Como é o transplante de fígado?
O que é o transplante de fígado1?
É uma cirurgia em que se realiza a substituição de um fígado1 deficiente ou não funcionante por outro sadio, originário de um doador compatível. Mesmo o fígado1 tendo uma grande capacidade de regeneração, certas doenças provocam insuficiência2 grave na função dos hepatócitos (células3 funcionais hepáticas4) e podem inclusive levar ao óbito5.
Em que consiste o transplante de fígado1?
O transplante de fígado1 consiste numa cirurgia em que o órgão doente é substituído por outro órgão sadio, originário de uma pessoa com morte cerebral6 ou por parte do órgão de um doador vivo que aceite doar uma parcela de seu órgão. Esse último caso só acontece porque a disponibilidade de fígados para transplante é muito menor que a demanda. No primeiro caso, se a família autorizar, o fígado1 é retirado e preservado em soluções especiais a baixas temperaturas e transportado para o hospital onde será transplantado. O doador ideal é uma pessoa jovem, sadia, que tenha sido atendida imediatamente após o evento que a vitimou e na qual ainda não tenha havido deterioração de órgãos vitais, como os rins7 e o coração8. No outro caso, o doador deve ser um adulto sadio do qual é retirada parte do fígado1. Apesar de mais complexa, essa técnica é a mais indicada para as crianças, mas tem sido utilizada também em pacientes adultos, em virtude da falta de órgãos para transplante.
O transplante de fígado1 sempre envolve uma cirurgia complexa. A cirurgia para o transplante a partir de um cadáver dura, em média, de seis a oito horas ou mais. O transplante intervivos, que envolve uma cirurgia do doador e outra do receptor, leva de dez a doze horas ou mais. Essa cirurgia é bem mais complexa que a anterior, não só por envolver dois pacientes, mas também porque ela envolve técnicas de microcirurgia, já que os vasos sanguíneos9 são muito finos. Nos casos em que o doador seja um cadáver, após a cerificação de que o fígado1 está em boas condições, o órgão é retirado por inteiro, conservado em condições ideais e transportado para o centro cirúrgico onde será transplantado. Nos casos de transplante intervivos, em crianças, principalmente, é retirado um segmento do fígado1 do doador, o qual é implantado no receptor. Depois da cirurgia, o receptor fica dois dias em média na UTI e depois, cerca de mais dez dias internado. Depois da cirurgia, o tratamento da causa da doença que levou à lesão10 do fígado1 deve ser continuado, porque nem sempre ela foi eliminada no pré-operatório.
Quais são as principais indicações para o transplante de fígado1?
Em crianças, a principal indicação para o transplante de fígado1 é a atresia11 congênita12 das vias biliares13. O estreitamento dos canais biliares14 causa um represamento da bile15 no fígado1, o que leva a uma cirrose16 do órgão. Também as crianças com defeitos metabólicos congênitos17 ou hereditários por vezes devem passar por um transplante de fígado1. Nos adultos, a causa principal de transplante hepático, com larga margem (cerca de noventa por cento dos casos), é a cirrose16, geralmente devida à hepatite18 C, mas que também pode ocorrer pela hepatite18 B, por álcool ou por outras causas.
Como evolui o transplante de fígado1?
O fígado1 tem grande capacidade de regeneração e em pouco tempo recompõe o fragmento19 retirado do doador vivo. Além disso, o fígado1 tem uma enorme reserva funcional, o que permite que o fragmento19 retirado não comprometa a função do órgão.
O risco da rejeição continua sendo um grande medo, mas hoje em dia, com o uso de imunossupressores eficientes esse risco é de menos de 1%, portanto, muito baixo.
O índice de mortalidade20 do transplante de fígado1 é muito baixo e a ocorrência de mortes está mais relacionada com más condições clínicas do paciente que com a cirurgia em si.
Quais são as complicações possíveis nos transplantes de fígado1?
Devem-se considerar os riscos para o doador (no caso de transplante intervivos) e para o receptor. Para o doador os riscos são relativamente pequenos e simples, mas podem chegar ao óbito5, o que é raro. Para o receptor os riscos maiores são os de rejeição do fígado1 e que o órgão transplantado não funcione depois do transplante, levando a necessidade de novo transplante.
No transplante de fígado1 é necessário verificar a compatibilidade do tipo sanguíneo ABO. O fígado1 é um órgão de maior tolerância imunológica que os rins7, por exemplo. Por isso, não faz diferença que o doador seja um parente próximo ou distante ou um cadáver.
O fígado1, como qualquer órgão transplantado, pode não funcionar depois do transplante. Nesse caso, o paciente voltará para a lista de espera e será priorizado para receber um novo transplante, de urgência21.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.