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Saiba mais sobre as cardiopatias congênitas

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O que são cardiopatias congênitas1?

Cardiopatias congênitas1 (doenças cardíacas congênitas1) são uma forma genérica de referir-se às anormalidades na estrutura física ou funcional do coração2 que se formam durante a gestação e que, portanto, já estão presentes antes mesmo do nascimento. Costuma-se classificar também como cardiopatia congênita3 os defeitos das raízes dos grandes vasos sanguíneos4 que partem do coração2. Segundo a American Heart Association, esse defeito afeta cerca de uma em cada cem crianças, sendo uma das principais causas de óbito5 entre as malformações6 em recém-nascidos. Segundo o Ministério da Saúde7, no Brasil nascem por ano cerca de 24 mil crianças com cardiopatias congênitas1 e 19 mil delas necessitam de tratamento cirúrgico.

Quais são as cardiopatias congênitas1 mais comuns?

O coração2 normal é uma estrutura muscular, constituído por quatro câmaras, sendo duas delas do lado direito e duas do lado esquerdo, uma superior e uma inferior de cada lado. As câmaras superiores de cada lado são chamadas, respectivamente, átrio direito8 e átrio esquerdo9 e as inferiores chamadas ventrículo direito e ventrículo esquerdo. Cada átrio é separado do ventrículo do mesmo lado por válvulas, chamadas de tricúspide e mitral, respectivamente à direita e à esquerda. O átrio direito8 recebe o sangue10 venoso oriundo da periferia do corpo e o repassa, através da válvula tricúspide, ao ventrículo direito que, mediante contração de sua musculatura o impulsiona para os pulmões11, onde ele recebe o oxigênio da respiração e se torna, então, sangue10 arterial. Esse sangue10 oxigenado retorna ao átrio esquerdo9 do coração2 que o repassa ao ventrículo esquerdo através da válvula mitral, donde é bombeado no sentido da circulação12 periférica. O coração2 começa a ser formado já nas primeiras semanas de gestação. Durante o primeiro mês de formação do feto13 o coração2 é apenas um tubo, mas já começa a bater, impulsionando o sangue10. Os defeitos de formação do coração2 ocorrem, pois, ainda no útero14.

As cardiopatias congênitas1 mais comuns são: defeitos na formação das válvulas cardíacas, defeitos nas paredes entre os átrios e os ventrículos, gerando comunicações entre eles ou dos átrios e ventrículos entre si, persistência do canal arterial15 e formação de um ventrículo único. Pode haver também a combinação, num mesmo paciente, de mais de um defeito.

Quais são as causas das cardiopatias congênitas1?

As cardiopatias congênitas1 podem ter várias causas. Entre elas, alterações genéticas ou cromossômicas, uso de certos medicamentos, drogas ou álcool durante a gravidez16 e infecção17 viral materna, sobretudo a rubéola18, no período de formação anatômica do coração2 do feto13.

Quais são os principais sinais19 e sintomas20 das cardiopatias congênitas1?

Os sinais19 e sintomas20 de cardiopatia congênita3 variam muito, segundo a especificidade dela, mas como quase todas alteram igualmente a circulação12 e a separação entre o sangue10 venoso e o arterial, há muitos sintomas20 comuns: cianose21 (pele22 azulada), falta de ar, pneumonia23 de repetição, tosse, sudorese24, cansaço rápido, tonteiras ou desmaios, inchaço25 de tecidos ou órgãos, por disfunção do músculo cardíaco26 e modificações no formato do tórax27. Algumas cardiopatias congênitas1 podem gerar sintomas20 já ao nascer ou só mais tarde, na infância, ou mesmo só na idade adulta, como as coarctações da aorta28. Algumas cardiopatias congênitas1 podem, inclusive, nem gerar sintomas20 e passar despercebidas a vida toda, como certos desvios do septo ventricular.

Como o médico diagnostica as cardiopatias congênitas1?

É importante que o diagnóstico29 seja feito precocemente, ainda no útero14, porque isso permite um adequado planejamento e medidas terapêuticas imediatas, após o nascimento. Além dos sinais19 e sintomas20, exames de imagens podem ser de muita ajuda no diagnóstico29.

Como o médico trata as cardiopatias congênitas1?

O tratamento ideal é a correção cirúrgica do defeito estrutural. Conforme o caso, essa cirurgia precisa ser imediata; outras podem aguardar meses ou mesmo anos. Há, mesmo, aquelas que se curam sozinhas, com o tempo. Em alguns casos, a intervenção pode ser realizada ainda no útero14. Algumas vezes os sintomas20 podem ser provisórios ou permanentemente controlados por medicamentos ou outras medidas não cirúrgicas.

Como prevenir as cardiopatias congênitas1?

Um pré-natal bem feito, com estrita observância das indicações e contraindicações relativas à gestação e à manutenção de uma boa saúde7 durante a gravidez16 pode prevenir algumas cardiopatias. Para aquelas genéticas ou cromossômicas, nenhuma prevenção é possível.

Como evoluem as cardiopatias congênitas1?

