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Autópsia - como é o procedimento?

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O que é uma autópsia1?

A autópsia1 (auto = próprio + opsis = visão2), ou necrópsia, ou ainda necropsia3 (necro = morte + opsis = visão2) é um procedimento médico (um exame cirúrgico) que consiste em examinar um cadáver e seus órgãos para determinar a causa e o modo da sua morte e avaliar qualquer doença ou ferimento que possa estar presente. Às vezes, é utilizada também para fins de estudos. Grande parte das autópsias pertence ao âmbito da medicina legal.

Por que realizar uma autópsia1?

Uma autópsia1 é realizada por um médico especializado (legista), em um local apropriado, denominado necrotério. Uma autópsia1 quase sempre é realizada com finalidades legais ou médicas, em casos em que a causa da morte não esteja bem esclarecida. As autópsias podem ser realizadas para determinar se a morte foi natural ou não natural, estabelecer as causas da morte, estimar o tempo decorrido de morte, para estabelecer a identidade do falecido ou recolher órgãos saudáveis para transplantes.

Uma autópsia1 forense4 pode ser realizada quando a causa da morte foi uma questão criminal. Ela pode ocorrer imediatamente após a morte e antes do sepultamento ou por meio de exumação5 do cadáver, tempos depois do sepultamento.

Uma autópsia1 clínica ou acadêmica pode ser realizada se as causas da morte forem desconhecidas ou incertas, ou ser levada a efeito para fins de diagnóstico6 ou de pesquisa.

Uma autópsia1 compreende tanto um exame externo como um exame interno do cadáver, para o que é necessário que o corpo seja dissecado. Quando a autópsia1 interna é concluída, o corpo deve ser reconstituído. Salvo em casos de mandado judicial, a permissão de parentes próximos é necessária para autópsia1 interna.

Quais são os tipos de autópsia1?

Existem quatro tipos principais de autópsia1 quanto à sua finalidade:

  1. Autópsias forenses: procuram encontrar a causa e a forma da morte e identificar o falecido. Geralmente são realizadas em casos de mortes violentas, suspeitas ou súbitas, mortes sem assistência médica ou durante procedimentos cirúrgicos.
  2. Autópsias clínicas ou patológicas: realizadas para diagnosticar uma doença específica ou para fins de pesquisa. Elas visam determinar, esclarecer ou confirmar diagnósticos médicos que permaneciam desconhecidos ou obscuros antes da morte do paciente.
  3. Autópsias anatômicas ou acadêmicas: realizadas por estudantes de anatomia apenas para fins de estudo.
  4. Autópsias virtuais: realizadas utilizando apenas tecnologia de imagem, principalmente imagem por ressonância magnética7 e tomografia computadorizada8.

Uma autópsia1 forense4 é realizada para determinar a causa da morte e maneira como ela ocorreu. O médico legista tenta determinar a hora da morte, a sua causa exata e o que a precedeu. Ela pode também propiciar a aquisição de amostras biológicas do corpo do falecido, incluindo o conteúdo estomacal, para exames toxicológicos. Em várias circunstâncias isso ajuda o judiciário a estabelecer dados precisos sobre os fatos, o que pode ser de grande interesse em muitos processos.

As autópsias clínicas têm dois objetivos principais:

  • Obter mais informações sobre os processos patológicos.
  • Determinar quais fatores contribuíram para a morte de um paciente.

As autópsias podem fornecer informações sobre as doenças e como as mortes de pacientes podem ser evitadas no futuro. Autópsias clínicas só podem ser realizadas com o consentimento da família da pessoa falecida.

Leia também sobre "Ideação suicida", "Suicídio", "Suicídio na adolescência" e "Parada cardíaca".

Qual é o procedimento médico em uma autópsia1?

O corpo deve ser levado ao necrotério dentro de uma bolsa especial, que na verdade é um saco para cadáveres, para garantir que nenhuma evidência ou sinal9 seja perdido. Se houver sinais10 especiais nas mãos11 (resíduos de armas de fogo, pele12 sob as unhas13, etc.), um saco de papel deve ser colocado em cada mão14 e fechado com fita adesiva em volta do pulso.

O corpo passará então por dois tipos de exames físicos: (1) exame externo e (2) exame interno. Esses exames frequentemente são complementados por exames toxicológicos, bioquímicos e/ou genéticos. Amostras de cabelo15, unhas13 ou outras partes devem ser recolhidas e o corpo também pode passar por imagens radiográficas. Os procedimentos variarão segundo a finalidade com que se realize a autópsia1, se forense4, clínica ou outra.

