Gostou do artigo? Compartilhe!

Transplante cardíaco

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie este artigo

O que é transplante cardíaco?

Transplante cardíaco é um ato cirúrgico em que um coração1 saudável é transplantado para substituir um coração1 doente ou danificado de um paciente. O procedimento mais comum consiste em retirar um coração1 sadio, com ou sem ambos os pulmões2, de um doador falecido recentemente (morte cerebral3) e implantá-lo no paciente.

O transplante de coração1 não é considerado uma cura para doenças cardíacas; em vez disso, é um tratamento que salva vidas, destinado a melhorar a qualidade e a duração da vida do receptor. O transplante cardíaco pode ser uma opção viável para pacientes4 com doença cardíaca avançada, mas é um procedimento complexo e requer uma equipe médica altamente especializada.

Por que realizar um transplante cardíaco?

O transplante cardíaco é indicado em casos graves em que o coração1 do paciente não pode mais funcionar adequadamente, mesmo com o tratamento médico correto. Em geral ele é um procedimento realizado em pacientes com uma doença grave do coração1, em estágio avançado. O transplante cardíaco deve ser aconselhado àqueles pacientes com:

O transplante é indicado quando outros tratamentos médicos ou cirúrgicos não surtiram efeito ou quando houve falha de um transplante anterior. Normalmente, em crianças a justificativa maior para o transplante cardíaco são os defeitos congênitos7 do coração1 ou a cardiomiopatia congênita8.

Infelizmente, o número de pacientes que necessitam de um transplante cardíaco é maior do que o de doadores disponíveis. Isso obriga os candidatos a transplante a entrarem numa lista de espera que dura meses ou, às vezes, anos, ao aguardo de um doador compatível. No entanto, tão logo apareça o doador adequado, o transplante deve ser realizado o mais rapidamente possível, em questão de horas.

Mesmo cumpridas todas as exigências e condições para um transplante cardíaco, ele pode ser contraindicado se há, no receptor:

Veja sobre "Transplante de órgãos", "Transplante de medula óssea18", "Transplante de córnea19" e "Transplante de fezes ou terapia bacteriana".

Como é realizado o transplante cardíaco?

Durante a cirurgia de transplante cardíaco, o coração1 do paciente é removido e trocado por um coração1 saudável de um doador compatível. O coração1 do próprio paciente é retirado e substituído pelo coração1 do doador (procedimento ortotópico) ou, muito menos comumente, o coração1 doente do receptor é deixado no local para apoiar o coração1 do doador (procedimento heterotópico).

De início, o paciente receberá um anestésico geral e será conectado a uma máquina de circulação20 extracorpórea, que manterá um funcionamento similar ao do coração1 e pulmão21 durante o procedimento. O cirurgião então fará um corte no osso esterno22 para chegar ao coração1 e trabalhará no transplante, em que o novo coração1 é conectado aos vasos sanguíneos23 e nervos do paciente receptor.

Terminada a cirurgia, o cirurgião fará o novo coração1 do paciente bater novamente e, quando ele começar a bombear sangue24 e a condição do paciente estiver estável, a máquina coração1-pulmão21 será desligada. O cirurgião então fechará o esterno22 do paciente, suturando-o com arame, que ficará lá pelo resto de sua vida.

A duração da cirurgia depende de fatores específicos de cada caso, mas, em geral, é de 4 a 6 horas. Após a operação, o paciente deve ser transferido para a unidade de terapia intensiva25 onde será monitorado de perto por vários dias (em geral, de 7 a 14 dias, ou até mais).

O anestésico recebido é de eliminação lenta e a maioria das pessoas só acorda no dia seguinte ou um pouco depois. Nos dias imediatos, o paciente receberá uma máquina de ventilação26 que o ajudará a respirar até que ele possa fazê-lo sozinho. Geralmente o paciente deve permanecer no hospital por cerca de 2 ou 3 semanas após o transplante de coração1, até que todas as funções cardíacas se normalizem.

A maioria das pessoas consegue começar a retornar a muitas de suas atividades normais dentro de alguns meses. A pessoa transplantada precisará fazer check-ups regulares com a equipe de transplante após o procedimento e precisará tomar medicamentos imunossupressores pelo resto da vida para evitar que o corpo rejeite o novo coração1.

Como evolui o transplante cardíaco?

O sucesso do transplante depende de muitos fatores, incluindo a compatibilidade doador-receptor e a saúde27 geral do paciente antes e depois da cirurgia. A maioria das pessoas transplantadas pode desfrutar de uma boa qualidade de vida e, dependendo da condição geral delas, podem ser capazes de reassumir a maioria das suas atividades rotineiras, tais como trabalho, hobbies, esportes e exercícios. Algumas mulheres que desejam engravidar podem inclusive fazê-lo, embora devam fazer ajustes em suas medicações antes de engravidarem, seguindo a orientação médica.

