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Comportamento da glicose no sangue

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A glicose1

A glicose1 é o mais simples dos carboidratos, sendo um monossacarídeo usado pelo organismo como a principal fonte de energia para o corpo. A glicose1 é obtida através dos alimentos doces (frutas, refrigerante, bolo, pudim, etc.), dos amidos (batata, mandioca, farinha, arroz, milho, entre outros) e também dos carboidratos (pão, cereais, massas, etc.).

Enquanto a glicose1 encontrada nesses alimentos leva poucos segundos para ser metabolizada, as moléculas dos demais alimentos demoram até uma hora para serem "quebradas". Mas, a glicose1 não está sozinha, outros monossacarídeos incluem a frutose2, a galactose3 e a ribose.

Saiba mais sobre "Como agem os carboidratos", "Dieta Low Carb" e "Frutose2".

A glicose1 no corpo e no sangue4

Quando a pessoa se alimenta, o corpo “avisa” ao pâncreas5 que ele precisa liberar insulina6 para lidar com o aumento do nível de açúcar7 no sangue4. Algumas pessoas, no entanto, não podem confiar em seu pâncreas5 para realizar o trabalho que ele deveria fazer normalmente. Neste caso, as pessoas sofrem de diabetes mellitus8 e precisam de injeções de insulina6 para processar e regular a glicose1 no corpo.

Outra causa do diabetes9 é a resistência à insulina10, situação em que o fígado11 não reconhece a insulina6 que está no corpo e continua a produzir quantidades inadequadas de glicose1. Assim, o nível normal de glicose1 presente no sangue4, medido através da análise do sangue4 recolhido em jejum, torna-se maior do que normalmente deveria ser (entre 70 a 99 mg/dl12). Níveis de glicose1 fora desses parâmetros, para mais ou para menos, podem ter efeitos graves, permanentes e sérios para o organismo.

Depois que se come, a glicose1 no sangue4 aumenta rapidamente. De toda a glicose1 ingerida, o organismo humano utiliza apenas a quantidade necessária e armazena o restante. O aumento pós-prandial da glicemia13 (taxa de glicose1 no sangue4) faz com que o pâncreas5 liberte insulina6 na corrente sanguínea, a qual “diz” às células14 para se abrirem e permitirem a entrada da glicose1.

Uma vez dentro das células14, a glicose1 é convertida em energia ou armazenada nos músculos15, células14 de gordura16 e fígado11, para ser usada mais tarde. A parte armazenada no fígado11 é transformada em glicogênio17, o excedente do qual é enviado para a corrente sanguínea. Sem insulina6, o corpo não pode usar ou armazenar glicose1 como energia e ela permanece no sangue4.

Leia sobre "Diabetes mellitus8", "Glicemia de jejum18", "Comportamento da glicemia13" e "Glicemia pós-prandial19".

Quais os efeitos maléficos da glicose1 no sangue4?

Se uma hiperglicemia20 (alto nível de glicose1 no sangue4) permanecer no sangue4 de forma continuada, isso pode ser indicativo de diabetes9, o que, como dito, acontece quando o pâncreas5 não consegue produzir a quantidade de insulina6 suficiente para processar a glicose1 ou há uma resistência à insulina10, em que o fígado11 não reconhece a insulina6 que está no sangue4 e continua a produzir quantidades inadequadas de glicose1.

O excesso de glicose1 no sangue4 também pode ser transformado em triglicerídeos e armazenado em forma de gordura16. Este excesso de glicose1 também leva à obesidade21, aterosclerose22 e outras doenças cardiovasculares23.

Se o corpo não produz insulina6 suficiente, isso pode resultar na liberação de ácidos graxos livres das reservas de gordura16 e pode levar a uma condição chamada cetoacidose. As cetonas, produtos residuais criados quando o fígado11 decompõe a gordura16, podem ser tóxicas em grandes quantidades.

Um nível baixo de glicose1 (menor de 70 mg/dL12) é conhecido como hipoglicemia24, e tem o potencial de ser muito grave. A hipoglicemia24 pode ocorrer quando a medicação para diabetes9 está inadequada e também quando as pessoas estão comendo menos do que o normal e se exercitando excessivamente. É possível que o baixo nível de açúcar7 no sangue4 resulte em perda de consciência.

Veja sobre "Triglicerídeos", "Hipoglicemia24" e "Cetoacidose diabética25".

Como o médico trata o aumento ou a diminuição da glicose1 no sangue4?

Um alto nível de açúcar7 no sangue4 é chamado hiperglicemia20. Um indivíduo com um nível entre 100 e 126 mg/dl12 é considerado levemente hiperglicêmico, enquanto acima de 126 mg/dl12 geralmente tem diabetes9. A hiperglicemia20 aguda pode ser tratada pela administração direta de insulina6 na maioria dos casos. A hiperglicemia20 crônica, sobretudo do diabetes tipo 226, pode ser tratada com terapia hipoglicemiante27 oral e modificação do estilo de vida. Essas condutas devem sempre ser orientadas por um médico endocrinologista28 e acompanhadas de perto por ele.