Exame externo

Primeiramente, deve ser feita uma inspeção16 geral. Uma descrição geral do corpo deve mencionar o grupo étnico, sexo, idade presumível, cor e comprimento do cabelo15, cor dos olhos17 e outras características distintivas (marcas de nascença, tecido18 cicatricial antigo, pintas, tatuagens, entre outros). O médico observará o tipo de roupa e sua posição no corpo antes de serem removidas e anotará qualquer outro sinal9, como a presença se sangue19, manchas de tinta, manchas na pele12, etc.

Qualquer ferimento deve ser observado e registrado. A luz ultravioleta também pode ser usada para pesquisar as superfícies do corpo em busca de qualquer sinal9 que não seja facilmente visível a olho20 nu. O corpo pode ser fotografado como meio de registrar as observações. Depois que a inspeção16 externa é concluída e os materiais pertinentes são recolhidos, o corpo é pesado e medido em preparação para o exame interno.

Exame interno

Esse exame consiste em inspecionar os órgãos internos do corpo e fazer dissecações em busca de sinais10 significativos. O corpo é aberto por uma incisão21 que permita acesso aos órgãos e que não fique visível quando o falecido estiver vestido com uma mortalha. Uma tesoura é usada para abrir a cavidade torácica e expor o coração22 e os pulmões23. O saco pericárdico é aberto para visualização do coração22. O sangue19 para análise química pode ser retirado das veias24 pulmonares.

Os órgãos abdominais podem ser removidos um a um, após primeiro exame de suas relações. Os diversos órgãos são examinados, pesados e são retiradas amostras de tecido18 para serem posteriormente examinadas. Nesta fase, os principais vasos sanguíneos25 são abertos e inspecionados, assim como os conteúdos do estômago26 e intestino.

Para examinar o cérebro27, uma incisão21 é feita sobre o topo da cabeça28, desde um ponto atrás de uma das orelhas29 até um ponto atrás da outra orelha30. O crânio31 é então cortado com uma serra apropriada para criar uma "tampa" que pode ser retirada, expondo o cérebro27 à observação direta. É incomum examinar o rosto, braços, mãos11 ou pernas internamente, mas isso é feito em casos específicos ou mediante requerimento.

Reconstituição do corpo

A reconstituição do corpo é uma das etapas importantes de uma autópsia1, de forma que possa ser visto pelos parentes do falecido ou por demais pessoas num eventual velório. Todos os órgãos e tecidos devem ser devolvidos ao corpo, a menos que a família dê permissão para reter qualquer tecido18 para investigação posterior. A calota craniana retirada é reposta em seu lugar. As incisões32 são então fechadas e costuradas de volta no lugar. É comum que as pessoas não percebam que o procedimento foi realizado, quando o corpo é visto em uma funerária após o embalsamamento.

Artigos relacionados: "Estado vegetativo", "Doação de órgãos" e "Transplante de órgãos".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Encyclopedia Britannica e da Johns Hopkins Medicine.