A taxa mundial de sobrevivência28 de transplante cardíaco é de cerca de 85% após um ano e 60-75% após 5 anos, o que é excelente quando comparado ao curso natural da insuficiência cardíaca5 terminal. O primeiro ano após a cirurgia é o mais crítico para determinar a taxa de sobrevivência28 do transplante cardíaco. No entanto, há relatos de pacientes que tenham vivido mais de 30 anos após a cirurgia de transplante. A média parece ser de 15 anos.

Quais são os riscos e complicações possíveis com o transplante cardíaco?

Além dos riscos inerentes a uma grande cirurgia de cavidade aberta, que inclui hemorragias29, infecções30 e coágulos sanguíneos, o transplante cardíaco comporta ainda os riscos de:

  • rejeição do coração1 doado;
  • uma falha primária do novo coração1 em assumir as funções dele esperadas;
  • problemas respiratórios;
  • problemas com as artérias31 do receptor, que podem enrijecer e se tornarem espessadas, dificultando a circulação20;
  • falência renal17;
  • efeitos secundários indesejáveis das medicações pós-transplante;
  • e aumento das chances de câncer32, em virtude da queda do sistema imunológico33.
Leia sobre "Doação de órgãos", "Falência múltipla de órgãos" e "É possível viver sem alguns órgãos?"

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Mayo Clinic, do NHS -National Health Service e da Johns Hopkins Medicine.

