Gostou do artigo? Compartilhe!

Avanços recentes no tratamento do diabetes

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie este artigo

O diabetes mellitus1 é uma condição crônica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, caracterizado por hiperglicemia2 persistente, decorrente da produção insuficiente de insulina3 ou de sua utilização ineficaz pelo organismo. Nos últimos anos, houve avanços significativos no tratamento tanto do diabetes tipo 14 quanto do diabetes tipo 25, transformando a forma como os pacientes gerenciam a doença e oferecendo maior qualidade de vida, melhores desfechos clínicos e perspectivas de terapias mais personalizadas.

Tecnologias inovadoras para monitoramento e administração de insulina3

Um dos campos mais dinâmicos no tratamento do diabetes6 é o desenvolvimento de tecnologias para monitoramento contínuo de glicose7 e administração automatizada de insulina3.

Sensores modernos de monitoramento contínuo de glicose7 tornaram-se ferramentas indispensáveis para pacientes8, permitindo a leitura em tempo real dos níveis glicêmicos sem necessidade de punções digitais frequentes. Esses dispositivos, agora menores, mais precisos e com maior duração de uso, integram-se a aplicativos de smartphones, enviando alertas automáticos para hipo ou hiperglicemia2 e permitindo decisões clínicas mais rápidas.

Além disso, os sistemas de "pâncreas9 artificial" (bombas de insulina3 de circuito fechado) representam um marco no tratamento do diabetes tipo 14. Esses sistemas combinam o monitoramento contínuo com algoritmos avançados capazes de ajustar automaticamente a administração de insulina3, reduzindo a variabilidade glicêmica e a carga de gerenciamento manual.

Leia sobre "Diabetes gestacional10", "Papel da insulina3 no corpo", "Comportamento da glicose7 no sangue11" e "Bomba de insulina12".

Novos medicamentos e terapias farmacológicas

No campo farmacológico, os últimos anos trouxeram avanços notáveis, especialmente no manejo do diabetes tipo 25. Agonistas do receptor GLP-1 revolucionaram o tratamento ao oferecer duplo benefício: controle glicêmico e perda de peso clinicamente relevante.

Entre eles, a semaglutida, comercializada como Ozempic, ganhou destaque por promover reduções consistentes da HbA1c13 e perda ponderal14 significativa, com evidências robustas de benefícios cardiovasculares em pacientes de alto risco. Os ensaios clínicos15 SUSTAIN demonstraram reduções médias de HbA1c13 próximas a 1,5% e perda de peso maior em relação aos outros tratamentos analisados, tornando-se referência entre os agonistas GLP-1 de aplicação semanal.

A tirzepatida, comercializada como Mounjaro, é outro marco nessa evolução. Diferente dos agonistas GLP-1 tradicionais, ela é um agonista16 duplo dos receptores GLP-1 e GIP (glucose-dependent insulinotropic polypeptide), resultando em maior potência na redução da HbA1c13 e perda de peso superior. Ensaios clínicos15 randomizados, como o SURPASS-2 e estudos subsequentes até 2024, mostraram reduções médias de HbA1c13 acima de 2,0% e perda ponderal14 de até 20% em pacientes com diabetes tipo 25. Essa perda de peso, além de reduzir a resistência insulínica, melhora marcadores inflamatórios, perfil lipídico17 e pressão arterial18, trazendo benefícios metabólicos amplos.

Outra classe relevante é a dos inibidores de SGLT2 (como dapagliflozina e empagliflozina), que reduzem a glicemia19 via glicosúria20 e oferecem proteção cardiovascular e renal21, diminuindo o risco de hospitalização por insuficiência cardíaca22 e a progressão da doença renal21 crônica.

Para o diabetes tipo 14, insulinas ultrarrápidas como a lispro-aabc (Lyumjev) permitem melhor controle dos picos glicêmicos pós-prandiais, aproximando-se mais da resposta fisiológica23. Além disso, terapias imunomoduladoras, como o teplizumabe (aprovado pela FDA em 2022), têm mostrado potencial para atrasar a progressão da doença em pacientes recém-diagnosticados, preservando células-beta24 funcionais.

