A fitoterapia e os seus fundamentos
O que é fitoterapia?
Fitoterapia (do grego: phyton = vegetal + therapeia = tratamento) é uma prática terapêutica1 que utiliza princípios medicinais originários de plantas, vegetais ou seus derivados, ditos fitoterápicos, para tratar ou prevenir doenças e promover a saúde2. No sentido amplo do termo, plantas medicinais são aquelas que contêm substâncias capazes de prevenir, aliviar ou curar enfermidades e têm tradição de uso como remédio em uma determinada população ou comunidade.
Para usá-las, é preciso conhecê-las, saber onde colhê-las e como prepará-las. Muitas vezes, as substâncias terapêuticas são obtidas a partir de partes específicas das plantas, como folhas, flores, raízes, cascas ou sementes, e são utilizadas sob a forma de chás e infusões.
Essas substâncias podem agir no organismo de diferentes maneiras, como anti-inflamatórias, analgésicas, antissépticas, sedativas, entre outras. Algumas já receberam comprovação e aceitação científicas e outras, embora não tenham tido ainda essa validação, contam com uma observação popular milenar.
Um pouco de história da fitoterapia
As primeiras constatações das plantas como agentes terapêuticos vêm de civilizações muito antigas, como a egípcia, a mesopotâmica, a chinesa e a indiana. Os egípcios já usavam plantas como aloe vera e alho para fins medicinais. A fitoterapia é uma parte essencial da medicina tradicional chinesa há pelo menos 3.000 anos. Na Grécia Antiga, Hipócrates, o pai de Medicina, utilizava ervas e plantas em seus tratamentos. O estudo das propriedades medicinais das plantas também foi enfatizado por Galeno durante o período romano.
Durante a Idade Média, a fitoterapia continuou sendo praticada na Europa, influenciada tanto pelas tradições greco-romanas quanto pelos conhecimentos advindos dos árabes. Nos mosteiros, importantes centros de conhecimento medicinal, monges e freiras estudavam e preservavam a sabedoria sobre a fitoterapia. Durante o Renascimento, com a redescoberta dos textos médicos clássicos, a fitoterapia ganhou novo impulso. No século XIX, ocorreram muitos avanços na identificação e extração de compostos medicamente ativos das plantas, o que levou a medicamentos modernos a partir de ingredientes naturais.
Contudo, foi só no início do século XX que os avanços da química farmacêutica levou a uma maior ênfase nos medicamentos sintéticos, muitos dos quais, no entanto, foram inspirados por produtos originários das plantas. Mesmo assim, a fitoterapia continuou sendo praticada em muitas partes do mundo, especialmente em países com tradições medicinais ancestrais, como a China, Índia e muitos países africanos e sul-americanos.
Nas últimas décadas, tem havido um ressurgimento significativo do interesse na fitoterapia em todo o mundo. Isso se deve em parte ao crescente interesse na medicina alternativa e complementar, bem como à busca por tratamentos mais naturais e menos invasivos. Hoje em dia, a fitoterapia é amplamente utilizada como complemento à medicina convencional em muitos países, e a pesquisa científica continua a investigar os benefícios e a segurança das plantas medicinais para uma ampla gama de condições de saúde2.
O que são medicamentos fitoterápicos?
Quando a planta medicinal é industrializada para se obter um medicamento, tem-se como resultado um fitoterápico. Fitoterápicos são, pois, produtos de origem vegetal que são utilizados para fins medicinais, preventivos ou terapêuticos. O processo de industrialização de substâncias extraídas das plantas tem a vantagem de evitar contaminações por microrganismos e substâncias estranhas, além de padronizar a quantidade e a forma certa em que a substância deve ser usada.
No Brasil, os fitoterápicos industrializados são regularizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) antes de serem comercializados. Atualmente, tem havido um aumento do uso de fitoterápicos em muitos países e, embora sejam considerados produtos naturais, também podem ter interações com medicamentos convencionais e efeitos colaterais3. Portanto, é fundamental buscar orientação médica ou de um profissional de saúde2 qualificado antes de a pessoa iniciar o uso de qualquer fitoterápico, especialmente se ela portar alguma condição médica específica. Além disso, é essencial adquirir esses produtos de fontes confiáveis para garantir a qualidade e segurança do produto.
