É possível viver sem alguns órgãos?
Sim, é possível, porque alguns órgãos não são absolutamente vitais e é possível que, no caso de órgãos duplos, como rins1 e pulmões2, a falta de um deles seja compensada por seus pares contralaterais. Muitos órgãos podem ser substituídos por estruturas artificiais (próteses) ou podem ser adotados novos modos de executar as funções dos órgãos retirados, como com uma colostomia3 ou urostomia4, por exemplo.
Outros órgãos, apesar de serem únicos, admitem ter uma parte retirada, podendo o restante dar conta das funções necessárias para o organismo.
Saiba mais sobre "Doação de órgãos" e "Transplante de órgãos".
Que órgãos podem ser retirados de uma pessoa sem comprometer a vida dela?
É possível viver sem as glândulas5 mamárias, sem alguns músculos6 ou ossos, sem um dos pulmões2, sem algumas artérias7 ou veias8, sem partes do esôfago9, estômago10 ou intestino, sem vesícula biliar11, bexiga12 ou baço13, sem apêndice14, sem um (ou mesmo dois) rins1. Alguns linfonodos15 e vasos são rotineiramente extraídos de algumas áreas durante cirurgias.
Bebês16 nascidos sem partes de seus cérebros podem às vezes compensar essa falta com o restante do cérebro17. É possível viver sem o cerebelo18 e sem a medula espinhal19 e também sem alguns nervos periféricos, desde que não sejam os que controlam o diafragma20 ou órgãos internos vitais.
Também pode-se viver sem olhos21, epitélio22 olfativo, papilas gustativas23 e ouvidos. Alguns órgãos podem ser retirados parcialmente, como o fígado24 ou a tireoide25, por exemplo, e a pessoa pode viver apenas com a parte restante deles.
Para muitas dessas faltas orgânicas têm que ser criadas situações ou estruturas substitutivas. A pessoa pode viver sem ambos os rins1, desde que faça diálise26 pelo menos três vezes por semana.
Pode viver sem bexiga12, mas, sem capacidade de armazenar urina27, estaria constantemente urinando e necessitaria de uma urostomia4 (criação cirúrgica de uma abertura artificial na parede abdominal28 por onde a urina27 passa a fluir, sendo armazenada em uma bolsa coletora). O cirurgião pode também criar uma bexiga12 falsa que imite a função normal.
É possível viver sem os órgãos reprodutivos, mas terão que ser feitas compensações hormonais. Pode-se viver sem glândula29 pituitária, tireoide25, paratireoides, glândula pineal30, suprarrenais e pâncreas31, mas a pessoa tem que tomar hormônios para o resto da sua vida.
Ninguém pode viver sem os órgãos vitais que são únicos, como coração32 e fígado24, por exemplo. Também não pode viver sem tronco cerebral33. Igualmente, não se consegue viver sem a uretra34 (natural ou falsa), já que o corpo precisa de uma maneira de se livrar da urina27.
Veja sobre "Diálise peritoneal35", "Hemodiálise36", "Colostomia3", "Urostomia4" e "Ileostomia".
A título de exemplo, mencionamos abaixo algumas informações sobre a retirada de órgãos importantes:
Vivendo sem um pulmão37
Sim, é possível sobreviver mesmo se um pulmão37 inteiro for removido. Há tempos, a retirada de um pulmão37 ou parte dele era comum, principalmente nos casos de tuberculose38. Hoje em dia, os principais problemas de saúde39 que levam a isso são defeitos genéticos, enfisemas ou síndromes pulmonares. Nesse caso, o pulmão37 remanescente infla para ocupar uma parte do espaço deixado pela remoção, preenchendo todo o tórax40.
Em geral, um pulmão37 ou parte dele é retirado em virtude de alguma infecção41 grave ou doença como o câncer42. Viver com um pulmão37 só não costuma afetar as tarefas diárias ou a expectativa de vida43, embora uma pessoa com um único pulmão37 não seja capaz de executar as mesmas atividades físicas na mesma intensidade de uma pessoa com dois pulmões2.
Mesmo com limitações na capacidade pulmonar, a pessoa pode e deve fazer atividades físicas e pode, inclusive, bater uma bolinha de vez em quando, embora o fôlego não seja o mesmo e a corrida requeira certo esforço.
Vivendo sem um rim44
As pessoas podem nascer com apenas um rim44 ou removê-lo através de uma nefrectomia após uma lesão45 do órgão ou para fazer uma doação. Em geral, as pessoas que têm apenas um rim44 têm poucos ou nenhum problema de saúde39 e têm uma expectativa de vida43 normal. A maioria das pessoas com apenas um rim44 vive uma vida saudável.
Tecnicamente, as pessoas podem viver mesmo sem ambos os rins1, mas nesse caso precisam de diálise26, o que afeta muito a qualidade de vida. Em algumas pessoas que têm apenas um rim44, há uma chance de alguma pequena perda na função renal46 mais tarde na vida, geralmente 25 ou mais anos depois. Também há uma chance maior de ter pressão alta (hipertensão47) mais tarde na vida.
Vivendo sem baço13
A remoção total do baço13 chama-se esplenectomia total. Se apenas parte do baço13 for removida, o procedimento é chamado de esplenectomia parcial. Uma pessoa pode viver sem baço13, mas como esse órgão desempenha um papel crucial na capacidade do corpo de combater as bactérias, a vida sem ele aumenta a probabilidade de a pessoa desenvolver infecções48 perigosas.
As crianças que sofreram remoção do baço13 muitas vezes precisam tomar antibióticos todos os dias para evitar que desenvolvam infecções48 bacterianas e os adultos, embora não precisem de antibióticos diários, devem tomá-los se ficarem doentes ou se houver uma chance de ficarem doentes.
A esplenectomia tem de ser feita em razão de algumas doenças hematológicas e quando houver traumas provocados por acidentes. Ao contrário de alguns outros órgãos, como o fígado24, por exemplo, o baço13 não se regenera depois de ser removido, mas cerca de 30% das pessoas têm um segundo baço13, muito pequeno, mas que pode crescer e funcionar quando o baço13 principal é removido.
Saiba também sobre "Nefrectomia", "Esplenectomia", "Apendicectomia" e "Colecistectomia".
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.