Transplante cardíaco
O que é transplante cardíaco?
Transplante cardíaco é um ato cirúrgico em que um coração1 saudável é transplantado para substituir um coração1 doente ou danificado de um paciente. O procedimento mais comum consiste em retirar um coração1 sadio, com ou sem ambos os pulmões2, de um doador falecido recentemente (morte cerebral3) e implantá-lo no paciente.
O transplante de coração1 não é considerado uma cura para doenças cardíacas; em vez disso, é um tratamento que salva vidas, destinado a melhorar a qualidade e a duração da vida do receptor. O transplante cardíaco pode ser uma opção viável para pacientes4 com doença cardíaca avançada, mas é um procedimento complexo e requer uma equipe médica altamente especializada.
Por que realizar um transplante cardíaco?
O transplante cardíaco é indicado em casos graves em que o coração1 do paciente não pode mais funcionar adequadamente, mesmo com o tratamento médico correto. Em geral ele é um procedimento realizado em pacientes com uma doença grave do coração1, em estágio avançado. O transplante cardíaco deve ser aconselhado àqueles pacientes com:
- insuficiência cardíaca5 em estágio terminal;
- doença arterial coronariana grave;
- doenças não tratáveis das valvas cardíacas;
- arritmias6 perigosas;
- defeitos congênitos7 do coração1;
- miopatias severas.
O transplante é indicado quando outros tratamentos médicos ou cirúrgicos não surtiram efeito ou quando houve falha de um transplante anterior. Normalmente, em crianças a justificativa maior para o transplante cardíaco são os defeitos congênitos7 do coração1 ou a cardiomiopatia congênita8.
Infelizmente, o número de pacientes que necessitam de um transplante cardíaco é maior do que o de doadores disponíveis. Isso obriga os candidatos a transplante a entrarem numa lista de espera que dura meses ou, às vezes, anos, ao aguardo de um doador compatível. No entanto, tão logo apareça o doador adequado, o transplante deve ser realizado o mais rapidamente possível, em questão de horas.
Mesmo cumpridas todas as exigências e condições para um transplante cardíaco, ele pode ser contraindicado se há, no receptor:
- uma infecção9 ativa;
- uma doença crônica do fígado10, como a cirrose11;
- uma insuficiência renal12;
- acidente vascular cerebral13 recente;
- doença vascular14;
- diabetes15 descontrolado;
- malignidade ativa;
- doença pulmonar;
- obesidade16 mórbida;
- enfermidades que requeiram outros transplantes (renal17, hepático ou pulmonar);
- ou falta de apoio psicossocial.
Veja sobre "Transplante de órgãos", "Transplante de medula óssea18", "Transplante de córnea19" e "Transplante de fezes ou terapia bacteriana".
Como é realizado o transplante cardíaco?
Durante a cirurgia de transplante cardíaco, o coração1 do paciente é removido e trocado por um coração1 saudável de um doador compatível. O coração1 do próprio paciente é retirado e substituído pelo coração1 do doador (procedimento ortotópico) ou, muito menos comumente, o coração1 doente do receptor é deixado no local para apoiar o coração1 do doador (procedimento heterotópico).
De início, o paciente receberá um anestésico geral e será conectado a uma máquina de circulação20 extracorpórea, que manterá um funcionamento similar ao do coração1 e pulmão21 durante o procedimento. O cirurgião então fará um corte no osso esterno22 para chegar ao coração1 e trabalhará no transplante, em que o novo coração1 é conectado aos vasos sanguíneos23 e nervos do paciente receptor.
Terminada a cirurgia, o cirurgião fará o novo coração1 do paciente bater novamente e, quando ele começar a bombear sangue24 e a condição do paciente estiver estável, a máquina coração1-pulmão21 será desligada. O cirurgião então fechará o esterno22 do paciente, suturando-o com arame, que ficará lá pelo resto de sua vida.
A duração da cirurgia depende de fatores específicos de cada caso, mas, em geral, é de 4 a 6 horas. Após a operação, o paciente deve ser transferido para a unidade de terapia intensiva25 onde será monitorado de perto por vários dias (em geral, de 7 a 14 dias, ou até mais).
O anestésico recebido é de eliminação lenta e a maioria das pessoas só acorda no dia seguinte ou um pouco depois. Nos dias imediatos, o paciente receberá uma máquina de ventilação26 que o ajudará a respirar até que ele possa fazê-lo sozinho. Geralmente o paciente deve permanecer no hospital por cerca de 2 ou 3 semanas após o transplante de coração1, até que todas as funções cardíacas se normalizem.
A maioria das pessoas consegue começar a retornar a muitas de suas atividades normais dentro de alguns meses. A pessoa transplantada precisará fazer check-ups regulares com a equipe de transplante após o procedimento e precisará tomar medicamentos imunossupressores pelo resto da vida para evitar que o corpo rejeite o novo coração1.
Como evolui o transplante cardíaco?
O sucesso do transplante depende de muitos fatores, incluindo a compatibilidade doador-receptor e a saúde27 geral do paciente antes e depois da cirurgia. A maioria das pessoas transplantadas pode desfrutar de uma boa qualidade de vida e, dependendo da condição geral delas, podem ser capazes de reassumir a maioria das suas atividades rotineiras, tais como trabalho, hobbies, esportes e exercícios. Algumas mulheres que desejam engravidar podem inclusive fazê-lo, embora devam fazer ajustes em suas medicações antes de engravidarem, seguindo a orientação médica.
A taxa mundial de sobrevivência28 de transplante cardíaco é de cerca de 85% após um ano e 60-75% após 5 anos, o que é excelente quando comparado ao curso natural da insuficiência cardíaca5 terminal. O primeiro ano após a cirurgia é o mais crítico para determinar a taxa de sobrevivência28 do transplante cardíaco. No entanto, há relatos de pacientes que tenham vivido mais de 30 anos após a cirurgia de transplante. A média parece ser de 15 anos.
Quais são os riscos e complicações possíveis com o transplante cardíaco?
Além dos riscos inerentes a uma grande cirurgia de cavidade aberta, que inclui hemorragias29, infecções30 e coágulos sanguíneos, o transplante cardíaco comporta ainda os riscos de:
- rejeição do coração1 doado;
- uma falha primária do novo coração1 em assumir as funções dele esperadas;
- problemas respiratórios;
- problemas com as artérias31 do receptor, que podem enrijecer e se tornarem espessadas, dificultando a circulação20;
- falência renal17;
- efeitos secundários indesejáveis das medicações pós-transplante;
- e aumento das chances de câncer32, em virtude da queda do sistema imunológico33.
Leia sobre "Doação de órgãos", "Falência múltipla de órgãos" e "É possível viver sem alguns órgãos?"
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Mayo Clinic, do NHS -National Health Service e da Johns Hopkins Medicine.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.