Acalásia ou acalasia: o que é isso?
O que é acalásia?
Rigorosamente falando, acalásia é toda alteração hipertônica1 de qualquer esfíncter2 circular, como o piloro e o esfíncter anal3, por exemplo. O uso comum, entretanto, reservou o termo acalásia apenas para o cárdia, o esfíncter2 entre o esôfago4 e o estômago5, causando dificuldade de passagem do alimento do esôfago4 para o estômago5. A acalásia se caracteriza pela ausência de movimentos peristálticos6 do esôfago4 e pelo estreitamento do cárdia e disso decorrem seus sintomas7. Essa alteração foi descrita pela primeira vez em 1674, pelo médico Thomas Willis.
Quais são as causas da acalásia?
A acalásia é uma alteração dos nervos em torno do esôfago4. Muitas vezes ela é de causa desconhecida, mas também pode ser uma complicação de outras doenças (acalasia secundária) como, por exemplo, a doença de Chagas8 e a neuropatia9 diabética. Essa doença geralmente ocorre entre os 20 e 40 anos e progride de forma gradual ao longo dos anos.
Qual é a fisiopatologia10 da acalásia?
O mecanismo da acalásia consiste na destruição dos plexos neuromusculares da parede esofágica que leva a uma perda progressiva dos movimentos peristálticos6 do esôfago4 e da capacidade de relaxamento do cárdia. Com a perda da tonicidade da parede muscular do esôfago4 e a hipertonicidade do cárdia ocorre uma dilatação e alongamento progressivos do esôfago4, formando uma câmara que pode conter grandes volumes de alimento e saliva.
Quais são os principais sinais11 e sintomas7 da acalásia?
Um dos sintomas7 do paciente portador de acalasia é a disfagia12 (dificuldade de engolir) de longa duração e a dor retroesternal (atrás do osso esterno13). A dificuldade de passagem do alimento do esôfago4 para o estômago5 pode evoluir com megaesôfago (dilatação do esôfago4) progressivo. Há perda de peso, vômitos14, regurgitação15, salivação excessiva, dor torácica e azia16. Também pode ocorrer tosse noturna, abscessos17 nos pulmões18, infecções19 das vias aéreas e pneumonia20 por aspiração.
Como o médico diagnostica a acalásia?
O diagnóstico21 da acalásia começa pela história clínica e segue pelos exames complementares. Nas fases iniciais o diagnóstico21 pode ser mais difícil porque a dilatação do esôfago4 pode ainda não estar presente e exames rotineiros, nesses casos, como a esofagoscopia (exame que permite observar o interior do esôfago4 através de uma câmera) e as radiografias contrastadas do esôfago4 podem ser normais.
Mais tarde, a presença de resíduos alimentares pode ser constatada pela endoscopia22 e pelas radiografias contrastadas de esôfago4, os quais também podem mostrar a dilatação e, nos casos mais avançados, o alongamento e a tortuosidade do esôfago4. A esofagomanometria (medida da pressão intraesofágica) é o exame de escolha para o diagnóstico21 nas fases iniciais.
A acalasia pode ser confundida com o refluxo gastroesofágico23 e o câncer24 esofágico. O diagnóstico21 diferencial com o câncer24 esofágico pode ser feito porque a disfagia12 da acalasia dura anos, ao contrário daquela associada ao câncer24 esofágico que tem duração de semanas ou, no máximo, alguns meses. Uma biópsia25, feita durante a esofagoscopia pode ajudar a afastar o diagnóstico21 de câncer24 ou de outras doenças.
Como o médico trata a acalásia?
Os tratamentos da acalásia visam alargar o esfíncter2 contraído, de modo que ele permita mais facilmente a passagem de alimentos do esôfago4 para o estômago5. As principais opções de tratamento incluem a dilatação do cárdia com balão, o bloqueio neuromuscular do cárdia com injeções de toxina26 botulínica, realizada através da endoscopia22 e ainda mudanças no estilo de vida. O tratamento mais eficaz, contudo, é feito através de medicamentos que ajudam a relaxar o esfíncter2 e cirurgia que consiste em cortar as fibras musculares27 do esfíncter2.
Como evolui a acalásia?
A acalásia aumenta a probabilidade dos indivíduos desenvolverem câncer24 no esôfago4.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.