Um nível baixo de açúcar7 no sangue4 é chamado hipoglicemia24. Frequentemente ela está relacionada ao tratamento do diabetes9, mas em raras condições pode ocorrer em pessoas sem diabetes9, devido ao uso de medicamentos, consumo excessivo de álcool, doenças graves do fígado11, distúrbios do rim29, inanição a longo prazo, superprodução de insulina6 por um tumor30 do pâncreas5, deficiências hormonais e hipoglicemia24 que ocorre após as refeições (hipoglicemias pós-prandiais), porque o corpo produz mais insulina6 do que o necessário. O tratamento da hipoglicemia24 envolve passos rápidos para recuperar o nível de açúcar7 no sangue4, com alimentos ou bebidas com alto teor de açúcar7.

Quais são as complicações possíveis do aumento da glicose1 no sangue4?

Existem consequências a longo prazo para os níveis de glicose1 não controlados, incluindo neuropatia31, doença cardíaca, cegueira, infecções32 de pele33, problemas nas articulações34 e nas extremidades, especialmente nos pés, desidratação35 grave e coma36.

Outras complicações graves incluem cetoacidose diabética25 e síndrome37 hiperosmolar38 hiperglicêmica, ambas relacionadas ao diabetes9.

Leia também sobre "Neuropatia31 diabética", "Pé diabético" e "Coma36 hiperosmolar38 hiperglicêmico".

 