A evolução das cardiopatias congênitas1 é muito variável. Algumas não alteram a qualidade de vida com o tempo, mas existem outras nas quais a vida extrauterina é impossível. Entre estes dois extremos há uma grande variação possível, contudo, há chances reais de correção para os mais complexos defeitos nas estruturas do coração2.

ABCMED, 2014. Saiba mais sobre as cardiopatias congênitas. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/saude-da-crianca/736417/saiba-mais-sobre-as-cardiopatias-congenitas.htm>. Acesso em: 19 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Congênitas: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
2 Coração: Órgão muscular, oco, que mantém a circulação sangüínea.
3 Congênita: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
4 Vasos Sanguíneos: Qualquer vaso tubular que transporta o sangue (artérias, arteríolas, capilares, vênulas e veias).
5 Óbito: Morte de pessoa; passamento, falecimento.
6 Malformações: 1. Defeito na forma ou na formação; anomalia, aberração, deformação. 2. Em patologia, é vício de conformação de uma parte do corpo, de origem congênita ou hereditária, geralmente curável por cirurgia. Ela é diferente da deformação (que é adquirida) e da monstruosidade (que é incurável).
7 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
8 Átrio Direito: Câmaras do coração às quais o SANGUE circulante retorna.
9 Átrio Esquerdo: Câmaras do coração às quais o SANGUE circulante retorna.
10 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
11 Pulmões: Órgãos do sistema respiratório situados na cavidade torácica e responsáveis pelas trocas gasosas entre o ambiente e o sangue. São em número de dois, possuem forma piramidal, têm consistência esponjosa e medem cerca de 25 cm de comprimento. Os pulmões humanos são divididos em segmentos denominados lobos. O pulmão esquerdo possui dois lobos e o direito possui três. Os pulmões são compostos de brônquios que se dividem em bronquíolos e alvéolos pulmonares. Nos alvéolos se dão as trocas gasosas ou hematose pulmonar entre o meio ambiente e o corpo, com a entrada de oxigênio na hemoglobina do sangue (formando a oxiemoglobina) e saída do gás carbônico ou dióxido de carbono (que vem da célula como carboemoglobina) dos capilares para o alvéolo.
12 Circulação: 1. Ato ou efeito de circular. 2. Facilidade de se mover usando as vias de comunicação; giro, curso, trânsito. 3. Movimento do sangue, fluxo de sangue através dos vasos sanguíneos do corpo e do coração.
13 Feto: Filhote por nascer de um mamífero vivíparo no período pós-embrionário, depois que as principais estruturas foram delineadas. Em humanos, do filhote por nascer vai do final da oitava semana após a CONCEPÇÃO até o NASCIMENTO, diferente do EMBRIÃO DE MAMÍFERO prematuro.
14 Útero: Orgão muscular oco (de paredes espessas), na pelve feminina. Constituído pelo fundo (corpo), local de IMPLANTAÇÃO DO EMBRIÃO e DESENVOLVIMENTO FETAL. Além do istmo (na extremidade perineal do fundo), encontra-se o COLO DO ÚTERO (pescoço), que se abre para a VAGINA. Além dos istmos (na extremidade abdominal superior do fundo), encontram-se as TUBAS UTERINAS.
15 Canal Arterial: Vaso sangüíneo fetal que conecta a artéria pulmonar à aorta descendente.
16 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
17 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
18 Rubéola: Doença infecciosa imunoprevenível de transmissão respiratória. Causada pelo vírus da rubéola. Resulta em manifestações discretas ou é assintomática. Quando ocorrem, as manifestações clínicas mais comuns são febre baixa, aumento dos gânglios do pescoço, manchas avermelhadas na pele, 70% das mulheres apresentam artralgia e artrite. Geralmente tem evolução benigna, é mais comum em crianças e resulta em imunidade permanente. Durante a gravidez, a infecção pelo vírus da rubéola pode resultar em aborto, parto prematuro e mal-formações congênitas.
19 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
20 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
21 Cianose: Coloração azulada da pele e mucosas. Pode significar uma falta de oxigenação nos tecidos.
22 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
23 Pneumonia: Inflamação do parênquima pulmonar. Sua causa mais freqüente é a infecção bacteriana, apesar de que pode ser produzida por outros microorganismos. Manifesta-se por febre, tosse, expectoração e dor torácica. Em pacientes idosos ou imunodeprimidos pode ser uma doença fatal.
24 Sudorese: Suor excessivo
25 Inchaço: Inchação, edema.
26 Músculo Cardíaco: Tecido muscular do CORAÇÃO. Composto de células musculares estriadas e involuntárias (MIÓCITOS CARDÍACOS) conectadas, que formam a bomba contrátil geradora do fluxo sangüíneo.
27 Tórax: Parte superior do tronco entre o PESCOÇO e o ABDOME; contém os principais órgãos dos sistemas circulatório e respiratório. (Tradução livre do original Sinônimos: Peito; Caixa Torácica
28 Aorta: Principal artéria do organismo. Surge diretamente do ventrículo esquerdo e através de suas ramificações conduz o sangue a todos os órgãos do corpo.
29 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
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