Veja sobre "Estresse e como aliviá-lo", "Suplementos que previnem doenças psiquiátricas" e "Envelhecimento saudável".
As funções de alguns fitoterápicos e alguns alimentos ricos em fitoterápicos
Alguns dos fitoterápicos populares mais conhecidos são:
- Chá verde (Camellia sinensis): utilizado no combate ao estresse e ao cansaço.
- Camomila (Matricaria chamomilla): recomendado para o tratamento da insônia, atuando também como calmante, anti-inflamatório e analgésico4.
- Capim cidreira (Cymbopogon citratus): auxilia no tratamento da ansiedade, insônia e tensões musculares.
- Alho (Allium sativum): serve para tratar gripe5, resfriado e outras doenças pulmonares.
- Frutas cítricas (Citrus sp.): ajudam na manutenção do sistema imunológico6.
Muitos alimentos de origem vegetal contam com importantes fitoterápicos na sua formação. Entre eles:
- Frutas vermelhas (mirtilo, amora, framboesa, cereja e morango) são consideradas uma das melhores fontes de compostos bioativos. Trata-se de pigmentos que, além de colorir as frutas em tons de vermelho a azul, estão relacionados à melhora da visão7 noturna, tem efeitos positivos na redução e inibição de células8 tumorais ligadas ao câncer9, exercem proteção cardiovascular, melhoram a pressão arterial10, auxiliam na prevenção de diabetes11 tipo 2 e obesidade12 e otimizam as funções cognitiva13 e motora.
- O cacau apresenta, além de características antioxidantes, outras atuações importantes para a proteção do corpo, como diminuir o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares14 e proporcionar uma sensação de prazer e bem-estar através do estímulo da produção de serotonina e dopamina15, conhecidos como hormônios da felicidade.
- Os fitoquímicos do café, que incluem os ácidos clorogênicos e a cafeína, são provavelmente as substâncias antioxidantes mais consumidas. Além de conferir sabor à bebida, os ácidos clorogênicos exercem efeito protetor contra o estresse oxidativo e aumento importante de antioxidantes, contribuindo na redução do risco associado às doenças cardiovasculares14 e diabetes tipo 216.
- O chá-verde, além do benefício já descrito, aumenta a ação metabólica, estimula a queima de gordura17 e produz aumento da vasodilatação, o que favorece o transporte de oxigênio aos tecidos musculares e, consequentemente, a melhora do desempenho durante a prática de atividades físicas.
- O tomate é rico em licopeno, o qual tem importantes propriedades como protetor contra doenças cardíacas e câncer9 (especialmente o de próstata18), além de ser um alimento antioxidante.
Quais são os possíveis efeitos colaterais3 dos fitoterápicos?
Assim como qualquer tipo de medicamento ou substância, os fitoterápicos também podem ter efeitos colaterais3. Alguns efeitos colaterais3 dos fitoterápicos podem incluir:
- reações alérgicas;
- interações desfavoráveis com medicamentos prescritos;
- problemas digestivos;
- efeitos adversos sobre o fígado19;
- problemas renais;
- interferência na coagulação20 sanguínea;
- desequilíbrios hormonais;
- influência sobre a função cardíaca;
- problemas respiratórios;
- problemas de pele21 com fitoterápicos aplicados topicamente, como erupções cutâneas22;
- alterações na pressão arterial10;
- e efeitos neurológicos, como tontura23, sonolência ou insônia.
Leia também sobre "Suplementos que previnem doenças neurológicas", "Suplementos que previnem doenças do trato gastrointestinal" e "Alimentos e medidas que aliviam a TPM".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do Ministério da Saúde e do Centro Especializado em Plantas Aromáticas, Medicinais e Tóxicas – UFMG.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.