ABCMED, 2018. Comportamento da glicose no sangue. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/diabetes-mellitus/1325188/comportamento-da-glicose-no-sangue.htm>. Acesso em: 9 dez. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Glicose: Uma das formas mais simples de açúcar.
2 Frutose: Açúcar encontrado naturalmente em frutas e mel. A frutose encontrada em alimentos processados é derivada do milho. Contém quatro calorias por grama.
3 Galactose: 1. Produção de leite pela glândula mamária. 2. Monossacarídeo usualmente encontrado em oligossacarídeos de origem vegetal e animal e em polissacarídeos, usado em síntese orgânica e, em medicina, no auxílio ao diagnóstico da função hepática.
4 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
5 Pâncreas: Órgão nodular (no ABDOME) que abriga GLÂNDULAS ENDÓCRINAS e GLÂNDULAS EXÓCRINAS. A pequena porção endócrina é composta pelas ILHOTAS DE LANGERHANS, que secretam vários hormônios na corrente sangüínea. A grande porção exócrina (PÂNCREAS EXÓCRINO) é uma glândula acinar composta, que secreta várias enzimas digestivas no sistema de ductos pancreáticos (que desemboca no DUODENO).
6 Insulina: Hormônio que ajuda o organismo a usar glicose como energia. As células-beta do pâncreas produzem insulina. Quando o organismo não pode produzir insulna em quantidade suficiente, ela é usada por injeções ou bomba de insulina.
7 Açúcar: 1. Classe de carboidratos com sabor adocicado, incluindo glicose, frutose e sacarose. 2. Termo usado para se referir à glicemia sangüínea.
8 Diabetes mellitus: Distúrbio metabólico originado da incapacidade das células de incorporar glicose. De forma secundária, podem estar afetados o metabolismo de gorduras e proteínas.Este distúrbio é produzido por um déficit absoluto ou relativo de insulina. Suas principais características são aumento da glicose sangüínea (glicemia), poliúria, polidipsia (aumento da ingestão de líquidos) e polifagia (aumento da fome).
9 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
10 Resistência à insulina: Inabilidade do corpo para responder e usar a insulina produzida. A resistência à insulina pode estar relacionada à obesidade, hipertensão e altos níveis de colesterol no sangue.
11 Fígado: Órgão que transforma alimento em energia, remove álcool e toxinas do sangue e fabrica bile. A bile, produzida pelo fígado, é importante na digestão, especialmente das gorduras. Após secretada pelas células hepáticas ela é recolhida por canalículos progressivamente maiores que a levam para dois canais que se juntam na saída do fígado e a conduzem intermitentemente até o duodeno, que é a primeira porção do intestino delgado. Com esse canal biliar comum, chamado ducto hepático, comunica-se a vesícula biliar através de um canal sinuoso, chamado ducto cístico. Quando recebe esse canal de drenagem da vesícula biliar, o canal hepático comum muda de nome para colédoco. Este, ao entrar na parede do duodeno, tem um músculo circular, designado esfíncter de Oddi, que controla o seu esvaziamento para o intestino.
12 Mg/dL: Miligramas por decilitro, unidade de medida que mostra a concentração de uma substância em uma quantidade específica de fluido.
13 Glicemia: Valor de concentração da glicose do sangue. Seus valores normais oscilam entre 70 e 110 miligramas por decilitro de sangue (mg/dl).
14 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
15 Músculos: Tecidos contráteis que produzem movimentos nos animais.
16 Gordura: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Os alimentos que fornecem gordura são: manteiga, margarina, óleos, nozes, carnes vermelhas, peixes, frango e alguns derivados do leite. O excesso de calorias é estocado no organismo na forma de gordura, fornecendo uma reserva de energia ao organismo.
17 Glicogênio: Polissacarídeo formado a partir de moléculas de glicose, utilizado como reserva energética e abundante nas células hepáticas e musculares.
18 Glicemia de jejum: Teste que checa os níveis de glicose após um período de jejum de 8 a 12 horas (frequentemente dura uma noite). Este teste é usado para diagnosticar o pré-diabetes e o diabetes. Também pode ser usado para monitorar pessoas com diabetes.
19 Glicemia pós-prandial: Teste de glicose feito entre 1 a 2 horas após refeição.
20 Hiperglicemia: Excesso de glicose no sangue. Hiperglicemia de jejum é o nível de glicose acima dos níveis considerados normais após jejum de 8 horas. Hiperglicemia pós-prandial acima de níveis considerados normais após 1 ou 2 horas após alimentação.
21 Obesidade: Condição em que há acúmulo de gorduras no organismo além do normal, mais severo que o sobrepeso. O índice de massa corporal é igual ou maior que 30.
22 Aterosclerose: Tipo de arteriosclerose caracterizado pela formação de placas de ateroma sobre a parede das artérias.
23 Doenças cardiovasculares: Doença do coração e vasos sangüíneos (artérias, veias e capilares).
24 Hipoglicemia: Condição que ocorre quando há uma queda excessiva nos níveis de glicose, freqüentemente abaixo de 70 mg/dL, com aparecimento rápido de sintomas. Os sinais de hipoglicemia são: fome, fadiga, tremores, tontura, taquicardia, sudorese, palidez, pele fria e úmida, visão turva e confusão mental. Se não for tratada, pode levar ao coma. É tratada com o consumo de alimentos ricos em carboidratos como pastilhas ou sucos com glicose. Pode também ser tratada com uma injeção de glucagon caso a pessoa esteja inconsciente ou incapaz de engolir. Também chamada de reação à insulina.
25 Cetoacidose diabética: Complicação aguda comum do diabetes melito, é caracterizada pela tríade de hiperglicemia, cetose e acidose. Laboratorialmente se caracteriza por pH arterial 250 mg/dl, com moderado grau de cetonemia e cetonúria. Esta condição pode ser precipitada principalmente por infecções, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular encefálico, trauma e tratamento inadequado do diabetes. Os sinais clínicos da cetoacidose são náuseas, vômitos, dor epigástrica (no estômago), hálito cetônico e respiração rápida. O não-tratamento desta condição pode levar ao coma e à morte.
26 Diabetes tipo 2: Condição caracterizada por altos níveis de glicose causada tanto por graus variáveis de resistência à insulina quanto por deficiência relativa na secreção de insulina. O tipo 2 se desenvolve predominantemente em pessoas na fase adulta, mas pode aparecer em jovens.
27 Hipoglicemiante: Medicamento que contribui para manter a glicose sangüínea dentro dos limites normais, sendo capaz de diminuir níveis de glicose previamente elevados.
28 Endocrinologista: Médico que trata pessoas que apresentam problemas nas glândulas endócrinas.
29 Rim: Os rins são órgãos em forma de feijão que filtram o sangue e formam a urina. Os rins são localizados na região posterior do abdômen, um de cada lado da coluna vertebral.
30 Tumor: Termo que literalmente significa massa ou formação de tecido. É utilizado em geral para referir-se a uma formação neoplásica.
31 Neuropatia: Doença do sistema nervoso. As três principais formas de neuropatia em pessoas diabéticas são a neuropatia periférica, neuropatia autonômica e mononeuropatia. A forma mais comum é a neuropatia periférica, que afeta principalmente pernas e pés.
32 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
33 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
34 Articulações:
35 Desidratação: Perda de líquidos do organismo pelo aumento importante da freqüência urinária, sudorese excessiva, diarréia ou vômito.
36 Coma: 1. Alteração do estado normal de consciência caracterizado pela falta de abertura ocular e diminuição ou ausência de resposta a estímulos externos. Pode ser reversível ou evoluir para a morte. 2. Presente do subjuntivo ou imperativo do verbo “comer.“
37 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
38 Hiperosmolar: A osmolaridade do plasma do sangue reflete a concentração de certas substâncias como a glicose, as proteínas, etc. Por exemplo, quando os valores da hiperglicemia são muito elevados, há um aumento da concentração de glicose no sangue, ou seja, há uma hiperosmolaridade.
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