Terapias regenerativas e edição genética

A pesquisa em terapias celulares e edição genética abre novas perspectivas, sobretudo para o diabetes tipo 14. Uma abordagem promissora é o uso de células-tronco25 para gerar células-beta24 produtoras de insulina3. Em 2024, ensaios clínicos15 mostraram que transplantes de células-beta24 derivadas de células-tronco25, encapsuladas em dispositivos biocompatíveis, podem restabelecer a secreção endógena de insulina3, reduzindo ou eliminando a necessidade de aplicações diárias.

A tecnologia CRISPR-Cas9 também vem sendo estudada para corrigir mutações genéticas associadas ao diabetes6 ou modular a resposta imune para evitar a destruição das células-beta24. Embora ainda em fase experimental, esses avanços sugerem que uma terapia potencialmente curativa pode ser viável em médio prazo.

Veja também sobre "Glicemia de jejum26", "Hemoglobina glicosilada27", "Glicemia19 média estimada" e "Glicemia pós-prandial28".

Inteligência artificial e personalização do tratamento

A inteligência artificial está desempenhando um papel cada vez mais importante no manejo do diabetes6. Algoritmos integrados a sensores e bombas de insulina3 preveem variações glicêmicas com base em padrões individuais, permitindo ajustes terapêuticos mais precisos.

Plataformas de IA estão sendo usadas para analisar dados clínicos massivos e fornecer recomendações personalizadas, otimizando o tratamento e reduzindo complicações crônicas, como retinopatia e neuropatia29. Aplicativos baseados em IA também orientam sobre dieta, exercícios e adesão ao tratamento, comprovadamente melhorando o autocuidado.

Estilo de vida e prevenção

Apesar dos avanços tecnológicos e farmacológicos, mudanças no estilo de vida continuam sendo pilar do tratamento do diabetes tipo 25. Programas de intervenção, muitas vezes apoiados por plataformas digitais, têm incentivado dietas de baixo índice glicêmico, atividade física regular e redução de peso. Estudos publicados em 2025 indicam que até 40% dos pacientes em estágios iniciais do diabetes tipo 25 podem atingir remissão clínica com intervenções intensivas associadas à perda de peso significativa.

Dispositivos wearables como smartwatches auxiliam no acompanhamento de métricas de sono, gasto calórico e frequência cardíaca, fornecendo dados que impactam diretamente o controle glicêmico e permitindo ajustes personalizados no plano de cuidados.

Desafios para o futuro

Apesar dos avanços, persistem desafios, como o alto custo de novas terapias e a desigualdade de acesso, especialmente em países em desenvolvimento. Dispositivos de monitoramento contínuo e bombas de insulina3 ainda não estão amplamente disponíveis para todos os pacientes que poderiam se beneficiar.

O futuro aponta para a integração de terapias regenerativas, IA e dispositivos inteligentes em abordagens personalizadas, com a possibilidade real de cura funcional do diabetes tipo 14 e reversão do diabetes tipo 25 em grande parte dos casos, por meio da combinação de medicamentos inovadores, mudanças no estilo de vida e prevenção precoce.

Saiba mais sobre "Opções de tratamentos para o diabetes6", "Complicações do diabetes30", "Cetoacidose diabética31" e "Coma32 hiperosmolar33 hiperglicêmico".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Sociedade Brasileira de Diabetes e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

