Toracoscopia - como é o procedimento?
O que é toracoscopia?
Toracoscopia é um procedimento médico em que um endoscópio é introduzido através da parede do tórax1 para visualizar o espaço dentro do tórax1, fora dos pulmões2. Pode-se usar a toracoscopia tanto para visualização quanto para procedimentos terapêuticos ou diagnósticos (biópsias3).
A toracoscopia médica foi realizada inicialmente em 1910 pelo médico sueco Hans-Christian Jacobaeus. Durante as décadas de 1950 e 1960, ela ganhou popularidade entre os pneumologistas por causa da tuberculose4 endêmica nos Estados Unidos.
Por que fazer uma toracoscopia?
Comumente, a toracoscopia é usada para:
- Avaliação de derrames pleurais e de diversas lesões5 pleurais e pulmonares.
- Pleurodese, que produz fibrose6 pleural em pacientes com derrames pleurais recorrentes, por meios químicos ou mecânicos, obliterando o espaço pleural e prevenindo as recorrências7.
- Fazer loculações em pacientes com empiema8.
Menos comumente, ela pode ser usada, entre outras finalidades, para:
- Corrigir o pneumotórax9 primário espontâneo.
- Retirar material para biópsia10.
- Excisão de massas mediastinais benignas.
- Retirar material para biópsia10 e estadiamento do câncer11 de esôfago12.
- Simpatectomia.
- Reparo de lesões5 traumáticas no pulmão13, pleura14 ou diafragma15.
Em resumo, uma toracoscopia visa descobrir por que o paciente está tendo problemas pulmonares ou objetiva tratar pequenos tumores já identificados.
Veja também sobre "Pneumonia16 em adultos - Parte I" e "Pneumonia16 em adultos - Parte II".
Por que não fazer uma toracoscopia?
A toracoscopia tem contraindicações absolutas naqueles casos em que há falta de espaço pleural por empiema8 avançado, espessamento das lâminas pleurais de etiologia17 desconhecida, suspeita de mesotelioma em que as lâminas pleurais estejam fundidas ou onde tenha havido uma pleurodese (fusão das lâminas pleurais) de qualquer outra etiologia17.
Algumas contraindicações são relativas e compreendem impossibilidade de tolerar o decúbito lateral18, instabilidade hemodinâmica19, presença de muito baixa oxigenação sanguínea (hipoxemia20), diátese hemorrágica21, hipertensão22 pulmonar, tosse refratária, hipersensibilidade a drogas e mal estado geral.
A toracoscopia também não deve ser realizada após um infarto do miocárdio23 recente ou em face24 de arritmia25 cardíaca grave. O paciente deve estar livre de infecção26, a menos que um empiema8 tenha sido a indicação para a realização da toracoscopia.
A toracoscopia para biópsia10 pulmonar é contraindicada se houver a suspeita de aneurisma27 arteriovenoso, tumores vasculares28 e cistos hidáticos.
Uma redução acentuada do estado geral de saúde29 também é uma contraindicação relevante.
Vários outros fatores podem tornar necessário adiar o procedimento, mas raramente são proibitivos, por exemplo, tosse persistente, febre30 ou um estado cardiovascular instável.
Como se realiza a toracoscopia?
A toracoscopia é um procedimento invasivo (“minimamente invasivo”) e só deve ser usada quando outros métodos mais simples não resultam em um diagnóstico31 ou quando medidas terapêuticas menos invasivas não estão disponíveis ou são menos promissoras. A relação risco/benefício deve ser avaliada de modo particular para cada indivíduo.
Para realizar a toracoscopia, o médico especialista precisa conhecer bem a anatomia topográfica do tórax1, a fisiopatologia32 e a patologia33 das doenças respiratórias, sua abordagem diagnóstica e as opções de tratamento, bem como as contraindicações e possíveis complicações do procedimento. Ele também deve conhecer os detalhes da técnica de toracoscopia, incluindo todos os instrumentos utilizados, as diferentes opções de acesso ao espaço pleural, a técnica de coagulação34, etc. Além disso, ele deve ter certas habilidades quanto ao diagnóstico31 e tratamento de doenças respiratórias, em particular doenças pleurais.
Antes da toracoscopia, o médico fará um exame físico completo e pedirá radiografias de tórax1 póstero-anterior e lateral, complementadas com uma tomografia computadorizada35 ou ultrassonografia36, que também fornecem a base para determinar o ponto ideal de inserção do toracoscópio. Essas técnicas muitas vezes também comprovam ou excluem a presença de espessamento pleural, o que seria uma contraindicação para toracoscopia.
Não é necessária nenhuma preparação especial para a toracoscopia: apenas rotinas simples e bem conhecidas para procedimentos desse tipo. O paciente deve manter um jejum de pelo menos 8 horas prévias ao procedimento e informar ao médico sobre as medicações que esteja usando. Toda medicação anticoagulante37 deve ser suspensa pelo menos duas semanas antes do procedimento.
A toracoscopia consiste na realização de uma incisão38 com um bisturi na parede torácica39, por onde é introduzido o endoscópio. Isso pode ser realizado sob anestesia40 geral ou sob sedação41 com anestésico local, dependendo do caso. O endoscópio é um equipamento médico que possui uma câmera de vídeo em sua extremidade (daí a designação de videotoracoscopia também dada ao procedimento) e alguns instrumentos cirúrgicos.
A toracoscopia é um procedimento seguro se o paciente for avaliado cuidadosamente, se forem observadas as contraindicações e se as complicações forem evitadas.
Se o paciente foi submetido à anestesia40 geral e foi intubado, depois do procedimento pode sentir dor de garganta42, tosse ou rouquidão e dor ou dormência43 nos locais onde os cortes foram feitos. Se o procedimento foi feito em ambulatório, o paciente provavelmente poderá voltar para casa depois de algumas horas. Provavelmente precisará de alguém para ajudá-lo, por causa dos efeitos sedativos dos medicamentos ou anestesia40 que recebeu e que ainda persistam. Se o procedimento foi feito sob anestesia40 geral, provavelmente o paciente permanecerá no hospital por alguns dias.
Leia sobre "Derrame44 pleural", "Toracocentese45" e "Câncer11 de pulmão13".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da American Cancer Society e do NIH – National Institutes of Health (USA).
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.