Gostou do artigo? Compartilhe!

Transplante de córnea: definição, indicação, realização, evolução, possíveis complicações

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie este artigo

O que é a córnea1?

A córnea1 é uma membrana transparente localizada na parte anterior do olho2 dos vertebrados, circular no seu contorno e de espessura regular e uniforme. Ela deve permitir que as imagens oriundas do meio externo penetrem no olho2 e sejam focalizadas pelo cristalino3 na retina4. Para tal, é necessário que ela tenha transparência satisfatória e curvatura adequada. Sua curvatura normal não é uniforme, mas é mais acentuada na região central e mais plana na região periférica. Ela é continuamente mantida úmida pela secreção lacrimal. Através da córnea1 pode-se visualizar a íris5, a parte colorida dos olhos6.

O que é o transplante de córnea1?

O transplante de córnea1 é uma cirurgia que consiste em substituir parcial ou totalmente a córnea1 doente do paciente por uma córnea1 saudável de um doador, ou seja, uma pessoa que tenha falecido e que tenha manifestado em vida desejo de doar suas córneas para transplante. Mesmo assim, é de praxe que seus parentes sejam ouvidos sobre se concordam ou não com a doação.

Quando está indicado o transplante de córnea1?

Indica-se o transplante de córnea1 quando é afetada uma de suas características normais: a transparência ou a curvatura. O transplante de córnea1 também é indicado nos casos de perfurações oculares, o que pode ocorrer por traumas, infecções7, edema8 de córnea1, queimaduras químicas ou térmicas, alguns casos de ceratocone ou distrofias9.

Como o médico realiza o transplante de córnea1?

Há duas técnicas para o transplante de córnea1: penetrante, com a qual se substitui toda espessura da córnea1 e lamelar, que remove apenas as camadas anteriores da córnea1. Essa técnica tem sobre a outra a vantagem de ser mais simples e levar a menos complicações.

A cirurgia clássica de transplante de córnea1 dura em média uma hora e consiste em remover um disco central da córnea1 danificada e substituí-lo por outro, de uma córnea1 humana saudável. Em geral, o transplante é realizado numa sala cirúrgica, com a ajuda de um microscópio e de um finíssimo bisturi. A anestesia10 para realizar a cirurgia pode ser tópica, local ou geral, conforme o caso. Após a cirurgia o paciente deve fazer uso de antibióticos (sistêmicos11 e tópicos), corticoide ou outros anti-inflamatórios. Em alguns casos pode ser necessário também usar um anti-hipertensivo ocular. Devem ser evitados esforços físicos e o uso de piscinas no período de recuperação e deve-se dormir do lado contralateral ao olho2 operado. A retirada dos pontos, feita por meio de um microscópio, pode ser realizada no consultório, com anestesia10 tópica e deve ser feita de forma gradual, iniciada após três a seis meses, dependendo da técnica de sutura12 utilizada. A recuperação visual é lenta e progressiva e pode demorar seis meses ou mais. As córneas doadas precisam passar por um controle rigoroso dos hospitais captadores e transplantadores, a fim de evitar a transmissão de doenças e para assegurar a boa qualidade do tecido13.

Como evolui o transplante de córnea1?

Os resultados dos transplantes de córnea1 dependem da causa que os motivou, mas costumam ser muito satisfatórios. Após um transplante, pode levar meses para a visão14 atingir seu melhor potencial, porém após algumas semanas o paciente já pode experimentar algumas melhoras.

Durante o período de recuperação devem ser evitadas atividades físicas ou esportivas como futebol, tênis, natação, levantar peso, etc.

O transplantado de córnea1 pode sofrer rejeição e essa possibilidade diminui ou aumenta, dependendo da causa que motivou o transplante. Nos casos de rejeição a córnea1 pode apresentar inicialmente um bom funcionamento e só posteriormente apresentar diminuição da visão14 e vermelhidão ocular. Grande parte das rejeições pode ser tratada com sucesso se forem diagnosticadas no início com a possibilidade de se realizar um segundo transplante. A maior parte das rejeições acontece no primeiro ano após o transplante, mas pode acontecer enquanto o paciente viver.

Quais são as complicações possíveis do transplante de córnea1?

A complicação principal do transplante de córnea1 é a possibilidade de ocorrer um astigmatismo15 residual. Outras complicações, de ordem geral, podem ser: infecções7, rejeição, glaucoma16, distorção pupilar e defeitos de cicatrização.