ABCMED, 2021. Autópsia - como é o procedimento?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/exames-e-procedimentos/1395345/autopsia-como-e-o-procedimento.htm>. Acesso em: 19 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Autópsia: 1. Em medicina legal, necropsia ou autópsia é o exame minucioso de um cadáver, realizado por especialista qualificado, para determinar o momento e a causa da morte. 2. Exame, inspeção de si próprio. No sentido figurado, é uma análise minuciosa; crítica severa.
2 Visão: 1. Ato ou efeito de ver. 2. Percepção do mundo exterior pelos órgãos da vista; sentido da vista. 3. Algo visto, percebido. 4. Imagem ou representação que aparece aos olhos ou ao espírito, causada por delírio, ilusão, sonho; fantasma, visagem. 5. No sentido figurado, concepção ou representação, em espírito, de situações, questões etc.; interpretação, ponto de vista. 6. Percepção de fatos futuros ou distantes, como profecia ou advertência divina.
3 Necropsia: 1. Em medicina legal, necropsia ou autópsia é o exame minucioso de um cadáver, realizado por especialista qualificado, para determinar o momento e a causa da morte. 2. Exame, inspeção de si próprio. No sentido figurado, é uma análise minuciosa; crítica severa.
4 Forense: 1. Relativo a foro; próprio do foro; que se usa no foro. 2. Relativo aos tribunais e à justiça; jurídico, judiciário, judicial.
5 Exumação: Ato ou efeito de exumar ou desenterrar.
6 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
7 Ressonância magnética: Exame que fornece imagens em alta definição dos órgãos internos do corpo através da utilização de um campo magnético.
8 Tomografia computadorizada: Exame capaz de obter imagens em tons de cinza de “fatias†de partes do corpo ou de órgãos selecionados, as quais são geradas pelo processamento por um computador de uma sucessão de imagens de raios X de alta resolução em diversos segmentos sucessivos de partes do corpo ou de órgãos.
9 Sinal: 1. É uma alteração percebida ou medida por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida. 2. Som ou gesto que indica algo, indício. 3. Dinheiro que se dá para garantir um contrato.
10 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
11 Mãos: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.
12 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
13 Unhas: São anexos cutâneos formados por células corneificadas (queratina) que formam lâminas de consistência endurecida. Esta consistência dura, confere proteção à extremidade dos dedos das mãos e dos pés. As unhas têm também função estética. Apresentam crescimento contínuo e recebem estímulos hormonais e nutricionais diversos.
14 Mão: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.
15 Cabelo: Estrutura filamentosa formada por uma haste que se projeta para a superfície da PELE a partir de uma raiz (mais macia que a haste) e se aloja na cavidade de um FOLÍCULO PILOSO. É encontrado em muitas áreas do corpo.
16 Inspeção: 1. Ato ou efeito de inspecionar; exame, vistoria, inspecionamento. 2. Ato ou efeito de fiscalizar; fiscalização, supervisão, observação. 3. Exame feito por inspetor (es).
17 Olhos:
18 Tecido: Conjunto de células de características semelhantes, organizadas em estruturas complexas para cumprir uma determinada função. Exemplo de tecido: o tecido ósseo encontra-se formado por osteócitos dispostos em uma matriz mineral para cumprir funções de sustentação.
19 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
20 Olho: s. m. (fr. oeil; ing. eye). Órgão da visão, constituído pelo globo ocular (V. este termo) e pelos diversos meios que este encerra. Está situado na órbita e ligado ao cérebro pelo nervo óptico. V. ocular, oftalm-. Sinônimos: Olhos
21 Incisão: 1. Corte ou golpe com instrumento cortante; talho. 2. Em cirurgia, intervenção cirúrgica em um tecido efetuada com instrumento cortante (bisturi ou bisturi elétrico); incisura.
22 Coração: Órgão muscular, oco, que mantém a circulação sangüínea.
23 Pulmões: Órgãos do sistema respiratório situados na cavidade torácica e responsáveis pelas trocas gasosas entre o ambiente e o sangue. São em número de dois, possuem forma piramidal, têm consistência esponjosa e medem cerca de 25 cm de comprimento. Os pulmões humanos são divididos em segmentos denominados lobos. O pulmão esquerdo possui dois lobos e o direito possui três. Os pulmões são compostos de brônquios que se dividem em bronquíolos e alvéolos pulmonares. Nos alvéolos se dão as trocas gasosas ou hematose pulmonar entre o meio ambiente e o corpo, com a entrada de oxigênio na hemoglobina do sangue (formando a oxiemoglobina) e saída do gás carbônico ou dióxido de carbono (que vem da célula como carboemoglobina) dos capilares para o alvéolo.
24 Veias: Vasos sangüíneos que levam o sangue ao coração.
25 Vasos Sanguíneos: Qualquer vaso tubular que transporta o sangue (artérias, arteríolas, capilares, vênulas e veias).
26 Estômago: Órgão da digestão, localizado no quadrante superior esquerdo do abdome, entre o final do ESÔFAGO e o início do DUODENO.
27 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
28 Cabeça:
29 Orelhas: Sistema auditivo e de equilíbrio do corpo. Consiste em três partes
30 Orelha: Sistema auditivo e de equilíbrio do corpo. Consiste em três partes
31 Crânio: O ESQUELETO da CABEÇA; compreende também os OSSOS FACIAIS e os que recobrem o CÉREBRO. Sinônimos: Calvaria; Calota Craniana
32 Incisões: 1. Corte ou golpe com instrumento cortante; talho. 2. Em cirurgia, intervenção cirúrgica em um tecido efetuada com instrumento cortante (bisturi ou bisturi elétrico); incisura.
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