ABCMED, 2025. Avanços recentes no tratamento do diabetes. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/diabetes-mellitus/1492915/avancos-recentes-no-tratamento-do-diabetes.htm>. Acesso em: 12 ago. 2025.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Diabetes mellitus: Distúrbio metabólico originado da incapacidade das células de incorporar glicose. De forma secundária, podem estar afetados o metabolismo de gorduras e proteínas.Este distúrbio é produzido por um déficit absoluto ou relativo de insulina. Suas principais características são aumento da glicose sangüínea (glicemia), poliúria, polidipsia (aumento da ingestão de líquidos) e polifagia (aumento da fome).
2 Hiperglicemia: Excesso de glicose no sangue. Hiperglicemia de jejum é o nível de glicose acima dos níveis considerados normais após jejum de 8 horas. Hiperglicemia pós-prandial acima de níveis considerados normais após 1 ou 2 horas após alimentação.
3 Insulina: Hormônio que ajuda o organismo a usar glicose como energia. As células-beta do pâncreas produzem insulina. Quando o organismo não pode produzir insulna em quantidade suficiente, ela é usada por injeções ou bomba de insulina.
4 Diabetes tipo 1: Condição caracterizada por altos níveis de glicose causada por deficiência na produção de insulina. Ocorre quando o próprio sistema imune do organismo produz anticorpos contra as células-beta produtoras de insulina, destruindo-as. O diabetes tipo 1 se desenvolve principalmente em crianças e jovens, mas pode ocorrer em adultos. Há tendência em apresentar cetoacidose diabética.
5 Diabetes tipo 2: Condição caracterizada por altos níveis de glicose causada tanto por graus variáveis de resistência à insulina quanto por deficiência relativa na secreção de insulina. O tipo 2 se desenvolve predominantemente em pessoas na fase adulta, mas pode aparecer em jovens.
6 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
7 Glicose: Uma das formas mais simples de açúcar.
8 Para pacientes: Você pode utilizar este texto livremente com seus pacientes, inclusive alterando-o, de acordo com a sua prática e experiência. Conheça todos os materiais Para Pacientes disponíveis para auxiliar, educar e esclarecer seus pacientes, colaborando para a melhoria da relação médico-paciente, reunidos no canal Para Pacientes . As informações contidas neste texto são baseadas em uma compilação feita pela equipe médica da Centralx. Você deve checar e confirmar as informações e divulgá-las para seus pacientes de acordo com seus conhecimentos médicos.
9 Pâncreas: Órgão nodular (no ABDOME) que abriga GLÂNDULAS ENDÓCRINAS e GLÂNDULAS EXÓCRINAS. A pequena porção endócrina é composta pelas ILHOTAS DE LANGERHANS, que secretam vários hormônios na corrente sangüínea. A grande porção exócrina (PÂNCREAS EXÓCRINO) é uma glândula acinar composta, que secreta várias enzimas digestivas no sistema de ductos pancreáticos (que desemboca no DUODENO).
10 Diabetes gestacional: Tipo de diabetes melito que se desenvolve durante a gravidez e habitualmente desaparece após o parto, mas aumenta o risco da mãe desenvolver diabetes no futuro. O diabetes gestacional é controlado com planejamento das refeições, atividade física e, em alguns casos, com o uso de insulina.
11 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
12 Bomba de insulina: Pequena bomba implantada no corpo para liberar insulina de maneira contínua ao longo do dia. A liberação de insulina é comandada pelo usuário da bomba, através de um controle remoto. Podem ser liberados bolus de insulina (várias unidades ao mesmo tempo) nas refeições ou quando os níveis de glicose estão altos, baseados na programação feita pelo usuário.
13 HbA1C: Hemoglobina glicada, hemoglobina glicosilada, glico-hemoglobina ou HbA1C e, mais recentemente, apenas como A1C é uma ferramenta de diagnóstico na avaliação do controle glicêmico em pacientes diabéticos. Atualmente, a manutenção do nível de A1C abaixo de 7% é considerada um dos principais objetivos do controle glicêmico de pacientes diabéticos. Algumas sociedades médicas adotam metas terapêuticas mais rígidas de 6,5% para os valores de A1C.
14 Ponderal: Relativo a peso, equilíbrio. Exemplos: Perda ponderal = perda de peso, emagrecimento. Ganho ponderal = ganho de peso.
15 Ensaios clínicos: Há três fases diferentes em um ensaio clínico. A Fase 1 é o primeiro teste de um tratamento em seres humanos para determinar se ele é seguro. A Fase 2 concentra-se em saber se um tratamento é eficaz. E a Fase 3 é o teste final antes da aprovação para determinar se o tratamento tem vantagens sobre os tratamentos padrões disponíveis.
16 Agonista: 1. Em farmacologia, agonista refere-se às ações ou aos estímulos provocados por uma resposta, referente ao aumento (ativação) ou diminuição (inibição) da atividade celular. Sendo uma droga receptiva. 2. Lutador. Na Grécia antiga, pessoa que se dedicava à ginástica para fortalecer o físico ou como preparação para o serviço militar.