ABCMED, 2023. Transplante cardíaco. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/exames-e-procedimentos/1436210/transplante-cardiaco.htm>. Acesso em: 6 out. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Coração: Órgão muscular, oco, que mantém a circulação sangüínea.
2 Pulmões: Órgãos do sistema respiratório situados na cavidade torácica e responsáveis pelas trocas gasosas entre o ambiente e o sangue. São em número de dois, possuem forma piramidal, têm consistência esponjosa e medem cerca de 25 cm de comprimento. Os pulmões humanos são divididos em segmentos denominados lobos. O pulmão esquerdo possui dois lobos e o direito possui três. Os pulmões são compostos de brônquios que se dividem em bronquíolos e alvéolos pulmonares. Nos alvéolos se dão as trocas gasosas ou hematose pulmonar entre o meio ambiente e o corpo, com a entrada de oxigênio na hemoglobina do sangue (formando a oxiemoglobina) e saída do gás carbônico ou dióxido de carbono (que vem da célula como carboemoglobina) dos capilares para o alvéolo.
3 Morte cerebral: Um dos conceitos aceitos para MORTE CEREBRAL é o de que “O indivíduo que apresenta cessação irreversível das funções cardíaca e respiratória OU cessação irreversível de TODAS as funções de TODO o encéfalo, incluindo o tronco cerebral, está morto“. Esta definição estabeleceu a sinonímia entre MORTE ENCEFÁLICA e MORTE DO INDIVÍDUO. A nomenclatura MORTE ENCEFÁLICA tem sido preferida ao termo MORTE CEREBRAL, uma vez que para o diagnóstico clínico, existe necessidade de cessação das atividades do córtex e necessariamente, do tronco cerebral. Havendo qualquer sinal de persistência de atividade do tronco encefálico, não existe MORTE ENCEFÁLICA, portanto, o indivíduo não pode ser considerado morto. Como exemplos desta situação, podemos citar os anencéfalos, o estado vegetativo persistente e os casos avançados da Doença de Alzheimer. Ainda existem vários pontos de discussão sobre o conceito de MORTE CEREBRAL.
4 Para pacientes: Você pode utilizar este texto livremente com seus pacientes, inclusive alterando-o, de acordo com a sua prática e experiência. Conheça todos os materiais Para Pacientes disponíveis para auxiliar, educar e esclarecer seus pacientes, colaborando para a melhoria da relação médico-paciente, reunidos no canal Para Pacientes . As informações contidas neste texto são baseadas em uma compilação feita pela equipe médica da Centralx. Você deve checar e confirmar as informações e divulgá-las para seus pacientes de acordo com seus conhecimentos médicos.
5 Insuficiência Cardíaca: É uma condição na qual a quantidade de sangue bombeada pelo coração a cada minuto (débito cardíaco) é insuficiente para suprir as demandas normais de oxigênio e de nutrientes do organismo. Refere-se à diminuição da capacidade do coração suportar a carga de trabalho.
6 Arritmias: Arritmia cardíaca é o nome dado a diversas perturbações que alteram a frequência ou o ritmo dos batimentos cardíacos.
7 Defeitos congênitos: Problemas ou condições que estão presentes ao nascimento.
8 Congênita: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
9 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
10 Fígado: Órgão que transforma alimento em energia, remove álcool e toxinas do sangue e fabrica bile. A bile, produzida pelo fígado, é importante na digestão, especialmente das gorduras. Após secretada pelas células hepáticas ela é recolhida por canalículos progressivamente maiores que a levam para dois canais que se juntam na saída do fígado e a conduzem intermitentemente até o duodeno, que é a primeira porção do intestino delgado. Com esse canal biliar comum, chamado ducto hepático, comunica-se a vesícula biliar através de um canal sinuoso, chamado ducto cístico. Quando recebe esse canal de drenagem da vesícula biliar, o canal hepático comum muda de nome para colédoco. Este, ao entrar na parede do duodeno, tem um músculo circular, designado esfíncter de Oddi, que controla o seu esvaziamento para o intestino.
11 Cirrose: Substituição do tecido normal de um órgão (freqüentemente do fígado) por um tecido cicatricial fibroso. Deve-se a uma agressão persistente, infecciosa, tóxica ou metabólica, que produz perda progressiva das células funcionalmente ativas. Leva progressivamente à perda funcional do órgão.
12 Insuficiência renal: Condição crônica na qual o corpo retém líquido e excretas pois os rins não são mais capazes de trabalhar apropriadamente. Uma pessoa com insuficiência renal necessita de diálise ou transplante renal.
13 Acidente vascular cerebral: Conhecido popularmente como derrame cerebral, o acidente vascular cerebral (AVC) ou encefálico é uma doença que consiste na interrupção súbita do suprimento de sangue com oxigênio e nutrientes para o cérebro, lesando células nervosas, o que pode resultar em graves conseqüências, como inabilidade para falar ou mover partes do corpo. Há dois tipos de derrame, o isquêmico e o hemorrágico.
14 Vascular: Relativo aos vasos sanguíneos do organismo.
15 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
16 Obesidade: Condição em que há acúmulo de gorduras no organismo além do normal, mais severo que o sobrepeso. O índice de massa corporal é igual ou maior que 30.
17 Renal: Relacionado aos rins. Uma doença renal é uma doença dos rins. Insuficiência renal significa que os rins pararam de funcionar.
18 Medula Óssea: Tecido mole que preenche as cavidades dos ossos. A medula óssea apresenta-se de dois tipos, amarela e vermelha. A medula amarela é encontrada em cavidades grandes de ossos grandes e consiste em sua grande maioria de células adiposas e umas poucas células sangüíneas primitivas. A medula vermelha é um tecido hematopoiético e é o sítio de produção de eritrócitos e leucócitos granulares. A medula óssea é constituída de um rede, em forma de treliça, de tecido conjuntivo, contendo fibras ramificadas e preenchida por células medulares.
19 Córnea: Membrana fibrosa e transparente presa à esclera, constituindo a parte anterior do olho.
20 Circulação: 1. Ato ou efeito de circular. 2. Facilidade de se mover usando as vias de comunicação; giro, curso, trânsito. 3. Movimento do sangue, fluxo de sangue através dos vasos sanguíneos do corpo e do coração.
21 Pulmão: Cada um dos órgãos pareados que ocupam a cavidade torácica que tem como função a oxigenação do sangue.
22 Esterno: Osso longo e achatado, situado na parte vertebral do tórax dos vertebrados (com exceção dos peixes), e que no homem se articula com as primeiras sete costelas e com a clavícula. Ele é composto de três partes: corpo, manúbrio e apêndice xifoide. Nos artrópodes, é uma placa quitinosa ventral do tórax.
23 Vasos Sanguíneos: Qualquer vaso tubular que transporta o sangue (artérias, arteríolas, capilares, vênulas e veias).
24 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
25 Terapia intensiva: Tratamento para diabetes no qual os níveis de glicose são mantidos o mais próximo do normal possível através de injeções freqüentes ou uso de bomba de insulina, planejamento das refeições, ajuste em medicamentos hipoglicemiantes e exercícios baseados nos resultados de testes de glicose além de contatos freqüentes entre o diabético e o profissional de saúde.
26 Ventilação: 1. Ação ou efeito de ventilar, passagem contínua de ar fresco e renovado, num espaço ou recinto. 2. Agitação ou movimentação do ar, natural ou provocada para estabelecer sua circulação dentro de um ambiente. 3. Em fisiologia, é o movimento de ar nos pulmões. Perfusão Em medicina, é a introdução de substância líquida nos tecidos por meio de injeção em vasos sanguíneos.
27 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
28 Sobrevivência: 1. Ato ou efeito de sobreviver, de continuar a viver ou a existir. 2. Característica, condição ou virtude daquele ou daquilo que subsiste a um outro. Condição ou qualidade de quem ainda vive após a morte de outra pessoa. 3. Sequência ininterrupta de algo; o que subsiste de (alguma coisa remota no tempo); continuidade, persistência, duração.
29 Hemorragias: Saída de sangue dos vasos sanguíneos ou do coração para o exterior, para o interstício ou para cavidades pré-formadas do organismo.
30 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
31 Artérias: Os vasos que transportam sangue para fora do coração.
32 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
33 Sistema imunológico: Sistema de defesa do organismo contra infecções e outros ataques de micro-organismos que enfraquecem o nosso corpo.
Gostou do artigo? Compartilhe!

Pergunte diretamente a um especialista

Sua pergunta será enviada aos especialistas do CatalogoMed, veja as dúvidas já respondidas.