ABCMED, 2014. Transplante de córnea: definição, indicação, realização, evolução, possíveis complicações. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/saude-dos-olhos/545292/transplante-de-cornea-definicao-indicacao-realizacao-evolucao-possiveis-complicacoes.htm>. Acesso em: 20 nov. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Córnea: Membrana fibrosa e transparente presa à esclera, constituindo a parte anterior do olho.
2 Olho: s. m. (fr. oeil; ing. eye). Órgão da visão, constituído pelo globo ocular (V. este termo) e pelos diversos meios que este encerra. Está situado na órbita e ligado ao cérebro pelo nervo óptico. V. ocular, oftalm-. Sinônimos: Olhos
3 Cristalino: 1. Lente gelatinosa, elástica e convergente que focaliza a luz que entra no olho, formando imagens na retina. A distância focal do cristalino é modificada pelo movimento dos músculos ciliares, permitindo ajustar a visão para objetos próximos ou distantes. Isso se chama de acomodação do olho à distância do objeto. 2. Diz-se do grupo de cristais cujos eixos cristalográficos são iguais nas suas relações angulares gerais constantes 3. Diz-se de rocha constituída quase que totalmente por cristais ou fragmentos de cristais 4. Diz-se do que permite que passem os raios de luz e em consequência que se veja através dele; transparente. 5. Límpido, claro como o cristal.
4 Retina: Parte do olho responsável pela formação de imagens. É como uma tela onde se projetam as imagens: retém as imagens e as traduz para o cérebro através de impulsos elétricos enviados pelo nervo óptico. Possui duas partes: a retina periférica e a mácula.
5 Íris: Membrana arredondada, retrátil, diversamente pigmentada, com um orifício central, a pupila, que se situa na parte anterior do olho, por trás da córnea e à frente do cristalino. A íris é a estrutura que dá a cor ao olho. Ela controla a abertura da pupila, regulando a quantidade de luz que entra no olho.
6 Olhos:
7 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
8 Edema: 1. Inchaço causado pelo excesso de fluidos no organismo. 2. Acúmulo anormal de líquido nos tecidos do organismo, especialmente no tecido conjuntivo.
9 Distrofias: 1. Acúmulo de grande quantidade de matéria orgânica, mas poucos nutrientes, em corpos de água, como brejos e pântanos. 2. Na medicina, é qualquer problema de nutrição e o estado de saúde daí decorrente.
10 Anestesia: Diminuição parcial ou total da sensibilidade dolorosa. Pode ser induzida por diferentes medicamentos ou ser parte de uma doença neurológica.
11 Sistêmicos: 1. Relativo a sistema ou a sistemática. 2. Relativo à visão conspectiva, estrutural de um sistema; que se refere ou segue um sistema em seu conjunto. 3. Disposto de modo ordenado, metódico, coerente. 4. Em medicina, é o que envolve o organismo como um todo ou em grande parte.
12 Sutura: 1. Ato ou efeito de suturar. 2. Costura que une ou junta partes de um objeto. 3. Na anatomia geral, é um tipo de articulação fibrosa, em que os ossos são mantidos juntos por várias camadas de tecido conjuntivo denso; comissura (ocorre apenas entre os ossos do crânio). 4. Na anatomia botânica, é uma linha de espessura variável que se forma na região de fusão dos bordos de um carpelo (ou de dois ou mais carpelos concrescentes). 5. Em cirurgia, ato ou efeito de unir os bordos de um corte, uma ferida, uma incisão, com agulha e linha especial, para promover a cicatrização. 6. Na morfologia zoológica, nos insetos, qualquer sulco externo semelhante a uma linha.
13 Tecido: Conjunto de células de características semelhantes, organizadas em estruturas complexas para cumprir uma determinada função. Exemplo de tecido: o tecido ósseo encontra-se formado por osteócitos dispostos em uma matriz mineral para cumprir funções de sustentação.
14 Visão: 1. Ato ou efeito de ver. 2. Percepção do mundo exterior pelos órgãos da vista; sentido da vista. 3. Algo visto, percebido. 4. Imagem ou representação que aparece aos olhos ou ao espírito, causada por delírio, ilusão, sonho; fantasma, visagem. 5. No sentido figurado, concepção ou representação, em espírito, de situações, questões etc.; interpretação, ponto de vista. 6. Percepção de fatos futuros ou distantes, como profecia ou advertência divina.
15 Astigmatismo: Defeito de curvatura nas superfícies de refração do olho que produz transtornos de acuidade visual.
16 Glaucoma: É quando há aumento da pressão intra-ocular e danos ao nervo óptico decorrentes desse aumento de pressão. Esses danos se expressam no exame de fundo de olho e por alterações no campo de visão.
Gostou do artigo? Compartilhe!

Pergunte diretamente a um especialista

Sua pergunta será enviada aos especialistas do CatalogoMed, veja as dúvidas já respondidas.