17 Perfil lipídico: Exame laboratorial que mede colesterol total, triglicérides, HDL. O LDL é calculado por estes resultados. O perfil lipídico é uma das medidas de risco para as doenças cardiovasculares.
18 Pressão arterial: A relação que define a pressão arterial é o produto do fluxo sanguíneo pela resistência. Considerando-se a circulação como um todo, o fluxo total é denominado débito cardíaco, enquanto a resistência é denominada de resistência vascular periférica total.
19 Glicemia: Valor de concentração da glicose do sangue. Seus valores normais oscilam entre 70 e 110 miligramas por decilitro de sangue (mg/dl).
20 Glicosúria: Presença de glicose na urina.
21 Renal: Relacionado aos rins. Uma doença renal é uma doença dos rins. Insuficiência renal significa que os rins pararam de funcionar.
22 Insuficiência Cardíaca: É uma condição na qual a quantidade de sangue bombeada pelo coração a cada minuto (débito cardíaco) é insuficiente para suprir as demandas normais de oxigênio e de nutrientes do organismo. Refere-se à diminuição da capacidade do coração suportar a carga de trabalho.
23 Fisiológica: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
24 Células-beta: Tipo de célula do pâncreas. As células beta produzem insulina e são encontradas nas ilhotas de Langerhans do pâncreas.
25 Células-tronco: São células primárias encontradas em todos os organismos multicelulares que retêm a habilidade de se renovar por meio da divisão celular mitótica e podem se diferenciar em uma vasta gama de tipos de células especializadas.
26 Glicemia de jejum: Teste que checa os níveis de glicose após um período de jejum de 8 a 12 horas (frequentemente dura uma noite). Este teste é usado para diagnosticar o pré-diabetes e o diabetes. Também pode ser usado para monitorar pessoas com diabetes.
27 Hemoglobina glicosilada: Hemoglobina glicada, hemoglobina glicosilada, glico-hemoglobina ou HbA1C e, mais recentemente, apenas como A1C é uma ferramenta de diagnóstico na avaliação do controle glicêmico em pacientes diabéticos. Atualmente, a manutenção do nível de A1C abaixo de 7% é considerada um dos principais objetivos do controle glicêmico de pacientes diabéticos. Algumas sociedades médicas adotam metas terapêuticas mais rígidas de 6,5% para os valores de A1C.
28 Glicemia pós-prandial: Teste de glicose feito entre 1 a 2 horas após refeição.
29 Neuropatia: Doença do sistema nervoso. As três principais formas de neuropatia em pessoas diabéticas são a neuropatia periférica, neuropatia autonômica e mononeuropatia. A forma mais comum é a neuropatia periférica, que afeta principalmente pernas e pés.
30 Complicações do diabetes: São os efeitos prejudiciais do diabetes no organismo, tais como: danos aos olhos, coração, vasos sangüíneos, sistema nervoso, dentes e gengivas, pés, pele e rins. Os estudos mostram que aqueles que mantêm os níveis de glicose do sangue, a pressão arterial e o colesterol próximos aos níveis normais podem ajudar a impedir ou postergar estes problemas.
31 Cetoacidose diabética: Complicação aguda comum do diabetes melito, é caracterizada pela tríade de hiperglicemia, cetose e acidose. Laboratorialmente se caracteriza por pH arterial 250 mg/dl, com moderado grau de cetonemia e cetonúria. Esta condição pode ser precipitada principalmente por infecções, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular encefálico, trauma e tratamento inadequado do diabetes. Os sinais clínicos da cetoacidose são náuseas, vômitos, dor epigástrica (no estômago), hálito cetônico e respiração rápida. O não-tratamento desta condição pode levar ao coma e à morte.
32 Coma: 1. Alteração do estado normal de consciência caracterizado pela falta de abertura ocular e diminuição ou ausência de resposta a estímulos externos. Pode ser reversível ou evoluir para a morte. 2. Presente do subjuntivo ou imperativo do verbo “comer.“
33 Hiperosmolar: A osmolaridade do plasma do sangue reflete a concentração de certas substâncias como a glicose, as proteínas, etc. Por exemplo, quando os valores da hiperglicemia são muito elevados, há um aumento da concentração de glicose no sangue, ou seja, há uma hiperosmolaridade.

Resultados de busca relacionada no catalogo.med.br:

Renato Galvao Redorat

Endocrinologia e Metabologia

Rio de Janeiro/RJ

Você pode marcar online Ver horários disponíveis

Ricardo Amim da Costa

Endocrinologia e Metabologia

Formiga/MG

Carina Chaves

Endocrinologia e Metabologia

Lauro de Freitas/BA

Gostou do artigo? Compartilhe!

Pergunte diretamente a um especialista

Sua pergunta será enviada aos especialistas do CatalogoMed, veja as dúvidas já respondidas.