagem aritenóide.
18 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
19 Refluxo gastroesofágico: Presença de conteúdo ácido proveniente do estômago na luz esofágica. Como o dito órgão não está adaptado fisiologicamente para suportar a acidez do suco gástrico, pode ser produzida inflamação de sua mucosa (esofagite).
20 Orofaríngea: Relativo à orofaringe.
21 Acidente vascular cerebral: Conhecido popularmente como derrame cerebral, o acidente vascular cerebral (AVC) ou encefálico é uma doença que consiste na interrupção súbita do suprimento de sangue com oxigênio e nutrientes para o cérebro, lesando células nervosas, o que pode resultar em graves conseqüências, como inabilidade para falar ou mover partes do corpo. Há dois tipos de derrame, o isquêmico e o hemorrágico.
22 Doença de Parkinson: Doença degenerativa que afeta uma região específica do cérebro (gânglios da base), e caracteriza-se por tremores em repouso, rigidez ao realizar movimentos, falta de expressão facial e, em casos avançados, demência. Os sintomas podem ser aliviados por medicamentos adequados, mas ainda não se conhece, até o momento, uma cura definitiva.
23 Esclerose: 1. Em geriatria e reumatologia, é o aumento patológico de tecido conjuntivo em um órgão, que ocorre em várias estruturas como nervos, pulmões etc., devido à inflamação crônica ou por razões desconhecidas. 2. Em anatomia botânica, é o enrijecimento das paredes celulares das plantas, por espessamento e/ou pela deposição de lignina. 3. Em fitopatologia, é o endurecimento anormal de um tecido vegetal, especialemnte da polpa dos frutos.
24 Miastenia: Perda das forças musculares ocasionada por doenças musculares inflamatórias. Por ex. Miastenia Gravis. A debilidade pode predominar em diferentes grupos musculares segundo o tipo de afecção (debilidade nos músculos extrínsecos do olho, da pelve, ou dos ombros, etc.).
25 Esclerose múltipla: Doença degenerativa que afeta o sistema nervoso, produzida pela alteração na camada de mielina. Caracteriza-se por alterações sensitivas e de motilidade que evoluem através do tempo produzindo dano neurológico progressivo.
26 Estenose: Estreitamento patológico de um conduto, canal ou orifício.
27 Divertículo: Eventração da mucosa colônica através de uma região enfraquecida da parede intestinal. Constitui um achado freqüente na população ocidental após os 50 anos de idade. Em geral não produz nenhum sintoma.
28 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
29 Autoimunes: 1. Relativo à autoimunidade (estado patológico de um organismo atingido por suas próprias defesas imunitárias). 2. Produzido por autoimunidade. 3. Autoalergia.
30 Gastrostomia: Procedimento cirúrgico realizado para fixar uma sonda alimentar. Um orifício artificial é criado na altura do estômago para fazer uma ligação direta do meio externo com o meio interno do paciente.
31 Asfixia: 1. Dificuldade ou impossibilidade de respirar, que pode levar à anóxia. Ela pode ser causada por estrangulamento, afogamento, inalação de gases tóxicos, obstruções mecânicas ou infecciosas das vias aéreas superiores, etc. 2. No sentido figurado, significa sujeição à tirania; opressão e/ou cobrança de posições morais ou sociais que dão origem à privação de certas liberdades.
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